Dragonballfighterz

Análise – Dragon Ball FighterZ

Não é a estreia da lendária série de anime no mundo dos videojogos. Contudo, este Dragon Ball FighterZ foi recebido com imenso entusiasmo pelos fãs, sendo até aclamado por alguns como “o melhor de sempre” neste universo. Vejamos o porquê de tanto hype.

Esta recepção calorosa pode ser mais uma reacção de desabafo em relação ao passado recente do que outra coisa. Isto porque, reza a “lenda”, nenhum dos jogos anteriores de Dragon Ball conseguiu realmente cativar os fãs, tanto destaa série como do género de luta. Confesso que esses títulos me passaram um pouco ao lado, exactamente porque achei que eram mais um “serviço aos fãs” que um bom título de pancadaria. Por outro lado, também não costumo ser eu o analista dos títulos de combate. Mas, este foi diferente. Perante todo este alarido e porque sou mesmo fã de Goku e companhia, não pode deixar de vestir o kimono laranja e entrar no ringue.

Ajudou bastante à construção deste hype uma série de testes Alpha e Beta por onde também passámos. Ficou logo claro que este não era só mais um título para a prateleira dos fãs incondicionais. Havia substância para um jogo melhor que os antecessores, acima de tudo, com a concorrência neste género a ditar níveis tão exigentes de conteúdo e de performance. Como “button-masher”, exige-se que seja simples para os iniciados de modo a aprenderem a base e poderem evoluir. Depois, tem de ser desafiante para os veteranos, sobretudo no modelo online que oferece. A fórmula está ditada, venha o ensaio.

O meu primeiro contacto com FighterZ foi de receio. O meu último grande jogo de combate foi Injustice 2. Assim, estava meio intimidado com os possíveis combos e diferentes manobras das personagens. Para meu alívio, porém, FighterZ não podia ser mais simples de jogar. Todos os movimentos especiais, combos e super combos são simples de activar, limitados a poucos botões. Até mesmo os golpes únicos são incrivelmente fáceis de activar. Melhor, na sua filosofia de tag-team (estilo Marvel Vs Capcom), jogamos sempre com três  personagens (3 vs 3), que escolhemos e podemos alternar. Quando as coisas não estão a correr bem, nada como pedir a substituição do lutador.

Este facilitismo nos controlos, porém, é apenas aparente porque também joga contra nós. É igualmente fácil para o nosso adversário fazer chover golpes especiais, como o lendário “kamehameha” em que bastam três teclas para lançar toda a sua força destruidora. É muito frequente os combates tornarem-se frenéticos e cheios de efeitos, a tal ponto que as personagens saem do ecrã ou deixamos de as ver atrás de tantos efeitos. Mas, este é um caos controlado. Como aliás são os combates nos episódios da série de televisão. Ganha o jogador que tiver a melhor estratégia e guarda os golpes mais eficazes para quando o adversário menos espera.

Ao contrário do que tem vindo a ser habitual nos jogos desta série, cada personagem tem um “feeling” diferente. Apesar de Goku, Krillin ou Gohan, por exemplo, possuírem praticamente o mesmo estilo de combate e apesar de usarmos as mesmíssimas combinações de teclas, cada golpe consegue ser diferente, seja na potência, efectividade, distância ou velocidade do mesmo. Isto permite alguma variedade ajustada ao nosso estilo de jogo, sem perder a tal facilidade nos controlos. Inevitavelmente, vamos escolher uma das dezenas de personagens e com ela ficar durante algum tempo. Talvez os oito lutadores adicionais a chegar sob a forma de DLC confiram mais variedade que justifique mudar de personagem. Por agora, Goku, Vegeta e Piccolo são os meus escolhidos.

E não se assustem, porque não precisam entrar logo em combates online para mostrarem o que valem. Assim que chegarem ao jogo, são apresentados a um pequeno lobby com interacção social com outros jogadores, onde escolhem e controlam uma personagem miniatura e vão deambular pelos vários espaços. Percebem logo que há várias formas de jogar Dragon Ball FighterZ. Aconselho vivamente a iniciarem-se pelo modo de história e passar pelo modo de arcada, sem esquecer a importante secção de treino. Estes são excelentes veículos de aprendizagem. Em particular o modo de história que serve também como tutorial, apresentando inúmeros combates com níveis de dificuldades crescentes, além de inúmeras licões engenhosamente embebidas em casa fase.

Passar pela história deste jogo é como acompanhar um episódio de Dragon Ball. Já vou falar do grafismo mais à frente, mas permitam que vos diga que esta é uma representação fiel de um qualquer episódio dessa lendária série de TV. Infelizmente, as míticas vozes da nossa adaptação Portuguesa não estão presentes, mas podemos optar por diversas línguas, incluindo o Japonês original. Irão reparar que nem todos os nomes correspondem à nossa versão, mas vão gostar de ouvir as vozes originais dos actores que dão vida às personagens na TV. Esta fidelidade também é transposta para as cenas intermédias com animações e sequências, tão familiares, que nos darão um sorriso constante.

A história do modo de carreira gira em torno de três arcos. Num, chamado de Super Warrior, vamos com Goku outra vez salvar o mundo. No arco Enemy Warrior, passamos pelas experiências do irritante Frieza e, por fim, em Android 21 personificamos a andróide vilã do jogo. As histórias são em tudo semelhantes mas com diferentes perspectivas. O elo comum é que há um espírito estranho que se apodera das personagens… que somos nós. Não vou revelar muito do enredo em si, porque acho que nenhum fã gostará que seja contada a história de um episódio de Dragon Ball. Avanço só que o Android 16 está de volta com um misterioso exército de clones que é preciso derrotar.

Notem que o modo de carreira pode ser incrivelmente curto se não o jogarem como pretendido. Em cada fase, terão um número limitado de “movimentos” que vos levará a percorrer estágios. Nestes estágios, há ou não combates para efectuar. Uma boa estratégia é passar por todos esses estágios antes do “boss” final. Mas também podem ir logo directos ao assunto. Contudo, nesse caso, vão saltar muitos combates e cenas intermédias, assim como algumas oportunidades de aumentar o nível das personagens e ganhar Zuni (divisa de jogo). Além disso, a diversão vai acabar muito mais depressa, logicamente.

Depois deste treino importante, com todos os golpes aprendidos, podem aventurar-se pelos modos online. Só que essa pode não ser uma tarefa fácil. Nota-se que a produção quer levar muito a sério o futuro deste jogo, pensando claramente nos eSports, com uma tabela mundial para os melhores jogadores. A arena de combate imediato ocupa um lugar central no lobby e as salas para combates ranked são muito populares. Só que este jogo parece ter alguns problemas pontuais no matchmaking. Já não bastava a ligação online permanente obrigatória, que nem sempre se consegue ligar aos servidores, arranjar um adversário pode demorar largos minutos.

Depois encontrei imenso lag online. Obviamente que temos de escolher a região que melhor se adequa ao nosso ping. Mas, parecem haver jogadores que saltam esta escolha e entram em qualquer lobby de regiões alheias. Pode ser impressão minha, mas as diferentes ocasiões em que levei “socos fantasma” em que o adversário nem estava muito próximo ou com abusos de combos em nem conseguia bloquea,r fizeram-me bradar aos céus umas quantas vezes. Estou certo que podemos estar perante uma sobrecarga anormal de servidores, por ter testado o jogo num fim de semana de estreia. Também estou certo com a Namco terá todo o interesse em melhorar a experiência de todos. Venham essas actualizações.

Falta só falar do aspecto geral deste jogo. Obviamente, tratando-se de um título 2.5D, ou seja, jogado em duas dimensões com alguns efeitos de profundidade, não podemos esperar um grande colosso visual. Contudo, fiel à série Anime de televisão, este jogo emana qualidade de várias formas. Não basta as já mencionadas animações e efeitos visuais das personagens e ambientes em 2D, é preciso realçar que há transições em 3D muito subtis mas que funcionam muito bem. As cenas intermédias do modo de carreira possuem todos os ingredientes visuais que nos são tão familiares. Os golpes infligidos ou sofridos em combate têm o “peso” e a dinâmica que esperamos.

No fundo, como já disse, é como se estivéssemos sentados no sofá num dos muitos serões a ver Dragon Ball na televisão. Só que, aqui, temos de pegar no comando e esmurrar aquele Frieza que não se cala. Todo o humor corrosivo está lá, assim como as piadas incrivelmente infantis ou surpreendentemente adultas com que a série sempre nos premiou. Notei algumas gralhas nas legendas, ao nível de traduções para inglês, assim como algumas frases com uma construção algo falível. Nada de francamente negativo, realmente. Se bem que ainda hoje luto um pouco para aceitar aquela voz estranha do Son Goku Japonês.

Veredicto

Jogadores inveterados de títulos de combate, fãs incondicionais da série Dragon Ball, casuais que apenas querem dar pancada na pele destas personagens com que cresceram, todos estes terão em Dragon Ball FighterZ um título incontornável. É a conjugação ideal entre uma série de culto e um título robusto de combate, a tal conjugação que os fãs há muito pediam. Não inventa muito, dá-nos a diversão necessária, ao mesmo tempo que desafia novos e veteranos em diferentes fases. Infelizmente, tem algumas falhas quando toca a juntar jogadores online. No entanto, há margem para melhorar e a sua oferta é francamente interessante. Este é, sem dúvida, o jogo que os fãs queriam.

  • ProdutoraArc System Works
  • EditoraBandai Namco
  • Lançamento26 de Janeiro 2018
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroLuta
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Diversos problemas de conexão
  • Alguns problemas nas traduções

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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