Injustice2 (2)

Análise – Injustice 2 (Actualização: Fighter Pack 3)

Pegando na sua revitalizada fórmula para Mortal Kombat, a produtora NetherRealm volta à carga com mais um jogo de combate envolvendo as personagens icónicas da DC Comics. Com este Injustice 2, porém, a equipa fez mais do que apenas repetir ideias.

[Actualização “Fighter Pack 3”]

Este é a última porção de conteúdo adicional para Injustice 2. Ao longo desta temporada, tivemos três pacotes de lutadores que acrescentaram shaders, variantes de personagens e diversos lutadores adicionais, cada um com as suas habilidades e estilos, além dos seus golpes especiais únicos. Tivemos os lutadores adicionais da DC Comics Red Hood, Starfire, Black Manta, Atom e Enchantress mas também convidados especiais como Sub-Zero e Raiden de Mortal Kombat, Hellboy da Dark Horse Comics e, mais recentemente, as famosas Tartarugas Ninja.

Há quem não veja nenhuma vantagem em receber novos lutadores. O jogo base já possuía um leque vasto de personagens com estilos diferentes. Há quem veja estas adições como meros acrescentos cosméticos. Contudo, porque os podemos usar ou enfrentar offline ou online em combates únicos, torneios ou no seu modo Multiverse, acabam por trazer uma maior variedade de golpes e animações. Também o esquema de loot para armaduras e equipamento dá mais um motivo para começar do zero e evoluir mais umas novas personagens. Tudo serve para dar mais longevidade a um jogo com uma excelente base. Resta só saber se estas adições ampliam ou trazem alguma diferença na jogabilidade em si.

Infelizmente, estas novas personagens não são inseridas no modo de carreira a solo, não dando, assim, uma clara razão para terem surgido neste universo alternativo. Por vezes, podemos ouvir alguns diálogos preliminares nos combates que nos dão uma ideia vaga, como no caso em que coloquei Raiden contra Sub-Zero ou uma das quatro Tartarugas e estes comentam algo nesse sentido. Seria excelente uma integração mais profunda destas personagens, talvez com um pequeno modo de história próprio para lhes dar algum contexto. Provavelmente, teríamos de pagar um pouco mais, por isso…

E é essa mesma a questão que me condiciona mais nestes pacotes de lutadores. Cada lutador custa 5.99€ mas podem simplesmente comprar os três pacotes de lutadores por 19,99€ ou ainda o passe de época por 39,99€. Se adicionarmos a isto as microtransacções para obter divisa de jogo e comprar caixas de loot mais valiosas e ter equipamento igualmente mais valioso, o end game de Injustice 2 pode ter um investimento financeiro elevado. Dirão que não precisam de gastar dinheiro real, uma vez que ganham divisa e loot por jogar e ganhar combates. No entanto, para chegar a um bom nível e obter loot valioso, terão de jogar bastante e as personagens só podem ser compradas à parte.

Depois, está em causa a selecção de lutadores adicionais escolhida. Destes três pacotes, acabei por me dedicar mais a jogar com Raiden, Sub-Zero do que a qualquer outro. É uma questão de gostos obviamente. Mas, nenhuma daquelas outras personagens me puxou para as usar e também me pareceram francamente genéricas de combater. Hellboy parece realmente poderoso mas achei os seus movimentos algo lentos, Atom tem inúmeras vantagens graças à sua capacidade de encolher ao tamanho de um átomo, mas nenhum golpe seu é realmente memorável, quanto a mim. Entretanto, recebemos as Tartarugas Ninja e parece que valeu a pena a espera.

Leonardo, Donatello, Michaelangelo e Raphael são uma adição francamente positiva. Muitos de nós crescemos a assistir à banda-desenhada e filmes deste quarteto de carapaça. Infelizmente, Michael Bay produziu uns quantos filmes que assustaram um pouco a hostes. Mas, a NetherRealm resolveu recuperar a imagem clássica das Tartarugas e, com isso, levou-nos a uma pequena viagem ao passado. Nesta mais recente adição, não só temos o seu aspecto original, como também lá estão as suas personalidades únicas. E até nem faltam referências aos dois filmes originais e tudo.

Apesar destes heróis sempre combaterem em conjunto, não pensem que vão ter combates injustos de 4 contra 1. Na verdade, optamos por uma das tartarugas apenas, mudando a sua arma na personalização de inventário. Ou seja, precisamos de quatro loadouts pré-gravados, cada um com uma arma diferente (katana, Bo, adagas Sai e matracas). Depois, a evolução e o loot ganhos são comuns às quatro tartarugas, mudando apenas a cor da fita e as armas quando as seleccionamos. Só tenho pena que tenham praticamente as mesmas animações nas introduções e conclusões dos combates.

O que mais gostei nesses combates é que cada Tartaruga tem velocidades e golpes diferentes. Raphael possui ataques rápidos, Leonardo os golpes mais potentes, Donatello é o mais ágil e Michaelangelo tem dos melhores combos dos quatro. Curiosamente, os ataques únicos (tecla do círculo) permitem chamar outras tartarugas para nos ajudar temporariamente, quase como uma “tag team”. E é óbvio que o ataque especial engloba as quatro tartarugas, inclusive com um golpe final com a vítima a levar com quatro carapaças ao mesmo tempo. Imperdível, este quarteto. Faz-nos desejar por um novo jogo dedicado a si… e pizza… faz-nos desejar pizza.

Injustice 2 afirmou-se ao longo destes meses como um dos melhores jogos de combate dos últimos tempos. A par de Mortal Kombat X, a NetherRealm encontrou uma fórmula de sucesso na fluidez e jogabilidade dos combates. O sistema de loot veio dar uma variável interessante para a longevidade e end game mas, após tantas horas, continuo a achar que ou se torna irrelevante ou oferece uma vantagem injusta, sobretudo se gastarem dinheiro real para o adquirir. Quanto a estes Fighter Packs, servem para nos dar mais motivos para jogar, mesmo que nem todas as personagens deixem a sua marca. No fundo, é uma questão de fidelidade ao jogo. E quem é fiel, recebe uns pequenos presentes… por um preço.

[Análise Original de 22 de Maio de 2017]

Se lerem a minha análise recente a uma outra aventura de heróis da DC Comics, recordarão que não sou particular fã de mudanças profundas do que é chamado cânone destas personagens. Nesta série, a produção correu esse risco com o primeiro jogo. Contudo, graças à riqueza de enredos das séries de banda-desenhada, filmes de cinema e de animação da DC, a NetherRealm teve uma autêntica “sopa” de possibilidades, graças ao conceito dos chamados “Multi-Universos”. Conceito esse, explorado ainda mais neste jogo. Por isso, desculpo que neste jogo o Super-Homem seja uma espécie de vilão ou que Harley Quinn masque pastilha pela Batcave. Desde que me deixem desancar meliantes na pele de Batman e me expliquem o que raio se está a passar…

Cinco anos depois do Super-Homem ter sido derrotado em Injustice: Gods Among Us, o mundo como o conhecemos deixou de existir. Basicamente, as batalhas pelos multi-universos no jogo anterior deixaram-nos numa realidade distópica alternativa. Num lado está Batman que desde Gotham tenta resolver os problemas agora criados, com ajuda de alguns heróis como Black Canary, Green Arrow ou Harley Quinn. No outro lado, está uma organização chamada Society liderada pelo infame Gorilla Grodd e que agrupa alguns outros heróis e meta-humanos como Cheetah, Deadshot ou Swamp Thing. Só que há ainda outra facção à mistura. Wonder Woman, Nightwing e Black Adam tentam proteger o agora cativo Super-Homem, a servir pena pelas suas transgressões anteriores.

A juntar a este tumulto, há uma nova ameaça a caminho da Terra. Um temível novo némesis ameaça tornar as tentativas de reposição da ordem ainda mais complicadas. Na sua demanda por coleccionar planetas, Brainiac coloca os olhos da Terra. Mas os seus planos são ainda mais amplos. Tendo anteriormente destruído Krypton, falta-lhe um espécime na sua colecção: o Super-Homem. Melhor, parece que Wonder Woman e Black Adam escondem outra kryptoniana, Kara Jor-El, mais conhecida por Super Girl. Num plano arrojado, Batman volta a reunir esforços, até mesmo com os seus inimigos forçados, recriando o que podia parecer uma nova Liga da Justiça. Resta saber se as alianças se mantém… ou quebram…

Para um jogo de combate, até tem uma história bem estruturada. Obviamente que todos estes pontos de enredo são propícios a reviravoltas e nem todas são bem explicadas. Serve sobretudo para nos dar uma envolvência para o modo de carreira a solo e justificar que coloquemos heróis e vilões do lore da DC ou em parcerias ou em combate directo. Há questões que não consigo ultrapassar muito bem, como a súbita mudança de lado de Damien Wayne (filho de Bruce Wayne) para o lado do Super-Homem. Ou então, o facto da Harley Quinn ser agora um membro do “lado bom” da história. Mas, damos sempre o benefício da dúvida por este ser um futuro alternativo de todas as “story-arcs” do cânone.

O que fica bem claro é que Brainiac era o vilão que faltava. Apesar da eterna batalha Batman Vs Superman ainda fazer sentido (muito mais que no filme estreado no ano passado, diga-se), faltava um inimigo poderoso que justificasse uma sequela. Um inimigo comum que unisse os três lados criados inadvertidamente. Contudo, esta dinâmica apenas serve como fio-condutor. Iremos muitas vezes lutar até mesmo entre entidades amigas, como uma demonstração de força a meio da história. Esta lógica já tinha sido estreada pelo modo de carreira dos anteriores jogos Mortal Kombat e não me incomoda nada. As excelentes cenas intermédias, cheias de pedaços de histórias paralelas (serviço aos fãs) e imensos locais icónicos, até justificam (mais ou menos) estes confrontos.

Todos os fãs dos jogos de luta, sobretudo do já mencionado Mortal Kombat, estarão novamente em casa. Não, continuam a não ter Fatalities ou golpes demasiado sangrentos, mas toda a jogabilidade que aprenderam a gostar nesse outro jogo da NetherRealm está omnipresente, até mesmo os cenários interactivos e com zonas que podemos transitar. Há também combos directos e simples, golpes exclusivos, habilidades únicas e o famosos “super-moves” estão de volta, numa jogabilidade em tudo familiar. Tudo com uma variedade de lutadores que possuem diferentes pontos fortes e fracos para se equilibrarem na arena. Há espaço para veteranos que gostam de dominar cada golpe e cada super-movimento, mas também para os que esmagam botões até algo funcionar. Confesso que sou um dos que se inserem um pouco nesta última categoria, pelo que fico feliz que não me excluam deste tipo de jogo.

E há muitas formas de ganhar vontade de criar uma lesão nos polegares. Além do já mencionado modo de carreira. Contem com um conjunto de missões complementares aleatórias num novo modo chamado Multiverse. Se gostaram das míticas “Living Towers” dos anteriores Mortal Kombat, já sabem o que esperar. O esquema é o mesmo, desta feita permitindo viajar por mundos paralelos para desafiar oponentes com modificadores de combates e objectivos distintos. Além disto, há ainda desafios diários e semanais para abordar nos diferentes modos, tanto a solo como através de uma Guild que podem criar ou juntar-se em jogo. Obviamente, podem também desafiar amigos no modo multi-jogador local, mas onde irão ter mais desafio, será sempre online contra outros jogadores.

O principal destaque ao nível de novidades de Injustice 2 é o seu sistema de loot. Sim, leram bem, uma mecânica mais comum nos RPG chegou a um jogo de luta. Aqui chama-se “Gear System” e permite evoluir personagens com mais equipamento e golpes especiais, angariados de caixas especiais ganhas no modo carreira, em desafios especiais ou através de objectivos do Multi-Verse. Existe também uma lógica de raridade e de nível, é possível alterar o aspecto estético das peças para o de outras, mantendo os bónus ou até transformá-las para atingir o nosso nível actual, mantendo o seu aspecto, mas ganhando outras estatísticas. Contem também com novas cores para personagens, com esquemas igualmente desbloqueáveis em caixas de loot.

Embora a personagem possa realmente ganhar todo um novo aspecto com armaduras e cores que as distinguem, são as estatísticas e os bónus de poderes adicionais que contam. Podem também criar “loadouts” diferentes para garantir diferentes bónus para lutar contra algumas personagens diferentes. Há até skins clássicas para alguns lutadores específicos. A ideia é que nestes multi-universos não haja um Batman igual ao próximo. Contudo, os benefícios deste esquema de loot ficam comprometidos logo à partida. Algumas peças ganhas exigem um determinado nível mínimo para serem usadas, sobretudo as mais raras. E, embora tudo possa ser ganho com as caixas e dinheiro virtual recebidos em jogo, para os mais impacientes, como não podia deixar de ser, há micro-transacções com dinheiro real para comprar mais caixas de loot. “Pay to Win”? Um pouco, sim. Mesmo que, na maioria dos casos, o que se ganha é sempre aleatório e muitas vezes cosmético.

No plano técnico, sugiro vivamente que comecem pelo modo de carreira a solo para poderem ver todo o potencial deste jogo. Obviamente que são os combates que merecem melhor e maior cuidado da produção. Não só ao nível dos detalhes de cenários, personagens e animações gerais, como nas texturas e efeitos visuais com uma qualidade soberba. Cada personagem é modelada com imenso cuidado e com detalhes que são ainda mais interessantes a cada nova peça de equipamento que adicionamos. Observem as fantásticas cenas intermédias com um detalhe e animações impressionantes, sobretudo ao nível das expressões faciais e sincronismo de lábios. Não é perfeito, mas é das melhores execuções técnicas dos últimos tempos. E tudo fica melhorado com as fantásticas prestações dos actores que emprestam a sua voz.

Com tantos jogos no seu portfólio, é normal que a NetherRealm já tenha um ritmo impressionante a criar este tipo de jogo. Na versão analisada na PlayStation 4 Pro apenas tenho de assinalar umas quebras pontuais de fotogramas por segundo em cenas intermédias de maior movimento ou com cenário mais amplo. No entanto, isto nunca se verificou durante os combates em si, sempre sólidos e sem quebras de performance. Pode ser apenas uma questão de optimização, a resolver em breve com uma actualização pontual. Também tenho de apontar algumas questões pontuais de sincronismo e lag no modo online. Isto pode ter sido causado pelos outros jogadores ligados na sessão, mas tornaram a experiência exasperante. Felizmente que há mais para jogar que apenas online.

Veredicto

Sou um pouco suspeito como eterno fã de Batman se disser que adorei este jogo? Talvez, afinal o enredo acaba muito centrado nesta personagem e até nos dá a opção de ver um de vários fins na sua perspectiva. Contudo, Injustice 2 é mesmo um excelente jogo em vários níveis. Graficamente exemplar, tecnicamente competente, oferece muita jogabilidade e é muito mais que um mero “primo” de Mortal Kombat (o que não seria propriamente um insulto). Tem algumas questões mínimas no plano técnico, mas não são suficientes para o manchar. Agora, se me permitem, Gotham precisa novamente de mim.

  • ProdutoraNetherRealm Studios
  • EditoraWarner Brothers
  • Lançamento19 de Maio 2017
  • PlataformasPS4, PS4 Pro, Xbox One
  • GéneroLuta
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Quebras de fotogramas em cenas intermédias
  • Algum lag online
  • O design do Joker...

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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