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Análise – Thrustmaster Viper TQS Mission Pack

Quem se recorda do lendário Thrustmaster HOTAS Cougar? A Thrustmaster mantém o seu compromisso de reproduzir controlos realistas para o mítico F-16 com o novo Thrustmaster HOTAS Viper TQS.

Com este quadrante de potência, a Thrustmaster completa o conjunto de réplicas de controlo para o famoso avião de combate. Anteriormente, já tínhamos a base magnética e a pega comum ao A-10C e F-16C, o design dos pedais TM Pendular Rudder também é perfeitamente adaptado ao design original do avião e, claro, ainda temos o TM MFD Cougar Pack para completar a colecção. Contudo, faltava uma actualização no quadrante de potência mono-motor com os detents tão específicos e outras características deste caça de combate. Uma vez mais, a Thrustmaster não desilude, num produto novamente licenciado pela United States Air Force (USAF).

Antes de vos falar do que este quadrante vos oferece, falemos do que podem adquirir e o que ganham por cada opção. Na verdade, o que temos hoje em análise é um conjunto de dois periféricos que podem adquirir em separado. Temos o quadrante de potência em si, Viper Throttle Quadrant System (TQS) uma réplica à escala da manete de potência em carril com bloqueios praticamente idênticos ao design real do quadrante no F-16. Na base, temos também o Viper Panel, um painel retroiluminado que apresenta uma série de botões em plástico e comutadores em metal com várias funções úteis para a operação do avião.

Se desejarem, podem adquirir apenas o quadrante, sem o painel, com um preço de 329,99 € (PVP). Quanto ao painel, também pode ser comprado sem o quadrante por 229,99€ (PVP). Embora seja desenhado para ser acoplado na base do Viper TQS, o painel pode também ser ligado como unidade independente, possuindo todas as funcionalidades em separado, ligando directamente via cabo USB. Obviamente, acoplado ao TQS, apenas um cabo sai para o PC, sendo ligado directamente na base. E… não, não fico indiferente aos preços destas unidades.

Esta linha TM Viper é francamente “premium”. O preço destas peças é obviamente elevado para uma boa parte das bolsas, não há dúvida. Alternativamente, conjunto Mission Pack completo que temos aqui hoje em análise está disponível para venda por 449,99€ (PVP). Continua a ser um preço elevado para um periférico de jogo, embora seja óbvia a poupança na compra do conjunto. Já com os pedais TPM supracitados que também analisei, ouvi os lamentos dos “simmers” com orçamentos mais modestos. Todavia, também na altura chamei a atenção para o nível de construção, fidelidade e funcionalidades do tipo de produto em mãos.

Na Thrustmaster, existem duas linhas distintas de produtos. Temos periféricos francamente mais acessíveis, construídos com bons materiais e sensores mas, ainda assim, de uma gama mais baixa, estruturalmente em plástico e com um notório compromisso entre qualidade e preço. Depois temos estas linhas para jogadores mais exigentes e que procuram uma réplica 1:1 de controlos reais. Obviamente, todo o trabalho de concepção e construção mais robusta tem o seu preço. Se vale a pena o investimento, tudo depende do que procuram no vosso hobby.

Para analisar convenientemente este conjunto, falemos dos seus constituintes. E é inevitável começar pela peça mais cobiçada, o Viper TQS. Como piloto regular do DCS: F-16C Viper, este é um realizar de um sonho. Há uns anos, tive de dizer adeus ao meu velhinho TM HOTAS Cougar e, por mais que o robusto TM HOTAS Warthog seja (ainda) o meu fiel conjunto até hoje, de facto, o controlo tão peculiar de potência do F-16C necessitava de algo mais dedicado. Como podem imaginar, fiquei extremamente contente quando a Thrustmaster anunciou este novo quadrante.

Como construção, a concepção de um carril na parede lateral do quadrante é absolutamente genial. É também assim que o quadrante real é montado no F-16, com um eixo fixo e um carril inserido no painel lateral esquerdo. O que isto permite é recriar todo o curso da operação de potência, assim como os dois sectores especiais, o de corte de combustível (atrás) e o do afterburner (à frente). Como não podia deixar de ser, para estes dois sectores é preciso levantar a pega e para cortar motores ainda temos de engatar o gatilho do bloqueio na base. Isto é absolutamente realista.

A pega em si é também uma réplica à escala da pega real do quadrante de potência. Temos os mesmíssimos selectores rotativos, botões e switches, sem esquecer o lettering a replicar os principais comandos. Este realismo é só quebrado por duas opções que eu sinceramente não concordo mas entendo o intuito da TM. Na zona do polegar, existe um pequeno switch de duas posições com um botão embutido, que pode ser programado para algo adicional. Também por baixo da pega, na zona do dedo anelar, há um botão adicional estilo “palheta”. Dois itens que não existem no avião real.

Esta é, claramente, uma opção da TM para adicionar mais botões e funcionalidades à pega. Nunca temos botões a mais, concordam? O pequeno switch pode ser usado para, por exemplo, adicionar funções de zoom da imagem. A “palheta” adicional também pode muito bem ser um botão “modificador”, muito prático para expandir controlos virtualmente. Contudo, é relativamente fácil de activá-los acidentalmente, o que, aliás, criou situações indesejáveis que já irei mencionar mais adiante. Honestamente, não sei bem o que posso ali colocar, especialmente se a intenção é mesmo replicar o avião com rigor.

Adicionalmente, este quadrante tem também o famoso “panic button” na parte superior da parede, uma adição simpática mas, tenham cuidado porque não é a mesma função normal de activar programas de contramedidas com o switch “CMS” no sidestick. Chama-se botão de “pânico” por um motivo. Também gostei da opção de podermos remover os detents físicos com uma simples chave sextavada. Pode parecer um contrassenso fazê-lo mas é uma opção bem vinda para jogadores que queira voar outras aeronaves (ou simuladores). Não é um processo simples mas é relativamente fácil remover ou adicionar estes detents.

O ajuste da fricção, porém, podia ser um pouco melhor. É feito com uma pequena chave disponível atrás na parede vertical, inserindo-a num pequeno orifício e rodando para os dois lados. Na verdade, estarão a apertar um pequeno parafuso sextavado, parte de um pequeno travão escondido no carril. Parece-me algo frágil para agir como fricção. O curso disponível para ajuste é também muito curto, dando pouca margem de refinamento. Apertá-lo com força é também arriscado, uma vez que, com o peso e força exercida pela estrutura de metal, esta pequena peça parece um pouco frágil. Só o tempo o dirá se se desgastará facilmente… ou partir.

De um modo geral, o Viper TQS é um quadrante grande, pesado pela sua estrutura de metal, mas incrivelmente equilibrado e com um acabamento sóbrio, coberto com peças e apliques de plástico e de alumínio. A sua operação é muito suave (dependendo da fricção que prefiram), com o pivot para levantar a pega e o pequeno gatilho de entrada e saída do sector de corte de combustível a complementar a sua operação de forma exímia. Honestamente, só prescindiria da altura algo excessiva da estrutura e até do botão de “pânico” se isso significasse uma redução de volume. Mas, vivo bem com isso.

A comparação com os demais quadrantes de sistemas HOTAS da TM é também inevitável. A evolução técnica desde o HOTAS Cougar é evidente. Só o carril lateral, os detents e a sua fricção, colocam-no noutro patamar de realismo. Compará-lo com o HOTAS Warthog, porém, é mais complicado. São tão diferentes em capacidades e robustez que nem faria sentido fazê-lo. Ainda assim, nota-se que TM tem aprendido com várias experiências de design e fica bem claro que bases de throttle em plástico não são a solução quando se quer vender robustez e durabilidade. Estará na hora de uma nova evolução do Warthog?

No que toca ao Viper Panel, estamos claramente a falar de um painel muito específico para usar quase exclusivamente com o F-16. Isto, porque, apesar de ter um muito prático comando de trem de aterragem e outros comutadores e botões programáveis para várias possibilidades, o lettering e a disposição dos comandos servem para replicar as funções do Viper. Contudo, há várias cedências e opções de design que temos de observar também neste painel. Opções que, como aconteceu com a pega de potência, serão algo divisórias entre os mais exigentes.

Em primeiro lugar, alguns botões e switches não estão exactamente na posição igual à do avião. Isto é claramente fruto de uma condensação de funcionalidades e optimização de espaço. Há uma mistura de várias funções do painel de contramedidas com o painel do RWR e do painel lateral frontal que podem criar alguma desorientação. Isto, claro se conhecerem a sua posição no avião real. Por outro lado, há uma funcionalidade que não está disponível em todos os F-16, inclusive não está disponível no painel do DCS: F-16C. Trata-se do painel de selector de navegação na parte inferior.

Tudo bem, este não é um painel especificamente criado para o DCS: F-16C mas foi anunciado como inteiramente compatível. Infelizmente, não é totalmente verídico. Estamos sempre habituados a este tipo de opções de design, podendo obviamente programar este comutador para qualquer outra coisa mais necessária. Contudo, o problema de um painel retroiluminado não personalizável é este: não podemos alterar o que lá diz e a informação que consta passa a não ser realista. Enfim, não é grave mas, que chateia um pouco, chateia.

Já que falamos em pontos menos positivos, falo de outro que certamente vocês, sem dúvida, se confrontarão. Uma vez mais, a retro-iluminação é controlada por hardware. O que significa que não poderão controlá-la  directamente recorrendo ao DCS World (ou outro simulador) para ajustar a sua intensidade ou até para activar as luzes do trem de aterragem ou da operação do RWR. Segundo a Thrustmaster, para usar estas luzes devemos instalar o famoso software T.A.R.G.E.T. para fazer de interface com estas luzes. Contudo, perguntamos… como?

É que à data da minha análise, descarreguei do site da TM o dito software proprietário na versão mais recente e, infelizmente, esta não identifica o painel. Notem que tudo funciona correctamente com a devida actualização de firmware e software controlador… menos o controlo destas luzes dinâmicas. Logo que ligamos o dispositivo via USB, as luzes acendem não sendo afectadas pelo seu ajuste no simulador. O mesmo acontece com o HOTAS Warthog, já agora. Agora, que não haja um interface directo com as luzes do trem e (mais importante) com as luzes dos modos do RWR é uma perda tremenda.

Tive o cuidado de ler (e reler) o manual em busca de ajuda, passando também pela página de suporte. De facto, na documentação há uma chamada para descarregar uma versão específica do software T.A.R.G.E.T. para reconhecer este dispositivo mais recente. Mas, seguindo o link do manual, não está listada na página de suporte pretendida. Uma busca pelo site só me mostrou a mesma versão que já tinha. Assumo que seja apenas um pequeno deslize da TM a publicar este software a tempo do lançamento. Notem que isto não é essencial para o resto do dispositivo funcionar correctamente, bastando os controladores. Mesmo assim, fica o aviso.

E, então, como é operar o Thrustmaster Viper TQS Mission Pack como um conjunto único? Poderíamos aqui tentar dissertar sobre a sua operação em jogos ou simuladores como o Warthunder ou Microsoft Flight Simulator ou até no veterano Falcon BMS. Contudo, a intenção é sempre testar as capacidades deste tipo de dispositivos na melhor oferta possível. E é incontestável que só o DCS: F-16C no DCS World proporcionam esta experiência extrema de simulação. Para imersão total, não se aceitam compromissos em nenhuma das partes, certo?

Como já disse e está explícito no site da Thrustmaster, o TM Viper TQS Mission Pack é totalmente compatível no DCS World, que o reconhece sem qualquer problema. O que a TM quer dizer com isto é que tem uma pré-programação definida que, teoricamente, funciona de imediato, não exigindo reprogramação. Contudo, aconselho vivamente que revejam bem essa pré-programação. Quando voei pela primeira vez com o quadrante no simulador, confiei que a programação seria como a do HOTAS Warthog para o DCS: A-10C, directamente proporcional. Só que é preciso recordar que temos os tais botões que não existem.

Por qualquer motivo, alguém achou por bem programar a palheta na parte inferior da pega com… o corte de potência. Isto significa que acidentalmente podem desligar o motor se carregarem no botão sem querer. Também no pequeno switch “inventado” no polegar, foi colocado o comutador principal de energia. O que significa que também podem desligar todo o sistema eléctrico acidentalmente. Finalmente, o tal selector de navegação inexistente também está programado com o controlo de inércias (INS), o que significa que, se não repararem que está na posição OFF, podem perder toda a ajuda à navegação.

Obviamente, muitos jogadores preferirão programar as coisas à sua maneira, sendo até discutível se este tipo de dispositivos devem ou não conter pré-programações. Estas três opções escolhidas nesta predefinição são lógicas delicadas e não deveriam ser colocadas em botões facilmente pressionáveis ou colocadas em botões “inventados”. Representam também uma falha no conceito da “réplica” optando por comandos irrealistas que não fazem favores ao dispositivo. Por isso, torna-se irrelevante que exista uma pré-programação. É só algo simpático para novos pilotos. Os veteranos agradecem que não compliquem as coisas.

Programação feita, com o ecossistema da Thrustmaster dedicado aos simuladores de voo completo, esta é uma adição fantástica. Poderão achar um preciosismo se vos disser que este throttle melhora bastante a minha prestação. Mas, honestamente não é um exagero. Só o curso do carril de potência, a robustez e fricção da pega, é uma excelente alteração ao meu anterior HOTAS Warthog. Depois, ter todos estes controlos tão facilmente acessíveis é um bónus notório, dando ainda muitas possibilidades de personalização se optarmos por um botão modificador.

Ok! Este conjunto não fará ninguém realmente voar melhor, até porque é só uma parte de todos os controlos disponíveis para o efeito. Mas, todos poderão reconhecer a enorme vantagem de termos botões e selectores acessíveis, nem que seja para prescindirmos de usar o teclado e o rato em situações mais “quentes”. Nessa lógica, de facto, a operação torna-se facilitada pela ergonomia e facilidade de acesso. Como parte do sistema HOTAS (Hands-On Throttle and Stick), o design de botões na pega como réplica do controlo real, é também um atestado de eficácia. Se os pilotos o dizem, nada como replicar com fidelidade. Não é preciso inventar nada.

Veredicto

Estamos claramente num momento único para a Thrustmaster, que é uma das produtoras de hardware mais activas nestes simuladores (e não só). Temos aqui a consolidação de uma linha mais robusta e exigente, onde se insere o Thrustmaster Viper TQS Mission Pack. Os produtos são, deveras, algo dispendiosos mas, como sempre, o que compram é de uma qualidade sem precedentes, um óptimo compromisso. Tudo bem, há algumas opções de design e uns problemas com alguns detalhes de operação. Mas, como viram, não é nada que estrague a experiência, naquele que é um dos quadrantes mais esperados de sempre, na esteira do enorme sucesso que é o DCS: F-16C. A Víbora agradece.

  • MarcaThrustmaster
  • ModeloViper TQS Mission Pack
  • Lançamento2023
  • PlataformasPC
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