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Análise – Yakuza Kiwami 2

Depois de Yakuza 0 e Yakuza Kiwami, vamos finalmente continuar a história de Kazuma Kiryu com Yakuza Kiwami 2. Não é que não o pudéssemos fazer com os títulos clássicos. Contudo, é com estas edições remasterizadas que esta lendária série tem vindo a renascer.

Como se devem recordar, com o advento do já lançado Yakuza 6, a SEGA lançou-se na epopeia de remasterizar os primeiros jogos recorrendo ao fantástico novo software proprietário, o Dragon Engine. Começou com os primeiros títulos clássicos mas a intenção é continuar com os que restam. E os fãs agradecem. Como já disse em tempos, quem nos dera que todas as remasterizações de outros clássicos tivessem este cuidado exemplar. Contudo, não se trata só de obter uns quantos clássicos com bom aspecto. A série Yakuza é uma das melhores sagas de acção que vieram das terras do Sol Nascente. Não só pela excelente combinação de acção e elementos role play, como pela narrativa intrincada e pela visita à cultura profunda do Japão. E este Yakuza 2 é dos que mais merecia esta revisita.

Yakuza 2 é considerado por muitos como um dos mais incompreendidos da série. Nem tudo correu bem no seu lançamento, sofrendo um pouco por se afirmar fora do país de origem, tendo alguns problemas técnicos e um grafismo algo datado quando foi lançado no Japão na PlayStation 2 em 2006. Na Europa, só chegou dois anos depois, com resultados ainda menos significativos. Lentamente, porém, o jogo foi demonstrando o seu potencial e acabou por ter o devido reconhecimento. Uma nova reedição acabou lançada apenas no Japão na PlayStation 3 (2012) e Wii U (2013), restabelecendo a sua qualidade.

Se mais nada fizerem, pelo menos estas reedições permitem a muitos recém-chegados descobrir a série. Ainda por cima num jogo que, por cá, não teve assim muito sucesso. Aliás, recordo-me que foi raríssimo encontrá-lo nas lojas, muito mais raro que o primeiro título. E convenhamos que, de qualquer forma, esta será a versão definitiva que quererão jogar. Quanto mais não seja, pelo grafismo e jogabilidade revistas de que já irei falar. É que se estas fossem simples reedições, talvez a sua antiguidade no visual ou na interacção ofuscassem tudo o resto. Assim, não há desculpas para (re)descobrir estas histórias.

O argumento leva-nos à companhia de Kiryu, um ano depois de deixar as actividades mafiosas do clã Tojo, vivendo pacificamente com Haruka. Obviamente, o crime nunca larga os criminosos, mesmo os que se redimem. O protagonista vê-se obrigado a voltar ao activo quando o clã pede ajuda para travar as actividades hostis do grupo rival Omi Alliance. Embora relutante, Kiryu terá de prevenir que uma guerra de clãs exploda por Kamurocho. E o embate torna-se inevitável quando Yukio Terada, o quinto “chairman” do clã Tojo é assassinado pela Omi. Ryujo Goda da Aliança, também conhecido pelo “Dragão de Kansai” quer sangue e só há um mafioso capaz de o travar.

Se jogaram Yakuza 0, gostarão de saber que, a dada altura, voltaremos a uma importante porção desse outro arco de história. Sim, vamos voltar à companhia do carismático Goro Majima. Não só Yakuza Kiwami 2 nos vai conta os eventos que levaram à saída de Majima do clã Tojo entre o primeiro e este jogo, como assistiremos ao regresso de Makoto Makimura. Esta porção de enredo é exclusiva desta remasterização e oferece-nos mais profundidade a esta história que gostámos tanto nesse título de 2017.

A história pode parecer um pouco semelhante aos enredos dos demais jogos mas há aqui uma série de eventos que criam desenlaces interessantes. Por exemplo, o presumível autor do assassinato de Terada é o pai adoptivo de Kiryu, o que o leva a ser alvo do interesse policial. Mas, a polícia, na verdade, tem outros planos, além de apenas prender Kiryu, servindo-se do ex-mafioso para a sua investigação sob pretexto de o proteger de Goda e da Omi. É só um exemplo de como o enredo é denso e cheio de reviravoltas e revelações. E é com este tipo de evoluções que cada jogo conta uma história tão interessante de seguir.

Tratando-se de uma remasterização, nada do enredo foi alterado. Com excepção do já mencionado novo pedaço de história de Goro Majima, este é o mesmíssimo jogo de 2006/2008. Onde encontrarão diferenças será no grafismo e na interacção. O jogo foi actualizado para a realidade dos mais recentes títulos da série, usando Yakuza 6 como referência. Todas as personagens, modelos, animações e texturas foram recriadas com o Dragon Engine, inclusive nas cenas intermédias. Também os menus e lógicas de progressão foram revistas para entrar no padrão dos jogos mais recentes.

E, obviamente, também o combate foi melhorado substancialmente para chegar à qualidade que já nos habituámos. Sendo o foco do jogo, os confrontos que misturam artes marciais com lutas de rua, são, uma vez mais, um dos maiores destaques desta série. Nesta remasterização, tudo será familiar embora tenhamos umas poucas novidades. Por exemplo, a possibilidade de desbloquear aliados que nos ajudam nos combates, oferecendo-nos armas improvisadas para atacar os meliantes. Há qualquer coisa de hilariante por usar um polvo ou uma tigela com massa para atacar um mafioso.

Já sendo uma “imagem de marca” da série, o enredo extremamente sério da história central, recebe um óptimo contraste com as inúmeras histórias paralelas que vamos encontrando. Algumas são mesmo muito rocambolescas, ora este título não viesse do Japão. Depois temos toda uma série de distracções, que nos levam novamente a salas de arcada para jogar títulos como Virtua Fighter 2 e muitas outras actividades desse calibre. Lá mais para a frente, também desbloqueamos os tais capítulos de Majima que também quebram a rotina. Se ainda não chegar, vão novamente perder imenso tempo no infame Cabaret Club, que já tínhamos visto em Yakuza 0.

E depois temos este palco fantástico para explorar novamente. Ok, dirão que é um pouco repetitivo voltarmos a Kamurocho em Tóquio ou a Sotenbori em Osaka. Sim, apesar de imensas pequenas diferenças, diferentes pormenores nas lojas ou nos locais que visitamos, tudo parece ser uma cópia dos outros jogos. É como se a SEGA reciclasse estas localizações, não oferecendo propriamente algo de novo. Contudo, apesar de familiar, o que estamos a experimentar em cada jogo é, na verdade, uma continuação de uma história contada em capítulos. Assim, é perfeitamente normal que voltemos aos mesmos locais, como se de uma telenovela se tratasse.

Por outro lado, esta é mais uma excelente oportunidade de viajar a este estranho mundo do Japão profundo. Uma visita virtual sem sair de casa, se quiserem. Bem sei que isto não é um pretexto muito forte para se repetirem os mapas em sequelas. Nem será a última vez que vamos visitar Kamurocho e repetir da dose de estranheza neste bairro de Tóquio. Mas, há um efeito secundário curioso. Dei por mim a percorrer as ruas sem necessitar do mapa, fruto da quantidade de vezes que lá passei. As ruas e becos são tão familiares que notamos as subtis mudanças em cada visita. E agora tudo tem aquele aspecto polido.

Sim, tudo é brilhante, a aproveitar o hardware da PlayStation 4 e PlayStation 4 Pro. Mas, há algumas excepções à regra. Infelizmente, este não é um completo remake e isso nota-se em algumas secções específicas. Talvez porque o foco desta remasterização fosse mesmo o seu aspecto, é de notar que, por exemplo, os encontros com adversários em ambiente de exploração possuem um notório intervalo de tempo na transição para o combate. As questões com as transições entre fases de jogo, aliás, são igualmente notórias noutros lados, como a entrar e a sair de determinadas secções do mapa. Nota-se que ainda estamos em 2006, uma vez que, hoje em dia, já não vemos estas transições nos jogos modernos.

Por outro lado, tanta reconstrução de modelos e texturas parece ter criado algumas questões na performance geral do jogo. Testei Yakuza Kiwami 2 numa PlayStation 4 Pro e foi notório que em algumas secções haviam algumas quebras de fluidez. Não são quebras muito acentuadas e só mesmo a nossa atenção ao detalhe as tornarão mais evidentes. Sabendo que o jogo foi lançado nesta consola em Dezembro passado no Japão, deixa-me um pouco desapontado que esta edição ocidental ainda pareça precisar de melhorias e optimizações. Repito, não são quebras de FPS que importunem a jogabilidade mas estão lá.

Veredicto

Yakuza Kiwami 2 é mais um serviço aos fãs de longa data desta série. Mas, é também uma excelente oportunidade para descobrir uma das melhores séries de acção vindas do Japão. Obviamente, terão uma melhor experiência seguindo a série desde os primeiros jogos já reeditados (Yakuza 0 e Yakuza Kiwami), esperando pelos demais capítulos remasterizados, antes de chegar ao derradeiro Yakuza 6. No fundo, Yakuza 2 é só mais um alicerce de uma aventura fantástica. E esta revisita é um trabalho de carinho que lhe dá ainda mais valor, sobretudo depois de um lançamento algo incompreendido por cá.

  • ProdutoraSEGA
  • EditoraSEGA
  • Lançamento28 de Agosto 2018
  • PlataformasPS4, PS4 Pro
  • GéneroAcção
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Sem pontuação

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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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