Análise em Progresso: Hitman – Episódio 6 (Conclusão)

Chegou, finalmente, o derradeiro episódio da primeira temporada de Hitman. Não só iremos analisar este mesmo episódio chamado de “Situs Inversus”, passado numa luxuosa clínica em Hokkaido, Japão, como vamos também concluir a nossa análise em progresso.

Leiam a análise ao Primeiro, Segundo, Terceiro, Quarto e Quinto Episódios.

A Io Interactive despede-se desta primeira temporada, quanto a mim em beleza. Criticámos os dois últimos episódios por parecerem abrandar um pouco a veia criativa da produção. Contudo, parece que a produção deixou o melhor para o fim. Não propriamente pela dimensão do mapa ou da missão em si, mas porque temos de usar todos os conhecimentos ganhos nos demais episódios para terminar esta missão com sucesso. Além disso, não temos tantas ajudas na progressão pelo mapa e temos até algumas restrições de acessos e de equipamentos. Neste derradeiro episódio, o Agente 47 tem de estar no seu melhor se quiser cumprir a missão.

Num luxuoso hospital privado da GAMA, que funciona também como um Spa e Resort para os mais endinheirados, o Agente 47, perdão, o Sr. Tobias Rieper está a aguardar a sua consulta no seu quarto privado. Ninguém saberá, porém, que este calvo paciente de kimono amarelo tem a missão de assassinar o próprio Erich Soders, presente nas instalações para um urgente transplante de coração. Soders padece de um problema clínico (que dá nome ao episódio) e está a ser operado numa secção restrita do hospital. A oportunidade é de ouro, uma vez que no processo também terá oportunidade de eliminar outro alvo importante: Yuki Yamazaki, ex-advogada da máfia Japonesa, a Yakuza e membro activo da infame Providence.

E é óbvio que todos estarão impacientes com a história dos bastidores que envolve Diana Burnwood, o Agente 47, a ICA e a Providence. Este pedaço de enredo tem vindo a ser contado por cenas intermédias entre cada episódio e tem vindo a tornar-se cada vez mais intrincado. Sem querer revelar muito, o Agente 47 está a preparar-se para ser, ele mesmo, um alvo, como já havíamos concluído no último episódio. Nesta malha de intrigas, parece que ninguém é de confiança, nem mesmo a própria Diana pode ser confiada em pleno. O que irá acontecer, infelizmente só saberemos na segunda temporada.

De volta à missão em causa, saibam que vão iniciá-la sem nenhuma arma ou peça de equipamento. E isto é muito positivo, notem. Nos anteriores episódios, temos sempre armas, gazuas, garrotes, entre outras peças de equipamento para nos facilitar no arranque da missão. Muitas vezes tínhamos de passar por pontos de revista e tínhamos de deixar as armas para trás, mas havia sempre uma arma de recurso para continuar a missão. Aqui, tudo o que podemos usar para matar os dois alvos, tem de ser adquirido em jogo. Isto, em conjunto com a necessidade de usar disfarces torna este nível, um dos mais desafiantes até agora, obrigando-nos a pensar, estudar o meio ambiente, explorar as oportunidades e evitar avançar sem um plano estruturado.

Para além disto, porque o hospital é gerido por uma inteligência artificial, apenas os fatos ou uniformes correctos abrem determinadas portas. A não ser que encontrem um aparelho para desbloquear fechaduras, simplesmente não poderão entrar em qualquer quarto, sala ou secção sem o acesso devido. E obviamente que terão guardas armados por todo o hospital a estudar cada movimento vosso. Usar o disfarce certo é essencial, porque a dada altura os eventos mudam e é preciso um plano B. Por outro lado, os dois alvos localizam-se sempre em zonas vigiadas em com poucos locais para os abordar de forma directa. O próprio mapa não é fácil de navegar, com algumas secções labirínticas e em que as tais portas vedadas não facilitam.

Considerando que o último nível era também mais complicado, com a variante de iniciarmos logo em território hostil, é de notar que a Io Interactive esteve a aumentar a dificuldade do seu jogo. E, embora este mapa não seja, de modo algum, o maior de todos, substituindo o mundo aberto e amplo dos primeiros mapas por um claustrofóbico e cheio de corredores, escadas e salas, é dos mais difíceis de planear. Não só pelas restrições que já mencionei acima, mas também pelo interesse da produção em não facilitar rigorosamente nada na execução da missão. E esta dificuldade transita, logicamente, para os contratos que surgem no menu logo depois de terminada a missão principal.

Quero acreditar que a produção escutou os jogadores e decidiu restituir a acção furtiva e cerebral que aprendemos a gostar nos primeiros episódios, em oposição à exploração de mapas gigantes e demasiado amplos. Tornará o nível ligeiramente mais linear, mas a nossa liberdade de escolha continua evidente. Entre os limpos corredores sem muitos obstáculos para esconder, os guardas, pacientes e staff omnipresentes, as enormes janelas que impedem privacidade e outras tantas escolhas de design, vão obrigar a uma nova forma de precaução. Gostei particularmente que nenhuma oportunidade pré-definida seja realmente linear e obrigue a que andemos por diferentes locais, trocando de disfarce diversas vezes.

Claro que o que todos estarão agora a pensar é se este formato episódico da série, que termina com este episódio em Hokkaido, realmente funciona. O conceito terá os seus defensores e opositores, claro. Não haverá um episódio perfeito e, como um todo, tem oscilações de qualidade. Não significa, porém, que como esse todo não funcione. Há um óbvio fio condutor desde o primeiro episódio e é mesmo a acção furtiva e estratégica para executar missões. Esta funciona muito bem em cada missão, cada mapa e cada alvo a abater. A liberdade de escolha, usando os recursos possíveis, por vezes improvisando, é comum a todos os episódios.

Por outro lado, esta diversidade é muito bem vinda, num jogo que, para todos os efeitos tem tudo para cair na repetição. Não chega a cair exactamente porque há sempre algo diferente para executar para o mesmo objectivo. Mesmo as missões paralelas, entre Contratos, Escalations e Elusive Targets, oferecem motivos para continuar a acumular algumas horas neste título. E ainda falta duas temporadas para expandir esta experiência e trazer-nos algumas respostas relacionadas com o enredo dos bastidores da acção do Agente 47.

Veredicto

Lançar um episódio de Hitman de tempo em tempo teve as suas vantagens. Permitiu que a produção se aplicasse em cada episódio, melhorando alguns aspectos do jogo, escutasse a crítica e evoluísse a sua oferta a cada nova parte. Também permitiu criar uma experiência diferente de cada vez sem cair na repetição. Os mais impacientes certamente não gostaram desta fórmula, mas poderão sempre jogar agora o título completo. O resultado final está à vista. Com este episódio, consolida-se um jogo realmente fantástico de acção furtiva, com inúmeros elementos positivos. Há algumas falhas, é certo, mas é um dos sérios candidatos a jogo do ano. E já estamos a antecipar as duas próximas temporadas.