PCM2018 (3)

Análise – Pro Cycling Manager 2018 – Le Tour de France

Regra geral, os jogos de desporto sazonais têm todos os anos uma nova entrada na série. Sob pena de se repetirem, porém, é bom que nessas novas versões tentem inovar onde podem. E sendo de um nicho tão exclusivo, Pro Cycling Manager 2018 sofre ainda mais com essa realidade.

Fazendo um serviço aos fãs do ciclismo, numa área com muitos poucos jogos a fazer-lhe frente, a série PCM tem tudo para alcançar o sucesso. Claro que é um sucesso relativo se tivermos em conta que o ciclismo profissional já não é tão popular. Já lá vai o tempo em que as voltas a Portugal ou em outros países assumiam um enorme protagonismo. Contudo, ainda é um deporto que move multidões em alguns países. Talvez por isso tenhamos um novo jogo todos os anos. Mas, há um risco tremendo nesta aposta periódica. Como já disse, este é um nicho de mercado francamente limitado. Este nem sequer é um simulador, mas um jogo de gestão e de estratégia, um “Manager”, ou seja, ainda mais restrito. Terá a produtora Cyanide Studio pedalada para este ritmo?

Há estúdios que se focam num género e ali ficam aperfeiçoando técnicas e processos criativos. Quem conhece os estúdio Cyanide, lembra-se dos jogos de acção furtiva da série Styx que tanto gostámos. E estamos mesmo na expectativa do que o estúdio nos pode trazer com o próximo Call of Chthulhu. São jogos francamente diferentes, mas que mostram uma certa aptidão desta produtora em títulos do universo da fantasia e com uma forte dependência narrativa. De facto, tirando uma “aventura” pelo regresso da visão peculiar do futebol Americano sanguinário de Blood Bowl II, o estúdio não tem um largo histórico com jogos de desporto.

Excepto neste caso. A franquia de Pro Cycling Manager, que inclui a respectiva licença do lendário Tour de France, já está nas suas mãos desde 2014. Embora nunca gozasse de grande fama, os jogos lá foram fazendo as melhorias possíveis, elevando a versão do ano passado, Pro Cycling Manager 2017, a um patamar de funcionalidades e melhorias bastante significativo. Tínhamos em 2017 um dos melhores jogos de sempre no que toca ao género de manager e o único actualmente dedicado ao ciclismo. Muito embora não houvesse realmente uma concorrência à altura, estávamos perante o que poderia ser o ápice da oferta. Mas, agora em 2018, temos um novo jogo.

Para começar, vejamos o que esta versão de 2018 nos traz. A ideia é que os circuitos mundiais da época de 2018 estão de volta, actualizados e replicando as mais de 200 corridas com mais de 500 estágios de vários países. O que seria de esperar de uma edição anual, afinal de contas. Depois, a produção anunciou que agora a negociação de contratos estava ainda melhor no modo Carreira, com novas mecânicas de transferência e de recrutamento. Também o modo Pro Cyclist mereceu mais atenção, com ainda mais opções de personalização. E depois foram prometidas imensas melhorias na Inteligência Artificial e em outras áreas relacionadas com a imersão das corridas.

E é tudo. Para dizer a verdade, tirando algumas opções de design e cosmética, não vou criar rodeios, o jogo é praticamente o mesmo do ano passado, trazendo as mesmas virtudes e defeitos de PCM 2017. A única alteração relevante que irão apreciar é mesmo na IA que, de facto, parece mais desafiante, sobretudo nas fugas do pelotão e nos sprints mais agressivos. Permite um pouco mais de desafio nos momentos-chave das provas, mas, honestamente, não é nada de extraordinário. Nenhuma destas novidades listadas acima, aliás, é francamente memorável. Tão pouco justificaria lançar-se um novo jogo.

Esta sensação de repetição ficou evidente a tal ponto que tive de instalar novamente a versão 2017, só para confirmar o meu julgamento. Quase tudo está praticamente igual, no que se pode chamar de uma “reciclagem” do título anterior. O grafismo do jogo, as animações, até mesmo os menus são praticamente idênticos. Com um ficheiro ou outro de mods para colocar as equipas reais do ano transacto, ninguém diria que não estamos a jogar o mesmo jogo do ano passado. Esta realidade coloca em causa o formato anual desta série. Seria bem mais lógico (e menos dispendioso) lançar um simples “update” de PCM 2017, se o intuito era trazer o mesmo jogo com umas poucas melhorias.

Convenhamos que PCM 2018 não tem um custo muito alto, de facto. Mas, custa na mesma, o preço de um jogo final (40€ na versão analisada no PC). Os fãs sentem-se, logicamente, injustiçados pela falta de novidades ao pagar este preço. Se, por um lado, os jogos anuais correm este risco, também é verdade que a Cyanide podia ter-se esforçado um pouco mais para trazer algo que justificasse um novo título. Afinal, já estão nesta série há uns anos, sempre com um novo jogo a cada ano que passa. Aprendem com os erros e têm tempo para reformular o próximo jogo. Para quê repetir-se? A resposta só mesmo a produtora poderá dar.

Veredicto

Não, o Cyanide Studio não têm pedalada para um jogo anual. Pro Cycling Manager 2018 entrou no pior dos vícios que uma série sazonal pode ter: o da repetição. É praticamente o mesmo jogo do ano passado, quanto a mim não justificando o rótulo de “novo jogo”. As poucas alterações que traz podiam muito bem surgir como uma actualização de título. Como a opção foi reciclar o bom jogo que tivemos no ano passado, não leva a camisola amarela, ficando-se pela cauda do pelotão, a lutar por chegar ao fim.

  • ProdutoraCyanide Studio
  • EditoraFocus Home Interactive
  • Lançamento28 de Julho 2018
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroDesporto, Estratégia
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • É o mesmo jogo do ano passado...
  • ... e podia ser apenas uma actualização.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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