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Análise – A Way Out

Da mesma mente criativa de Brothers: A Tale of Two Sons, chega-nos um outro jogo igualmente focado na acção cooperativa. Só que este novo jogo dos Suecos Hazelight Studios é algo diferente. A Way Out quer que fujamos da prisão!

Tendo ficado bastante interessados neste jogo desde o seu anúncio na última E3, não ficámos indiferentes à história paralela à produção do jogo. A postura do seu director Josef Fares nunca foi propriamente convencional, criando a possibilidade de dois amigos jogarem cooperativamente com uma só cópia comprada, além de lançar diversas farpas à indústria a cada intervenção. Recentemente, Fares chegou mesmo a dizer que a sua editora Electronic Arts “não iria ganhar nada com a venda deste jogo”. Polémicas à parte, o que mais nos interessou foi mesmo a jogabilidade cooperativa que nos foi sendo mostrada, a acção em ecrã dividido e a múltiplas estratégias possíveis com um fim comum. Todas pareciam boas ideias. Finalmente, está na altura de as pormos à prova!

Como já devem saber, os protagonistas deste jogo precisam fugir da prisão. Leo foi preso por assalto à mão armada e roubo e Vincent está lá por fraude e homicídio. Duas “peças”, portanto. A sua motivação para escapar do cárcere pertence ao enredo que vai sendo contado e prefiro não estragar a experiência a ninguém. O que é interessante é observar a dualidade de personalidades em jogo. Leo é o membro mais agressivo da parelha, sempre pronto para a violência e com as sugestões mais sangrentas. Já Vincent prefere o diálogo e as opções furtivas. As suas histórias desenvolvem-se com esta dualidade, convergindo num objectivo comum que os une.

Estas duas personagens, um tanto ou quanto estereotipadas (a sério que vão encontrar muitos clichés de filmes e séries policiais), trabalham em equipa para escapar da prisão no início e permanecer foragidos na segunda parte do jogo. Para isso acontecer, precisam iludir guardas e tomar diferentes caminhos ou acções para atingir objectivos distintos que, no geral, entrelaçam-se mais à frente. Por exemplo, pode ser preciso chamar a atenção de um guarda enquanto o outro jogador realiza uma acção, como apanhar um objecto ou escavar um buraco. E há também momentos de interacção conjunta, como escalar uma parede costas-com-costas ou até alguns mini-jogos interessantes para jogar a dois. Nada como um “4 em linha” para descontrair da fuga da prisão.

A acção cooperativa teve sempre o seu público fiel. Seja uma forma opcional de jogar alguma campanha, seja um modo acessório de jogabilidade, jogar com amigos ou desconhecidos unindo esforços parece dar-nos mais satisfação no geral. A Way Out, por seu lado, é um jogo exclusivamente cooperativo sem matchmaking possível. Sem um amigo ao vosso lado ou via online, simplesmente não poderão jogá-lo. Esta premissa é um pouco limitadora, é certo. Mas, graças à capacidade de jogar com apenas uma cópia comprada, tanto localmente como através da trial gratuita para descarregar e instalar numa segunda sessão, até torna esta interacção bastante acessível. A maior questão, porém, é estarmos limitados à disponibilidade do segundo jogador. Se ele tiver de se ausentar… lá se vai o jogo.

Notem que esta dualidade é constante e absolutamente inquebrável em vários aspectos. Toda a acção e mecânicas estão associadas aos movimentos das duas personagens, por vezes dependendo de um sincronismo quase perfeito. A história não progride se não houver uma sintonia entre os dois jogadores. E aqui entra outra questão limitadora, a da comunicação entre os dois jogadores. Localmente, não é um problema propriamente, mas online obriga a uma comunicação por voz constante, sobretudo nas fases mais complexas. Se um jogador for menos comunicativo, surgem os problemas. Ao menos, ao nosso lado, levam uma cotovelada…

Notem que os timings não são sempre rígidos entre as acções de cada personagem. Isto significa que há momentos em que um jogador está a aguardar que o outro termine o que está a fazer ou outros em que um está a realizar uma acção e outro está a ver uma cena intermédia, por exemplo. Estas acções desfasadas são brilhantemente integradas em pequenas secções de cinemáticas, que nos mantém no jogo, mesmo que não estejamos propriamente a jogar. Ainda mais brilhante é a divisão das janelas no ecrã que aumentam, diminuem ou alteram de disposição consoante a importância da acção.

Gostei do pormenor das nossas acções serem tão variadas e muito pouco repetitivas. Alternando entre secções de conversa descontraída ou pura narrativa e sequências de acção furtiva ou combate directo, o ritmo de jogo parece muito bem orquestrado nas suas cerca de 10 horas de jogo. Tudo isto com uma fluidez notória graças a transições muito bem desenhadas e com atenção aos timings. Não há momentos demasiado parados ou demasiado frenéticos, nem cenas intermédias demasiado extensas. Tudo é bem doseado e não queremos parar de jogá-lo, como se estivessemos a ver um bom filme.

No plano da jogabilidade, porém, tenho só que realçar algo que não gostei. Apesar de muitas acções possuírem controlo directo, também lá andam os famigerados Quick Time Events, aqueles em temos de carregar numa tecla no momento certo para activar uma animação. Já sabem que por aqui não há muito carinho por esta muleta técnica. Também achei que algumas cenas intermédias podiam muito bem ser jogadas, ao invés de assistirmos passivamente ao seu desenrolar. E, se tenho mesmo de falar de tudo o que menos gostei, as cenas de tiroteio pareceram-me um pouco lineares demais e sem grande empenho da produção em nos dar algo mais substancial.

Felizmente, a nível visual e sonoro, as coisas compensam. Num estilo de um filme ou série passado nos anos 70, o jogo tem muita atenção à qualidade. Tanto os cenários como as personagens e todos os objectos com que interagimos possuem uma qualidade inegável, adornada por uma sonoridade igualmente impecável. Tecnicamente, A Way Out é um jogo agradável, sem grandes falhas para assinalar. Mas, também sem grandes destaques a fazer. Não chegou realmente a puxar pela nossa PlayStation 4 Pro em nenhum momento, mas também não se comprometeu em nada para dar-nos uma boa experiência no geral.

Veredicto

Como um verdadeiro jogo de acção cooperativa, A Way Out é uma agradável aventura para jogar com um amigo. Infelizmente, essa premissa pode limitar um pouco o sucesso do jogo, sendo impossível jogá-lo a solo ou com algum matchmaking. Contudo, recomendo mesmo que chamem alguém para jogar convosco. É que nem precisam de uma segunda cópia comprada. A aventura é relativamente curta, mas possui pormenores de elevada qualidade e uma narrativa corrida e muito bem contada. Tudo está muito bem equilibrado e com um estilo visual muito agradável. Não é perfeito, obviamente, mas será uma das melhores experiências cooperativas que vão experimentar nestes dias.

  • ProdutoraHazelight Studios
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento21 de Março 2018
  • Plataformas
  • GéneroAventura
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Quick Time Events
  • Ausência de matchmaking

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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