Drew Karpyshyn fala da sua saída da Bioware e de um novo rumo

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O nome Drew Karpyshyn pode não ser reconhecido de imediato. Contudo, este é um escritor/autor muito conhecido pelas suas obras literárias e argumentos em alguns dos melhores jogos da Bioware. Juntou-se recentemente à Archetype Entertainment depois de dois anos de afastamento da indústria e fala do seu “divórcio” com a anterior produtora.

Ainda há dias falámos da Bioware e mencionámos um período bastante conturbado da sua existência. Período esse que ditou o afastamento de diversos elementos da produção, elementos esses que viriam a formar um novo estúdio, o tal Archetype Entertainment. Mas, quem sabe a maior perda para a Bioware, foi a saída do autor Drew Karpyshyn.

Para quem não o conhece, Karpyshyn foi o argumentista principal da Bioware em séries de peso, a saber: Baldur’s Gate, Star Wars: Knights of the Old Republic, Star Wars: The Old Republic, Mass Effect e Dragon Age. Só… A sua partida da Bioware há dois anos coincidiu com o lançamento falível de Mass Effect: Andromeda e o autor quebrou recentemente o silêncio sobre esse triste momento.

No seu blogue oficial, Karpyshyn fala de como as coisas começaram há 20 anos atrás e como tudo era “fresco e excitante”. “Era um trabalho de sonho”, conta o autor, “pessoas talentosas a trabalhar em conjunto para criar jogos épicos”. Contudo, diz Karpyshyn, “conforme fomos crescendo e tivemos mais sucesso, as coisas mudaram”.

O autor fala como a Bioware se tornou “mais corporativa”, falando claramente da influência da Electronic Arts neste estúdio. Chega mesmo a dizer que se sentiu inibido no processo criativo. “Éramos menos capazes de criar o que amávamos e as equipas foram empurradas para criar jogos baseados em pesquisas de mercado, ao invés de seguir os seus instintos criativos e paixões”. O tal “trabalho de sonho”, diz Karpyshyn, “tornou-se num mero trabalho e perdi o entusiasmo e a excitação que antes tinha”.

São palavras algo duras deste veterano escritor. Palavras que dão um vislumbre do que é o ambiente sintético criado pelas estratégias puramente de marketing que substituem a criatividade dos artistas neste meio. Os jogos “AAA”, de facto, estão cada vez menos experimentais, cada vez menos focados numa narrativa ou numa experiência mais criativa. Notam-se estatísticas de mercado e valor comercial a jogar mais alto que uma boa história. O resultado são jogos tantas vezes acéfalos, com pouco foco no engenho e, pior, com muito facilitismo envolvido (com o ápice a chegar às infames “micro-transacções”).

Felizmente, Drew Karpyshyn vai voltar às origens. “Na Archetype”, continua, “a minha paixão reacendeu-se”. Como a equipa é composta por ex-elementos da original Bioware, o autor diz que “o sentimento no estúdio lembra-me dos meus primeiros dias na Bioware, posso sentir a magia no ar”. Infelizmente, o autor não explica o que é essa “magia” nem que projectos estará a trabalhar. Mas, para os amantes de bons jogos e com boas histórias, saber que Karpyshyn está de volta ao activo ao fim de dois anos ausente, são boas notícias.

Até agora, o que sabemos é que a Archetype Entertainment está a trabalhar com a gigante Wizards of the Coast num novo projecto. Pelo que nos é dado a entender, porém, o projecto que terão em mãos não é relacionado com Dungeons & Dragons ou Magic: The Gathering, as suas duas maiores franquias. Vejamos o que aí vem.

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