Análise: The Wolf Among Us – Episode 1 ‘Faith’

Costuma-se dizer que quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto. Pois bem, o criador de Fables, Bill Willingham, decidiu acrescentar não apenas um mas vários, de tal forma que as personagens ganham rumos nunca antes vistos ou pensados para personagens tão fofinhas como os Três Porquinhos ou o Capuchinho Vermelho. The Wolf Among Us é a adaptação desta banda desenhada para o mundo dos videojogos e que chega até nós depois de passar pelas ‘mãos de Midas’ da Telltale Games que já nos trouxe a melhor adaptação ao mundo dos videojogos do universo de The Walking Dead.

A história de Fables é centrada em volta das personagens dos contos de fadas, na maioria da autoria dos irmãos Grimm, que se viram obrigados a fugir do seu mundo, a Homeland, a entrar no nosso e a formarem o seu próprio bairro em Nova Iorque, a Fabletown. Os ‘Fables’, para se integrarem, são obrigados a comprar um feitiço, o ‘glamour’, que lhes atribui o aspecto humano. Aqueles que, por uma razão ou outra, não alinham na integração são levados para um sítio chamado ‘the Farm’ (a Quinta).

Neste primeiro episódio jogas com Bigby Wolf que mais não é do que o Lobo Mau à procura da redenção. Em Fabletown, Bigby é o xerife encarregue por manter o bairro dos Fables em ordem certificando-se que toda a gente respeita as regras e mantém a aparência humana sem levantar suspeitas.

Curiosamente, no início do jogo tens de ir investigar uns desacatos provocados, imaginem, pelo Caçador. O tal que salvou a Avózinha e o Capuchinho Vermelho do Lobo Mau. A esta hora está o caro leitor a questionar-se porque raio vai o Lobo Mau investigar um desacato do Caçador? Pois bem, basta dizer que as personagens de The Wolf Among Us são bem mais profundas do que aquilo a que estamos habituados nos contos de fadas e que as suas histórias pessoais estão repletas de mistérios, estando a personagem do Caçador modelada de uma forma um bocadinho diferente. Contudo, não se preocupem, a rivalidade com o Lobo Mau está bem vincada e o confronto é inevitável.

Desconstruir histórias que tão bem conhecemos nem sempre nos calha bem. O ser humano é avesso, por natureza, à mudança. Porém, em Fabletown, a tramóia é de tal maneira interessante que o teu olhar não descola e rapidamente te esqueces que a acção que se está a passar à tua frente é protagonizada pelas histórias que os pais ainda contam à criançada. O tom escuro e gótico acaba por encaixar na perfeição e é precisamente com uma morte trágica que toda a trama é despoletada.

O jogo em si é uma aventura point and click, tal como o são os anteriores jogos da série The Walking Dead da mesma produtora. Abre a porta, apanha o objecto, olha para ali, espreita aqui são comandos que vais fazer muita vez. Também comum na anterior série da Telltale são o controlo e os quick time events através das teclas WASD (somos nós pessoal!). Toda a mecânica funciona subliminarmente e sem máculas, assim como o grafismo ao estilo banda desenhada e o marcante trabalho de voz de The Wolf Among Us.

Não há grandes defeitos a apontar exceptuando a longevidade que nos deixa com a água na boca brutalmente à espera que o próximo episódio saia.

Veredicto

Em suma, The Wolf Among Us é brilhante em cada esquina de Fabletown. A história desperta-te a curiosidade e afasta de tal maneira o estigma de estarmos a jogar num mundo de personagens de contos de fadas que só te lembras disso no fim… que por sua vez chega demasiado rápido.