1377171174_rainhub

Análise: Rain

Produzido pelo Japan Studio, Acquire (responsável por Tenchu e Way of the Samurai) e Playstation C.A.M.P. chega-nos, ao som de “Clair de Lune”, um título chamado Rain, ou Lost In The Rain (Perdidos na Chuva), nome pelo qual é conhecido na Ásia. Preparem-se para uma misteriosa, intensa e literalmente fantástica aventura que certamente vos fará reflectir sobre os mais mistérios que possam existir e estar escondidos pelo trepidar da chuva. 

Rain conta-nos a história de um rapaz que encontra uma rapariga à chuva. Os seus olhos cruzam-se por instantes. Não fosse pela chuva a delinear o seu corpo, esta misteriosa rapariga seria completamente invisível. Depressa o rapaz se apercebe que ela não está sozinha, mas sim a fugir de alguma coisa. Alguma coisa grande. Surge de repente à sua frente um ser, ou uma entidade, ou mesmo um monstro se preferirem. Como pode um simples rapazinho definir tal coisa? Certamente, apenas pensa que é grande, muito grande e repara que no lugar de uma mão tem uma maça enorme e na outra um dedo também enorme e sempre em movimento, apontando, à procura da rapariga. Ela começa a fugir. Tomado por um impulso de galantaria, o rapaz decide ir em seu socorro. Ao encontrar a gigantesca porta pela qual entraram a rapariga e a tal entidade, que mais tarde passará a ser designada por Unknown (Desconhecido), o rapaz atravessa-a e dá por si num outro mundo. Esta já não é a sua cidade cheia de luz que tão bem conhecia, esta é bem mais escura e sombria. Aqui a chuva não parece querer parar e, salvo quando esta revela os contornos do seu corpo, também ele é agora invisível. “Que local é este e porque é que ninguém o consegue ver?” A aventura começa agora. Curiosos? O quê, querem mais? Ora, caros leitores, longe de mim estragar-vos a fantástica história deste título que mais se parece como um conto interactivo.

Apesar deste título ser japonês, a cidade (alternativa) onde decorre a acção do jogo sofre inspirações de vários pontos da Europa, França por exemplo tem uma presença sonora e visual marcante. Claro que isto é intencional e serve (e muito bem) para que todos encontremos algum aspecto que nos proporcione uma rápida ligação com este mundo.

Como disse em cima, aqui a chuva parece não querer parar, e não pára mesmo. Uma vez que não vamos estar sozinhos neste novo mundo, a chuva tanto pode ser um precioso aliado como um tenebroso inimigo. À medida que vamos explorando a cidade, vamos encontrando alguns abrigos onde a chuva não cai. Aí sim, aí ficamos completamente invisíveis e em segurança. As únicas coisas que indicam que lá estamos são as nossas pegadas molhadas (que nos ajudam a controlar o nosso personagem) e o ocasional derrubar de garrafas e outros objectos à medida que avançamos. Contem também com cães fantasmagóricos, o já mencionado Unknown (cuja presença me faz lembrar e muito o Pyramid Head de Silent Hill 2) e uns seres cavalares e igualmente fantasmagóricos que pelo seu tamanho nos abrigam da chuva.

A atrapalhar o nosso caminho, vamos também encontrar poças de lama. Se, e quando as pisarmos, os pés do nosso valente rapaz ficam à vista de todas as criaturas que assombram a cidade. Para retirar a lama, basta passar por uma poça de água. Parece bastante simples, uma vez que a chuva é uma constante, certo? Claro que não é. Aliás isto foi algo que de facto gostei neste título. O facto de termos um conceito e uma jogabilidade, à primeira vista tão simples, que rapidamente se tornam algo… mais.

Apesar de ser uma aventura não deixa também de ter a componente de puzzle, uma vez que sempre que queremos avançar de cenário temos de perceber bem como o fazer. Por vezes, basta descobrir a chave de uma porta mas também há outras em que temos de ser mais valentes e atrair inimigos de modo a que derrubem umas tábuas criando assim uma plataforma que utilizaremos para escapar. Quando encontramos a rapariga começa um incrivel trabalho de equipa, é difícil não pensar em ICO. A vontade que temos de proteger a rapariga de quaisquer perigos que a chuva possa trazer é nostálgica e é complicado não pensar naquele rapazinho que deseperadamente tenta proteger Yorda das sombras. A aventura e os puzzles de cenário continuam, mas agora mais complexos e exigentes. Controlamos sempre o rapaz mas ela (quando não somos forçosamente separados) ajuda-nos sempre que necessário. Claro que depois temos de fazer o mesmo, umas vezes com mais calma e outras em que temos de ser o mais rápido possível, senão…

A relação entre os dois personagens é sempre muda, assim como a narração que vai surgindo em vários pontos do cenário e que aguarda pacientemente, sem avançar, enquanto exploramos todos os cantos de todos os cenários.

Lembro-me de dar por mim a pensar que os cenários estavam tão bem conseguidos que não resisti a explorá-los ao máximo, não fosse eu encontrar algum coleccionável. Explorei e explorei, e nada. “Queres ver que não há um único coleccionável para descobrir e estou eu a explorar isto tudo para nada?” Acabei o jogo sem descobrir nada. Em total desalento, continuei a olhar para o ecrã e rapidamente descobri duas agradáveis surpresas. Começava a passar a música “Clair de Lune” e eis que aparece uma rapariga a dar-lhe voz. Que bonita ficou esta versão especial de um clássico intemporal. A voz pertence a Connie Talbot agora com 12 anos e que em 2007 esteve perto de conquistar o concurso Britain’s Got Talent. A segunda surpresa foi ter aparecido depois uma mensagem a dizer que foram desbloqueados coleccionáveis para descobrir nos vários capítulos do jogo.

Veredicto

Visualmente não é deslumbrante, mas cumpre e muito bem o objectivo de nos transportar para uma história… algo sombria, ou não tivesse como temática a sobrevivência de duas crianças num mundo completamente hostil. Não deixa, no entanto, também de ser um mundo onde podemos encontrar alguma luz, o companheirismo (mesmo que sem voz) das duas personagens é uma delas. Tendo “Clair de Lune” como tema base e uma óptima banda sonora, composta por Yugi Kanno, que acompanha cada momento de tensão, temos em Rain uma experiência inesquecível, capaz de nos oferecer umas boas horas de jogo.

  • ProdutoraSCE Japan Studio, Aquire, Playstation C.AM.P.
  • EditoraSony Computer Entertainment Europe
  • Lançamento2 de Outubro 2013
  • PlataformasPS3
  • GéneroAventura, Puzzle
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Unknown lembra-me e muito o Pyramid Head de Silent Hill 2
  • Algumas quebras de performance em algumas cutscenes

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários