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Análise: Montague’s Mount

Baseado em factos verídicos, este indie criado por uma única pessoa deixa-nos à deriva nas memórias de uma isolada ilha da costa da Irlanda. Descobrir o que aconteceu e escapar da ilha poderá não ser assim tão fácil em Montague’s Mount. Estás pronto? A análise WASD ao indie de Matt Clifton chega agora.

Abusando da paisagem e da atmosfera irlandesa, cinzenta e chuvosa, Matt Clifton criou um indie de exploração e terror, a roçar o thriller psicológico, através da história de um homem que acorda numa praia sem qualquer memória do seu passado. A partir daí, o protagonista parte à redescoberta das suas memórias numa luta constante contra o isolamento, a desolação e a escuridão que envolve a ilha neste primeiro de dois episódios de Montague’s Mount.

A chuva e o enorme temporal condicionam todo o jogo e evidenciam a importância de ligar a electricidade, em todo e qualquer canto desta isolada ilha, através dos geradores perdidos pelo cenário. Montague’s Mount traz uma nova definição à expressão ‘escuro como breu’. Por várias vezes pensamos que temos de mudar de óculos porque não vemos nada à frente. Felizmente, não tem nada a ver com miopia ou astigmatismo e é uma opção técnica do autor Matt Clifton.

Na plenitude da sua misteriosa escuridão, este indie acaba por revelar uma estranha beleza gótica da paisagem irlandesa através das capacidades do motor gráfico Unity. É também o primeiro jogo a promover a profusão do gaélico, algo que só enriquece culturalmente quem o joga. As legendas dos vários itens que encontramos enquanto durante a exploração da ilha aparecem primeiro descritos na língua nativa da Irlanda e só depois na língua de Sua Majestade, o inglês.

A atmosfera, vista na primeira pessoa, em Montague’s Mount faz lembrar alguns jogos recentes como Dear Esther, Amnesia ou até mesmo a escuridão de Alan Wake. Contudo, o terror aqui é muito “suave” e, sinceramente, nem chega a assustar como acontecia nos últimos dois. O passo é tão lento que chega a aborrecer em algumas situações mas, apesar de tudo, é também ele obviamente intencional.

Até porque grande parte deste indie é passado a resolver puzzles que nem sempre têm grande lógica, são complicados demais ou nos obrigam a percorrer distâncias a fio, repetidamente para trás e para a frente. Algo não está bem quando um puzzle quase nos aproxima da loucura de arrancar os nossos próprios cabelos. Talvez o objectivo fosse mesmo esse, levar-nos ao estado de demência do nosso personagem. No meio disto tudo, o caminhar da nossa personagem é igualmente lento e não existe qualquer botão que nos permita, por exemplo, correr. Talvez o jogo fluísse de outra forma se nos fosse permitido concretizar estas sequências de uma forma mais rápida.

Não obstante, o trabalho de Derek Riddel na narração do jogo é fenomenal assim como a própria banda sonora, composta por Andrea Baroni, que avança de uma calma melodia em piano para tambores ou até algumas melodias mais agressivas quando a acção assim o exige. A direcção de Matt Clifton neste aspecto foi genial. E se a narração te agarra aos auscultadores, o texto acompanha pela sua também excelente articulação.

Veredicto

Montague’s Mount promete mas nem sempre cumpre, infelizmente, por culpa do seu passo lento e da escuridão que invade cada recanto desta isolada ilha irlandesa. Embora algumas vezes nos apeteça correr para fora da ilha, todos os pequenos pormenores da língua gaélica que o jogo promove caiem-nos no goto. Junta-se ainda o facto de se basear numa história verídica e que nos deixa de sobrolho levantado durante todo o jogo. Todavia, o que mais impressiona é perceber que Montague’s Mount foi criado por uma única pessoa, Matt Clifton, não contando obviamente com a composição da banda sonora e o trabalho de voz da narração. Montague’s Mount não é brilhante mas pode ser um excelente início de uma série de jogos.

  • ProdutoraMatt Clifton
  • EditoraMastertronic
  • Lançamento19 de Novembro 2013
  • PlataformasPC
  • GéneroAventura
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Pouco assustador
  • Puzzles sem grande lógica
  • Passada lenta

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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