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Antevisão: The Solus Project

Os jogos de sobrevivência e exploração ainda estão na moda e, infelizmente, nem todos primam pela qualidade ou originalidade. The Solus Project é um projecto independente e arrojado que entra nesse género cheio de ambição. Está já no Early Access do Steam e vai chegar nos próximos dias ao programa Preview da Xbox One. Saibam o que esperar.

A primeira ideia que devem reter desta antevisão é que não tivemos acesso ao jogo completo. Sim, é normal que façamos antevisões a Alphas, Betas ou Demos antecipadas. Mas no caso deste jogo, a produtora Teotl Studios em conjunto com a Grip Games, estão a lançar um jogo de acesso antecipado em episódios. Isto significa que só pudemos jogar a primeira parte até um determinado ponto no enredo, estando novos episódios para ser lançados nos próximos meses, com a parte final da história prevista só para Maio. Mesmo assim, foi possível testar algumas lógicas e mecânicas de jogo, assim como explorar uma boa porção do misterioso planeta Gliese-6143-C.

Num futuro não muito longínquo, a humanidade está a lutar pela sobrevivência. A Terra foi destruída (não se sabe muito bem porquê) e uma pequena frota de naves albergam o que resta da humanidade. Uma das naves dessa frota é enviada para explorar um pequeno planeta em busca de um local ideal para iniciar uma colónia. Só que nem tudo corre bem na aproximação e a nave é destruída, fazendo como que o único astronauta que escapa dos escombros aterre desamparado no misterioso planeta. Apesar de lutar para sobreviver num planeta em tudo estranho, este astronauta mantém a pesada missão de ser a última esperança da humanidade. E não será nada fácil porque, se calhar, até nem está sozinho neste planeta.

Considerado o sucessor espiritual de The Ball, este jogo também nascido da mente de Sjoerd “Hourences” De Jong, restabelece o mistério como base. Em termos de enredo, de facto, fica muito por explicar. A premissa que leram acima é dada logo nos primeiros minutos de jogo e, depois, pouco avança. Em jeito de suporte e de modo a dar alguma envolvência na missão do astronauta que personificamos, há uma série de páginas de diário espalhadas pelos locais de impacto dos escombros da nave em que membros da tripulação escrevem as suas memórias e dicas. De resto, vamo-nos interpretando o que se passa e até podemos tentar desvendar alguns segredos que vamos encontrando. Não vou aprofundar muito o que são esses segredos. Digamos apenas, que a missão do astronauta se torna cada vez mais curiosa ao longo da nossa exploração.

E é mesmo a explorar que vão passar a maior parte do tempo. A pequena ilha em que nos despenhámos tem diversos mistérios que nos apelam a percorrer as praias, penhascos e cavernas. Mas é a luta pela vida que realmente nos move a explorar. Assim que vemos os nossos sinais vitais a diminuir, temos de vasculhar detritos da nossa nave em busca de água, comida ou outros objectos importantes para a nossa sobrevivência. Seria de esperar muita angariação de materiais para produzir armas ou abrigos criados de improviso. No entanto, além de algum ligeiro crafting de utensílios, não temos nada disso. A produção deixa bem claro que foi um acidente que fez-nos despenhar em Gliese-6143-C. Assim, todos os recursos ou foram destruídos ou estão espalhados pelo mapa. Há que usar cavernas naturais e encontrar formas de contornar faltas ou problemas.

E este planeta odeia-nos. Com ciclos completos de dia e noite, de dia podemos estar cheios de calor com temperaturas na ordem dos 40ºC como à noite podemos estar a tremer com -30ºC. Se chove, ficamos molhados, diminuindo a nossa temperatura ao ponto de podermos morrer de hipotermia. Também há que contar com a temperamental meteorologia e as tais tempestades tenebrosas que, quase sempre, se fazem acompanhar de sons estranhos e um enorme e mortífero tornado. Se for isso que nos mata, de vez em quando há uma chuva de meteoros. Procurem uma caverna para vos acolher ou simplesmente fujam.

Com tantas formas de morrer, felizmente temos o nosso pequeno computador Wilson que nos dá valiosos dados como temperatura, humidade, ritmo cardíaco e outras informações vitais. O Wilson será o vosso melhor companheiro, tal como a bola de voleyball com o mesmo nome do filme “O Náufrago”. Não só nos dá as tais informações vitais, como nos fornece o rumo do próximo passo de missão, ajuda-nos a decifrar enigmáticos painéis e até nos permite obter dicas de objectos ou ouvir comunicações. Vão estar sempre de olho nos níveis de hidratação, temperatura ou calorias, caso contrário, morrem. Wilson também nos avisa quando algo não está bem ou quando é preciso dormir, por exemplo.

Sem inimigos aparentes (não, as tais tempestades ridiculamente violentas não contam), não precisamos de armas. Mas não quer dizer que não precisemos de utensílios, sobretudo para explorar as estranhas cavernas que vamos encontrando. Depois de garantirem reunir os recursos da nave, eventualmente encontrarão luzes químicas, lanternas, martelos e outras importantes peças para nosso auxílio. Quem sabe a mais importante, será a plataforma de teleporte. Esta ferramenta lança pequenos discos luminosos à distância permitindo-nos teleportar para estes de forma rápida e em sucessão. Há até zonas no cenário cuja transição depende desta mecânica de teleporte, por isso, convém dominar a arte de arremessar o “disco mágico”.

Não queria, mas vou ter de levantar um pouco o véu do enredo. Algures na nossa exploração, vamos encontrar o que parecem ser antigas construções de uma civilização antiga. Nestas ruínas teremos alguns puzzles para resolver, alguns que também recorrem à nossa tal capacidade de teleporte. Os puzzles principais até são realmente simples de resolver, mas há uma série de outros segredos pelas ilhas onde deambulamos. De facto, adorei explorar o cenário em busca de chaves para abrir portas, empurrar cilindros para obter acesso a túmulos, vasculhar cavernas para obter boosts e upgrades da personagem ou a accionar alavancas para descobrir novas áreas. Faz-me lembrar aquelas aventuras fantásticas do passado, como Myst, por exemplo.

Numa mistura de arqueólogos salteadores e exploradores pioneiros, temos um planeta fantástico e com uma atmosfera deslumbrante. Uma vez mais, o motor gráfico Unreal Engine 4 tem aqui um excelente exemplo do que pode fazer ao nível técnico. A versão testada por nós (PC) tem a qualidade visual que podem ver nas imagens que partilhamos, todas exemplares do que o jogo oferece. Apesar de estar em Early Access, não posso deixar de destacar esta qualidade visual, sobretudo ao nível de efeitos e animações. E a nível sonoro o jogo também merece uma nota positiva. Cumpre o objectivo de embrulhar a atmosfera enigmática do planeta, quando surgem sons e banda-sonora que nos inspiram mistério e até algum receio do desconhecido.

Mas nem tudo está bem com este jogo em acesso antecipado. É curto, muito curto. Já expliquei que é apenas a primeira parte de várias que serão lançadas mensalmente, além de outras novidades adicionadas semanalmente. No entanto em pouco mais de 3 horas terminei esta primeira parte. E notem que levei o meu tempo. É curto para um jogo tão promissor cujo forte é a exploração.

E não entendo porque não temos direito a um mísero mapa para seguir. Explorar um cenário desconhecido sem ao menos podermos marcar posições ou recordar caminhos, é ingrato. O arquipélago é enorme e mesmo que não possamos (ainda) transitar para outras ilhas, temos de lidar com caminhos e acessos complexos entre zonas. Dei por mim perdido quando me apercebi que tinha de voltar para atrás numa secção do mapa por não ter trazido um objecto específico. Digamos que o caminho foi encontrado por acaso já quase a desistir. Um mapa de jogo ajudava bastante.

Também não gostei de algumas pequenas falhas de lógica, como a quantidade limitadíssima de espaço no inventário (mesmo aumentando com upgrades), não haver um local específico para acumular inventário de modo a voltar quando for preciso, o corpo da personagem não está desenhado parecendo que estamos permanentemente a flutuar (sobretudo a subir e descer escadas), os cristais de luz que nos encadeiam mais que iluminam o nosso redor ou outros pequenos erros e falhas que, estou certo, a equipa deverá abordar nas próximas semanas de modo a aprimorar a experiência.

Veredicto

Queria mais. Não gostei de seguir o enredo principal e de repente surgir uma imagem a pedir para esperar pelo segundo capítulo. Passaram-se umas três horas de jogo apenas. É pouco, muito pouco para o potencial do jogo. É um jogo graficamente deslumbrante, com o contínuo mistério revelado muito lentamente e a deixar-nos pregados ao ecrã. Mas, depois, perde o encanto pela falta de continuidade. É bem possível que se frustrem com a falta do mapa ou com outros pequenos erros ou faltas que encontram a jogar. No entanto, The Solus Project é uma pedra preciosa por lapidar. É preciso dar tempo para que a visão de “Hourences” tome forma. E nós vamos cá estar para ver o que o jogo final trará.

  • ProdutoraTeotl Studios
  • EditoraGrip Games
  • Lançamento18 de Fevereiro 2016
  • PlataformasPC, Xbox One
  • GéneroSurvival
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Ainda incompleto, queria mais.
  • Falta de um mapa para navegação.
  • Algumas falhas de lógica de jogo.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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