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Medal of Honor Warfighter

Será que todos temos ideia do quanto custa mantermos a nossa liberdade? Será que valorizamos aqueles que todos os dias travam uma guerra cerrada contra o terrorismo? Não estamos a falar de questões políticas. Estamos a falar das operações, tantas vezes clandestinas, que visam muitas vezes cortar pela raiz células terroristas um pouco por todo o mundo. Às vezes ouvimos falar dessas operações. Outras vezes nem por isso. Quando ouvimos falar da SEAL Team Six ou da SAS ou das Spetznaz, podemos apenas achar que são meros grupos de soldados banais. Mas Medal of Honor Warfighter e o seu antecessor vieram demonstrar que existe uma estirpe de soldados que são os verdadeiros heróis dos quais a História, geralmente, não reza a lenda.

“The only easy day was yesterday…”

Algures no mundo, existem equipas de Operações Especiais. Chamemos-lhes SAS, Navy SEALs, SFOD-Delta, ODA, GROM, Spetznaz, SOC, em todo o mundo existe uma força especial de elite dedicada a uma vertente pouco conhecida de combate não convencional. Mencionámos aqui algumas das equipas presentes em Medal of Honor Warfighter (MOHW) mas o foco da estória está em “Preacher” e “Stump”, nomes de código de dois operacionais do DEVGRU, mais conhecida por SEAL Team Six uma divisão especial e secreta dos US Navy SEALs dedicados ao combate ao Terrorismo. Esta foi a equipa destacada para a missão de assassinato a Usama Bin Laden.

Enquanto “Stump” integra a Task Force Mako, sob liderança do famoso “Voodoo” umas personagens do anterior jogo, a estória segue principalmente “Preacher”, também presente no primeiro jogo e principal personagem nesta continuação. “Preacher” tem um dilema. Se por um lado a sua obrigação como DEVGRU o obriga a estar ausente em serviço, por outro a sua família desintegra-se. E basta um incidente grave, baseado em factos reais, para que se aperceba da fragilidade da sua família e do seu dever de a proteger.

Factos reais são, aliás, uma constante no modo carreira deste jogo. De Madrid ao Yémen, passando pelas tumultuosas águas de piratas na Somália, todas as missões começam com uma pequena legenda “Baseado em factos reais” e por vezes a realidade colide com a ficção tornando a linha algo ténue.

O que a estória deste jogo pretende é demonstrar a capacidade operacional desta Força Especial de Elite. Mas também demonstrar pelo resto do mundo que existem forças igualmente importantes com o mesmo papel como a SAS do Reino Unido, a GROM na Polónia, entre outras. E o facto de que o cenário muda constantemente, não muda a real ameaça do inimigo silencioso que planeia ataque às Torres Gémeas ou ao metro de Madrid.

Poder não ser de facto, uma grande história a ser contada. O némesis acaba por ser um vilão genérico que incorpora todos os estereótipos. Mas afinal a vida real destes soldados não é composta por enredos de Hollywood, mas de momentos bons e maus numa estória que parece não terminar de luta contra o mal. No final fica a homenagem a estes verdadeiros heróis de carne e osso. E se não lhes dão valor pela qualidade das suas operações, pelo menos irão poder avaliar o seu sacrifício.

“Stack up on the door…”

Mas nem só de enredos realistas vivem os jogos. É preciso que a interacção e a jogabilidade, afinal isso sim é que define o jogo, correspondam. Quem jogou o anterior Medal of Honor, recorda-se das imensas falhas de Inteligência Artificial ou das diversas questões técnicas do Multiplayer que acabavam por dar cabo de um bom jogo que até já era curto no modo carreira e que possuía diversas questões que ficavam aquém do desejável. MOHW tinha o dever de fazer esquecer isso e aproveitar o excelente motor gráfico da DICE, o grande Frostbite 2 desenhado para grandes jogos como Battlefield 3 ou Need For Speed Hot Pursuit.

Mas se a Danger Close herdou um enorme know how dos dois jogos já mencionados, não parece. Infelizmente, apesar de muito melhor que o anterior título, os problemas da IA e algumas questões de interacção persistem. Apesar de surgir agora um excelente sistema de cobertura que permite olharmos em volta de obstáculos com facilidade sem nunca nos expormos, apesar da IA estar um pouco melhor e mais “atrevida”, escondendo-se e movimentando-se com mais realismo, persistem os “stand offs” com tiroteios intermináveis dos nossos aliados (supostamente atiradores especializados) a falharem em 50% dos casos durante largos minutos. Há também um enorme melhoramento nas animações gerais das personagens, mas mantém-se aqui e ali um efeito “robotizado” dos adversários.

Mas tirando esses pormenores técnicos, é um festival de táctica, sobretudo para quem gosta destas coisas. Entrar numa sala pode ser feito de várias formas, desde o mais simples pontapé numa porta ao artilhar da mesma com explosivos, vale tudo. Para isso, um útil menu surge em cada “Stack Up” para escolher. Algumas opções vão ficando disponíveis com a nossa prestação ao longo do jogo.

A intensidade pode fazer parecer que este é mais um jogo de “tiro neles”. Mas a Danger Close refinou a sua definição de um shooter e colocou o passo num padrão mais lento. Isso é bom e mau ao mesmo tempo. Se por um lado adoramos ver como se recarrega uma arma de forma táctica, com animações credíveis, ou se gostamos de “cozinhar” uma granada para evitar que o inimigos fujam, ou ainda que a nossa sobrevivência depende mais do local de abrigo que a rapidez de movimento, por outro achamos que os amantes dos jogos rápidos vão odiar MOHW.

Este é um jogo de táctica, de movimento inteligente e de cobertura. Porque é mesmo assim na vida real. Os inimigos não são propriamente imberbes e se nos expomos podemos levar uma série de tiros que vão diminuindo a nossa visibilidade e atrapalham a concentração (supressão). Isto obriga a passar alguns minutos a trocar tiros em salas enormes repletas de adversários. Para os snipers, é preciso também contar com a gravidade que afecta a trajectória da bala nas armas em distância. Se isso causa algum desgosto em alguns jogadores com gosto virado para a acção mais linear e de arcada, noutros é mais uma dose de autenticidade.

A interacção fica completa com a operação em veículos durante três missões. Numa ocasião perseguimos um Taliban pelas ruas de Karachi no Paquistão. Noutra missão fugimos de um rapto de uma figura importante pelas ruas do Dubai. Em ambas as missões ficamos impressionados com a precisão na condução e nas dinâmicas dos veículos. Mas depois lembramo-nos de que NFS faz parte das aplicações do Frostbite 2 e vemos bem como o jogo beneficia dessa integração. Isto é também evidente numa missão que conduzimos uma lancha por entre escombros.

“Target, 200 meters… take him out…”

Medal of Honor Warfighter é um dos jogos mais bonitos que já vimos, desde Battlefield 3 a usar o motor Frostbite 2. Nas diferentes versões que jogámos, apesar de nas consolas se notar uma ligeira redução na qualidade gráfica, o jogo é um festival de efeitos especiais a todos os níveis. Visualmente, desde os escombros de uma cidade na Bósnia às fortificações terroristas no Yemen, passando até mesmo por um simples bote no alto-mar, não ficamos desiludidos com este fantástico jogo.

As deslumbrantes cutscenes que contam a estória de “Preacher” são qualquer coisa de fantástico. Ainda não tínhamos visto algo tão realista a nível de texturas e animações faciais. Tão realistas que em certos momentos parece que estamos a ver um filme.

As próprias personagens em jogo são desenhadas com imensos pormenores, com as armas em óbvio destaque com imensos pormenores como as trademarks dos fabricantes, desgaste e danos nas mesmas e claro, as animações e reacções com todo o pormenor.

E o jogo premeia muito bem a destreza no gatilho com um som impressionante das balas a furar diferentes superfícies enquanto o fantástico motor Frostbite 2 faz questão de levantar poeiras e detritos. Só depois percebemos que aquela parede firme em que nos escondíamos desapareceu na última rajada e é tempo de fugir.

A nível sonoro, mais uma vez temos autenticidade. Mesmo que por vezes alguns sons tenham problemas de encadeamento, sendo cortados aqui e ali no meio da acção não cortam a intensidade de alguns momentos no jogo. O som de uma metralhadora automática a ser disparada desde um helicóptero, ou o leve silvo de uma bala a passar por cima da cabeça são fantásticos. Longe estão os sons genéricos que mais parecem bombinhas de carnaval que outros jogos possuem. Liguem o sistema surround lá de casa e descubram.

“On your six!”

A DICE tem nos seus ombros alguns bom anos de acção multijogador com a série Battlefield. Ao desenharem o motor gráfico que corre Medal Of Honor, proporcionaram à Danger Close uma oportunidade robusta de explorar a variante que já no anterior título, praticamente salvou o jogo.

O modo carreira conta com uma total integração no famoso Battlelog, um aplicativo online para seguir a evolução do jogador, estreado com Battlefield 3. Todas as funcionalidades estão presentes, inclusive o acompanhamento de estatísticas e bónus, a possibilidade de juntar amigos em pelotões e mesmo criar campeonatos e jogos contras outros pelotões. Uma novidade de peso é o modo “Nations” que permite defendermos o nosso país num ranking mundial.

Mas também partilha uma série de novidades que na verdade foram introduzidas no primeiro jogo e outras foram exploradas em Battlefield 3.

A principal novidade no modo multijogador é o chamado “Buddy System”. Cada equipa é composta por diversas Fireteams de dois jogadores. Estes são designados por Buddies e existe a opção quando morto de poder fazer respawn no companheiro (um refinamento de Battlefield 3 em que podemos fazer respawn num dos três companheiros da Squad) ou no objectivo ou na base. Este “buddy system” permite ainda reabastecer de munições e mesmo curar perdas de energia ao companheiro. Genial e muito útil.

Para escolher estão uma série de forças especiais em cinco especializações. Desde sniper, assaulter, demolições, pointman, supressor e Spec Ops, cada um personalizável com uma de 12 equipas de operações anti-terroristas de 10 países diferentes. Cada classe possui características especiais e acções especiais que vão ficando disponíveis não como “killstreaks” mas como acumular de pontos. O que premeia mais o jogo de equipa e de objectivos que propriamente as kills como em outros jogos.

A personalização das armas vai além de colocar uma mira diferente. Podemos seleccionar diversos componentes como fustes, coronhas, tapa-chamas e outros acessórios. Tudo devidamente licenciado por marcas conceituadas como Heckler & Koch, McMillan, Aimpoint, Trijicon, Magpul. LaRue, Daniel Defense e muitas outras. Também cores e decorações das armas são seleccionáveis. Tudo confere uma dose de “Gun Porn” que é raro ver em jogos que oferecem coisas algo genéricas e irreais como pintar a arma de vermelho tigrado que não é bem o alvo deste jogo que transpira autenticidade.

Os modos de jogo online são poucos mas bons. Há jogos que colocam tantos modos de jogo que duvidamos que metade sejam jogados realmente. Existem seis modos de jogo e duas opções de mistura de modos.

Sector Control – Uma espécie de captura de bandeira (ou Conquest em Battlefield 3) em que várias bandeiras podem ser conquistadas, perdidas e reconquistadas. Ganha a equipa com mais acumular de pontos em tempo total de jogo.

Hot Spot – Um jogo de montagem e desactivação de bombas em que todo o mapa pode ser utilizado em vários pontos que são aleatórios. Uma equipa defende outra ataca. Ganha a equipa que defende se matar todos os adversários e esgotar os seus respawns. Ganha a equipa que ataca se destruir todos os objectivos.

Combat Mission – Uma variante de Hot Spot com montagem de desactivação de bombas que apenas difere no facto de ser jogo à zona e as equipas só avançam para a próxima zona se destruírem ou protegerem um objectivo.

Home Run – Jogo clássico de captura de bandeira e fuga para a base. Ganha equipa que mais roubar bandeiras em tempo determinado.

TeamDeathmatch – Clássico modo de equipa contra equipa. Ganha equipa que mais pontuar kills em tempo determinado.

Real Ops – Uma espécie de modo hardcore que mistura diversos modos de jogo.

Nos diversos modos de jogo e no robusto Blattlelog, são muitas as horas previstas de jogo para os entusiastas do jogo online com o selo de qualidade do Frostbite 2. Embora muito diferente de Battlefield 3, sobretudo pela ausência de veículos e o uso de armas especiais pela acumulação de pontos, acaba por ser um jogo em tudo paralelo ao seu primo da DICE, pelo menos em termos de autenticidade da interacção.

HOOYAH!

Temos jogo. Não é consensual e acho que muitos esperavam que este jogo viesse dar cabo da concorrência. Mas creio que se foi esse o objectivo ficou aquém. Até mesmo pela fama e imagem de outros jogos do género, Medal Of Honor fica aquém por retratar um tipo de soldados pouco conhecidos, algo secretos até e que podem não agradar à maioria, habituados que estão ao “gun’n’run” e a modos de jogo que são mais para o espectáculo que para o realismo. E não é ao realismo que a Danger Close pretende apelar. Mas sim à autenticidade. Quem estiver habituado a operações deste género vai achar o jogo realista (até demais, pelas palavras de alguns). Mas como jogo pode ser aborrecido para os que estão habituados a outros géneros e outras chancelas. E é isso mesmo que é… um jogo. E de facto, como jogo que é, fica algo aquém do esperado com as falhas técnicas que apresenta. Mas o que temos em mãos é muito bom e basta à Danger Close refinar um pouco o seu jogo para termos algo significativamente inovador. Nós… não conseguimos largar a nossa HK416…

  • ProdutoraDanger Close
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento26 de Outubro 2012
  • PlataformasPC, PS3, Xbox 360
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Alguns problemas de AI e alguma repetição
  • Falta de polimento nalguns mapas
  • Não é para todos os jogadores

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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