Análise: WWE 2K15

Cresci a assistir aos combates de Wrestling ainda transmitidos nos idos anos 90, na televisão nacional, e tornei-me um fã dos jogos desta modalidade, sobretudo na era WWE Smackdown! vs Raw onde perdia horas a fio a criar personagens e a levá-las até ao título da WWE. O primeiro jogo da desta série a cargo da 2K Games nas consolas de nova geração era um jogo que já havia experimentado brevemente na versão da PS3/Xbox 360. As minhas expectativas estavam altas. Será que me desiludi? 

O modo MyCareer permite-te, pela primeira vez na série WWE 2K, criar um lutador e levá-lo a atravessar os escalões da WWE à medida que vamos treinando no Performance Center e lutando na NXT. Algo extremamente exigente e que a 2K fez ainda questão de acentuar ao obrigar os jogadores a tolerarem as deixas repetitivas do treinador Bill DeMott durante todas as horas que passamos no ginásio enquanto evoluímos o nosso personagem. E acreditem, vão passar por lá muitas horas já que, sem as quais, nunca conseguirão chegar ao Evento principal da WWE.

O departamento gráfico de WWE 2K15 deixa-nos com um ligeiro sabor agridoce quando nos oferece modelos representados de uma forma excelente como Randy Orton ou John Cena e outros, que de uma forma contraditória, chegam até nós completamente desfigurados e sem qualquer semelhança com os lutadores originais. São disso exemplo os modelos de Shawn Michaels, CM Punk ou The Rock. Este desfasamento deve-se sobretudo ao facto de ter sido executado o scan facial 3D a apenas alguns lutadores. Aqueles aos quais este processo não foi feito, contrastam brutalmente com os lutadores com scan facial. Não obstante, WWE 2K15 acaba por cumprir, impressionando até em alguns momentos quando mostra os cenários e o público. Contudo, fica bem atrás do impressionante EA SPORTS UFC neste nível específico e dentro do mesmo género.

A 2K tentou trazer uma componente emotiva aos combates de WWE 2K15, colocando de parte aquelas situações em que os lutadores depois de sofrer um finisher, se levantam de imediato e prontos para retomar o combate, como se nada tivesse acontecido. Os combates são longos, penosos e acima de tudo um processo até chegar ao objectivo final: a submissão ou o pin. Durante esse processo é importante dominar a resistência do nosso lutador, conhecer os seus limites e evitar danos maiores durante o combate. Cada embate mais forte pode colocar em causa a sua capacidade de reverter um ataque.

Apesar de empolgar, o combate é drasticamente penalizado por algumas situações caricatas que acontecem regularmente devido a movimentos estranhos dos lutadores, a murros no ar porque o outro lutador já iniciou uma sequência de movimentos ou até a personagens presos uns nos outros. Afinal de contas, este é um título de nova geração e os jogadores já esperam um certo nível de qualidade nestes aspectos. As melhorias não podem ser só gráficas e a jogabilidade de WWE 2K15 tem algumas problemáticas que colocam tudo em causa.

O combate desenvolve-se sobretudo com base em acções de Quick Time Event que definem momentos chave do nosso sucesso ou insucesso. Mais concretamente quando estamos a agarrar um adversário, tudo funciona com base no pressionar de uma tecla, no momento certo, quando tal for indicado no ecrã. O pior mesmo é o pin que só pode ser revertido quando acertarmos numa ínfima parte de uma barra com um indicador que se desloca demasiado depressa da esquerda para a direita. Mais um QTE mas com sérias implicações na forma como o combate se desenvolve. O pin é o momento que define a vitória da derrota e é ridículo que por vezes, como quando somos nós o alvo, uma simples distracção possa condicionar todo um combate que correu sempre a nosso favor.

O modo 2K Showcase deixa-nos lutar através das intensas e históricas feuds entre CM Punk e John Cena e Triple H e Shawn Michaels. Ambas conseguem mostrar a intensidade com que aqueles momentos foram vividos graças a duas boas fases marcantes do wrestling da WWE. Peca no entanto pelo pouco conteúdo que oferece neste modo só com estas duas campanhas que referi há pouco.

Veredicto

WWE 2K15 é um jogo que diverte,que é fiel ao franchise original (sobretudo no modo 2k Showcase) mas que sofre por vários aspectos técnicos. Sejam eles a jogabilidade com base em elementos Quick Time Event ou até a repetição das deixas do treinador da NXT, Bill DeMott. Esta poderia ter sido uma entrada gloriosa na nova geração das consolas PS4 e Xbox One mas acabou por ser um tiro falhado. A 2K tem muito para resolver no próximo título de Wrestling.