Análise – War Mongrels: Renegade Edition
O mais recente título a herdar o que a saga Commandos nos trouxe é War Mongrels, da produtora Destructive Creations. Embora tenha sido lançado no PC há algum tempo, saiu muito recentemente para consolas.
Já passaram mais de duas décadas desde que essa série clássica de acção táctica deslumbrou toda uma geração com um género único que poucos estúdios conseguiram igualar. Seja devido à sua utilização aberta de tácticas ou à sua mistura de estratégia e furtividade numa perspectiva isométrica, é um género pouco explorado nos últimos anos. War Mongrels surge com uma premissa muito parecida. É também um jogo táctico em tempo real na Segunda Guerra Mundial e também dá uso a uma perspectiva isométrica, jogável individualmente ou em modo coop online.
Foi originalmente lançado para PC em Outubro de 2021, infelizmente marcado por algumas falhas e bugs, o que fez com que a produtora lançasse, em Setembro de 2022, a Polished Edition, que adicionou suporte para comandos e mais de 500 ajustes e correções na jogabilidade. Agora, temos mais uma tentativa de nos convencer com a Renegade Edition, que é também o nosso primeiro contacto com este título ambicioso.
Embora o papel dos heróis seja amplamente explorado neste tipo de jogos, desta vez iremos colocar-nos na pele dos desertores. Sem honra, os nossos protagonistas procuram fugir da batalha, oferecendo um bónus totalmente diferente do que é habitual em qualquer género de guerra. Dois soldados da Wehrmacht, Manfred e Ewald, querem fugir da guerra e acabam por lutar até contra seus antigos camaradas Nazis. Breves vídeos introdutórios em cada capítulo explicam a premissa de cada missão e fornecem uma boa história de fundo, tudo contado através de ilustrações muito bem construídas.
Um facto curioso: Se a voz de Ewald vos parecer familiar, não estão enganados. O incontornável Doug Cockle (Geralt de Rivia) dá a sua voz a esta personagem. Apesar do meu apreço pela voz, foi um pouco estranho ouvir sotaques Americanos em soldados alemães, enfim.
Se já jogaram algum título deste género, como o já mencionado Commandos, Desperados ou Partisans 1941, a jogabilidade será muito semelhante, sendo furtiva, difícil, onde rapidamente se podem sentir sobrecarregados. Cada personagem possui um conjunto único de habilidades próprias mas ambos podem agachar-se ou rastejar para se moverem em silêncio, assobiar para chamar a atenção, pegar em corpos de soldados e correr se necessário (eventualmente vão precisar). As habilidades de Ewald incluem atirar garrafas para distracção ou parti-las para eliminar dois soldados inimigos de uma só vez. Também é forte o suficiente para os deixar K.O. quando estão próximos. Manfred possui um relógio de bolso que pode ajustar o alarme e atirar para distrair inimigos, além de ter uma faca para eliminar rapidamente os soldados próximos.
As unidades inimigas têm campos de visão amplos, detectando qualquer coisa que esteja dentro do seu campo de visão. Se houver arbustos ou outros obstáculos, Manfred e Ewald poderão rastejar por entre eles. Cada campo de visão também possui uma distância máxima. Próximo ao soldado, serão vistos independentemente da vossa posição, a menos que encontrem um disfarce. A outra metade do campo de visão é representada por linhas diagonais, se estivermos de pé nessa área, seremos vistos, por isso é bom que sigam a rastejar dentro dessa área.
Mover-se em modo furtivo por cada um dos mapas incrivelmente detalhados é essencial… mas não é sempre necessário. O design do áudio em jogo é engenhos, podendo usar as explosões para encobrir ruídos altos que possam precisar de fazer. Cada soldado inimigo também possui um campo de detecção sonora e, caso façam demasiado barulho por perto, mesmo que estejam atrás de algum obstáculo, o soldado inimigo irá investigar o local.
Também há um modo mais táctico, bem no género de Shadow Tactics, que pausa o jogo e dá a possibilidade de encadear instruções às personagens. Por exemplo, podemos ordenar a eliminação de um guarda para cada um e depois executar o plano de movimento, tudo seguirá numa sequência orquestrada. Aqui foi onde senti mais frustração. Na maioria das vezes, um dos soldados simplesmente levantou-se e não fez o que eu queria. Ou então corria e fazia barulho alertando o inimigo. Foi muito frustrante, mas felizmente há auto-saves regulares para voltar atrás.
Em determinados pontos das missões, podemos apanhar armas e existem secções, geralmente perto do final de cada missão, onde podemos optar por um estilo mais agressivo. Confesso que, de modo geral, o uso de armas foi o meu último recurso, pois frequentemente morria assim que tentava usá-las, especialmente se ignorasse algum soldado menos óbvio atrás. Ao ouvir os tiros, os inimigos surgem a correr e acabamos por ficar rodeados.
Se tiverem paciência, em cada missão, existem algumas formas divertidas de eliminar soldados. Por exemplo, numa missão em que havia um camião a ser reparado, no caminho havia um grupo de quatro soldados sentados ao redor de uma mesa a conversar. Era claro que se eu conseguisse chegar ao camião, poderia empurrá-lo para atropelar os quatro soldados. No entanto, para chegar até lá, teria que eliminar meia dúzia de outros soldados. É uma opção que pode ser facilmente ignorada mas é muito gratificante experimentar uma abordagem mais metódica, aproveitando para encontrar os vários coleccionáveis com mais informações sobre as histórias de guerra.
Apesar de não ter experimentado a versão PC, senti que nesta adaptação para consolas os controlos estão bem adaptados para o género em questão. Obviamente, continua a ser um título muito complicado de jogar sem utilizar um teclado e rato, notando-se que esta é uma adaptação com alguns compromissos. Foi necessário dominar várias combinações de botões que activam as habilidades e movimentos de cada personagem, assim como mudar a câmara e abrir os menus. Pode ser um pouco complexo demais na interacção, contudo, há aqui uma boa adaptação ao gamepad.
Em relação ao modo multi-jogador cooperativo, este limita-se apenas ao modo online, tornando-se impossível jogar em ecrã dividido, uma das características possíveis na versão PC. Ainda assim, pude testar a ligação com outros jogadores via online e não encontrámos grandes problemas durante o jogo. Pelo contrário, considero que é um dos elementos mais divertidos da oferta. Parece uma boa oportunidade para desfrutar a campanha com a ajuda de um amigo, cada um a dominar uma personagem diferente. Sem dúvida, um dos seus principais atractivos.
Como devem ter reparado, fiquei fã da história cativante deste título, apreciei também que tenha chegado até aqui uma versão muito polida. Comparando com o que foi dito no lançamento, muito foi corrigido, polindo uma grande quantidade de erros que assolava a versão de PC. Mesmo assim, há ainda alguns bugs esquecidos que, apesar do tempo que tiveram para os resolver durante este port, não fazem grande sentido. Em algumas situações, notei quebras de performance (frames por segundo) assinaláveis, especialmente ao trocar de personagens.
Isto surpreende-me, especialmente porque não estamos perante um jogo que seja assim tão exigente a nível gráfico, apesar de ser bastante detalhado e cheio de óptimos efeitos visuais, com uma grande amplitude de visão na sua perspectiva isométrica. Não vejo aqui grande exigência técnica que justifique as quebras, assim como os acentuados e inesperados tempos de carregamento. Parece-me assim que, pelo menos na versão analisada na PlayStation 5 é aqui desperdiçada a oportunidade de aproveitar o que a geração actual de consolas tem para oferecer.
Veredicto
War Mongrels é um bom jogo táctico em tempo real com uma história bastante envolvente e ambientes incrivelmente detalhados. Ter habilidades únicas para cada personagem, dá-nos várias opções para alcançar os objectivos, chegando mesmo a mudar a jogabilidade o suficiente para não se tornar demasiado repetitivo ou monótono. Se, por acaso, experimentaram o jogo no seu lançamento e não tiveram a melhor experiência, recomendo que dêem outra chance, principalmente se quiserem desfrutá-lo com companhia.
- ProdutoraDestructive Creations
- EditoraDestructive Creations
- Lançamento25 de Abril 2023
- PlataformasMac, PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
- GéneroAcção, Estratégia
Um jogo equilibrado e com boas ideias, os seus erros não o impedem de brilhar.
Mais sobre a nossa pontuação- A história realmente única nesta era
- Boa adaptação para as consolas
- Modo cooperativo online
- A sua dificuldade pode afastar jogadores menos pacientes
- Algumas questões técnicas
- Por vezes, depende muito de "tentativa e erro"
Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.