Análise – Track Lab (PS VR)

Hoje vamos falar de uma ferramenta disfarçada de jogo que vos permite soltar o DJ que há em vocês. Track Lab para PlayStation VR permite para criar música directamente num ambiente em realidade virtual. Curiosos?

Não há dúvida que tem sido um grande ano para o PlayStation VR. Já foram lançadas dezenas de jogos e experiências neste ano e o próprio acessório já conseguiu vender uns impressionantes 3 milhões de unidades. Como tal, a oferta começa a tornar-se cada vez mais variada e começam a surgir também outras ferramentas, que não sendo jogos propriamente, dão muito maior utilidade ao dispositivo. Entre as mais recentes, já falámos de uma que até permite criar modelos em 3D, como foi o caso de Cool Paintr VR. Contudo, este será uma das ofertas mais divertidas em portfólio. Tudo porque envolve música.

Este título é, na sua essência, uma potente ferramenta para criação de música. Contudo, ao contrário dos típicos softwares para este fim, Track Lab é bem mais fácil e super intuitivo de usar. E não se preocupem se são novatos na “rodagem de pratos”, o jogo ajuda a entender como proceder de forma bastante clara. Como oferta, existe um modo de puzzle que serve principalmente para nos introduzir às dinâmicas e ensinar-nos como se usam todas as ferramentas que estão ao nosso alcance.

Há também um o modo livre para a criação de música e, notem que está disponível desde início, mesmo sem passar pelo tutorial. Contudo e para incentivar a visitarem o modo de puzzles, são desbloqueados novos samples a cada um destes puzzles que completam. É como um convite a progredir, não sendo propriamente um modo de carreira, claro. É que, quanto maior for a oferta de pequenos sons e ritmos, melhor será a vossa música original.

A jogabilidade em si é muito simples. Para nos orientarmos, o interface usa a luz para simbolizar batidas e sons, com uma enorme grelha presente à nossa frente. Um pulso de luz é disparado automaticamente seguindo uma trajectória e atravessando esferas coloridas e outros tipos de elementos que produzem o seu respectivo som. O objectivo de cada puzzle é levar a fonte de luz até ao seu objectivo final.

Dependendo da dificuldade dos níveis que escolherem, terão à disposição diferentes elementos que podem usam para manipular a luz e completar o puzzle. Entre esses elementos, existem uns que trocam a direcção e que dividem a luz em duas partes. Todos eles podem ser simplesmente “agarrados” e colocados na grelha com a ajuda do comando PlayStation Move. Cada nível é composto por várias grelhas e cada uma delas precisa de ser completada em sequência para criar um ritmo.

A parte interessante é que, no final de cada puzzle, o ritmo que foi criado é transformado num bloco que pode ser guardado e usado mais tarde no modo de criação livre. É como uma espécie de sample que podemos depois usar para combinar com outros ritmos. Para usar estes blocos, existem locais específicos onde podem encadear várias caixas e controlar o volume de cada uma de forma independente. Quando se aperceberem do ritmo, entram na “zona” e estão a criar as bases para músicas de encher álbuns.

Os puzzles no geral estão muito bem construídos, fáceis de perceber e têm uma curva de aprendizagem muito ténue. No entanto, há sempre alguma dificuldade nos níveis mais avançados. Sugiro que comecem no modo mais fácil para conhecerem as bases mais tolerantes da jogabilidade. Só depois se devem aventurar nos puzzles mais complexos e que realmente puxam pelos neurónios. Se derem por vocês a dançar ou a cantarolar as músicas, não estranhem. Acima de tudo, não deixem de se divertir com esta ferramenta.

Assim que terminarem todos os puzzles terão à disposição dezenas (senão centenas) de sons e ritmos diferentes que podem usar para criar as vossas próprias músicas. Para os mais entendidos, posso dizer-vos que tem a possibilidade de usar crossfade, mexer na velocidade de reprodução e todas as outras funcionalidades que um DJ precisa para as suas criações. Não é propriamente uma caixa de ritmos ou algo semelhante, mas chega lá bem perto pelo nível de personalização das faixas que é possível obter.

O esforço que a produtora Little Chicken Games aplicou nesta ferramenta é impressionante. Não só pelo enorme cuidado que teve em colocar todas as ferramentas de uma forma simplificada, mas também pela excelente apresentação visual que funciona muito bem em realidade virtual. Graças a um grafismo simples, mas bastante detalhado e cheio de efeitos visuais, o interface torna-se fácil e simples de usar, ajudando muito na tal utilização intuitiva que já mencionei.

Veredicto

Track Lab será mais direccionado aos fãs de música e que gostem do processo criativo por detrás da criação musical. Apesar de se apresentar como um jogo de puzzles, não é bem esse o seu objectivo. É o local ideal para criarem as vossas batidas e, quem sabe, dar uma festa lá em casa. Seja como for, o trabalho desta produtora em combinar a criação de música com puzzles numa só experiência é de louvar. E mal podemos esperar para ver as vossas obras primas que vão surgir por aí com a ajuda desta ferramenta.