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Análise – The Persistence (PS VR)

Imaginem uma nave espacial a milhares de anos luz da Terra. Agora, imaginem-se sozinhos nessa nave. Não bastava esta nave ser sombria e claustrofóbica, também está repleta de mutantes violentos e nada amistosos. Bem vindos a The Persistence

Um dos maiores contratempos que encontro actualmente no mercado de jogos VR é a duração dos jogos em oferta. Há aventuras bastante elaboradas como Skyrim VR ou Resident Evil 7 mas, na sua grande maioria, muitos dos títulos disponíveis e exclusivos da Realidade Virtual só agarram a nossa atenção por apenas três ou quatro horas no máximo. No caso deste novo The Persistence, temos uma nova esperança quanto à longevidade. É um jogo de terror que é capaz de vos agarrar por muito mais horas, mesmo depois de o terminarem. O que nos falta saber é se conseguimos sobreviver por tempo suficiente.

Na sua essência, The Persistence é um roguelike de terror com acção furtiva e na primeira pessoa. Decorre a bordo de uma nave espacial que dá o nome ao jogo no ano de 2521, quando a missão acaba de chegar a uma estrela que está a 17.000 anos luz da Terra. A bordo, encarnamos o papel de Zimri Eder um antigo segurança desta nave que, subitamente, se vê em apuros para sobreviver a uma horda de mutantes. Felizmente, temos o apoio de Serena, outra especialista da tripulação que nos vai dando objectivos e explicando o que aconteceu anteriormente.

Na verdade, o segurança Eder que controlamos não é o Eder verdadeiro. Confusos? Eu explico. Esta nave está equipada com uma tecnologia capaz de “imprimir” corpos de humanos e colocar nele cópias de segurança da memória da pessoa em questão. Algo só possível no ano em que decorre o jogo, obviamente. Não corram já para a vossa impressora 3D, portanto. Sempre que encontrarmos a morte (e acreditem que será bastante comum), esta tecnologia entra em acção e cria um novo corpo.

Toda a acção decorre a bordo da nave com grande inspiração na Ishimura de Dead Space, com um ambiente que também nos recorda os corredores escuros e claustrofóbicos da nave Nostromo do filme Alien, de Ridley Scott. Entre nós e a salvação estão quatro enormes áreas, cada uma repleta de criaturas prontas a desmembrar-nos vivos. Estas foram criadas depois de um trágico acidente que criou mutações na tripulação. Apesar de não existirem surpresas no desenrolar, há algo de fascinante em conhecer os pormenores da história, seja enquanto Serena nos tenta explicar, seja através de breves comunicações de áudio que vamos ouvindo.

A aventura começa a partir de uma base operacional, onde é possível armazenar upgrades através das várias moedas (FabChips) que foram coleccionadas na sessão anterior. Apesar da natureza aleatória dos níveis, cada um tem um aspecto específico e vários pontos fixos, como terminais, tipos de inimigos e objetivos principais. A principal tarefa, portanto, é sempre ir a uma sala específica, especificamente marcada, para avançar na aventura. E é óbvio que teremos de ter muito cuidado para não morrer.

Toda a gestão é feita em torno dos tais FabChips. Trata-se da moeda do jogo que pode ser gasta em máquinas especificas, em troca de armas e armaduras, um pouco como faríamos com Isaac Clarke. Isto significa que há um risco inerente a tentar obter novos itens e upgrades de equipamento. Estas peças só poderão ser adquiridas nestes locais específicos, o que nos leva, obrigatoriamente, a deslocar por áreas de risco, cheias de mutantes. É uma jogada arriscada mas que tem óbvios benefícios.

Morrer, no entanto, fará com que deixemos todos os itens comprados para trás. Felizmente, os FabChips, as Stem Cells (usadas para melhorar as habilidades) e os Erebus Tokens (usados para melhorar o equipamento), mantêm-se no inventário do jogador após a morte. Menos mal. Mesmo assim, voltar ao jogo é algo frustrante por causa desta lógica. A ideia é ser mais forte que da última vez o que, dado o crescimento exponencial da personagem, se vai tornando menos difícil. Mesmo que toda a morfologia da nave mude e nenhum reinício seja igual ao anterior, a experiência ganha está lá.

No que toca aos adversários, existem vários inimigos para enfrentar, todos com várias habilidades que os distinguem. Entre os quais, destacam-se os mortos-vivos armados, bestas com considerável força física, bruxas gritando e, por fim, o repugnante Lurker, criaturas que se escondem para, de repente, surgirem à nossa frente de forma repentina, certamente o meu favorito. Nada disto é realmente novo no imaginário do terror, é certo. Mesmo assim, estes monstros são capazes de incutir a inquietação do costume, sobretudo em ambiente de realidade virtual.

Para os combater há uma variedade de armas ao nosso dispor. Estas vão desde pistolas ou espingardas, mas também temos ataques corpo a corpo. A minha arma favorita é a arma de gravidade que consegue suspender os inimigos no ar e permite-nos controlá-los com os movimentos da cabeça. Depois de os “agarrar” é possível ainda fazer movimentos de forma que batam nas paredes ou no tecto, enquanto vemos o seu sangue a ser projectado para todo o lado. É uma sensação gratificante. Sim, é… eu sei que tenho um gosto algo peculiar por estas coisas, mas é isso que sinto.

A única opção de controlo em The Persistence é usando o DualShock 4 com movimento livre do protagonista. Contudo, é possível configurar com três opções que vão de encontro as necessidades dos jogadores. A mira está directamente relacionados com o movimento da cabeça e as acções contextuais (abrir portas ou coleccionar objectos, por exemplo) são feitas apenas a partir do olhar. Infelizmente, a equipa de produção não teve em consideração os comandos de movimento PS Move que, neste género em questão, até podiam dar uma nova camada de imersão.

Dito isto, o que a experiência transmite é positivo em todos os aspectos. Tem um interface inteligente, dando-nos muitos objectos transportáveis sem restrições absurdas. Até a estrutura dos níveis mostra um cuidado de concepção acima da média, com plataformas de tele-transporte para mudar de piso e passagens que podem ser cruzadas por agachamento, ideais para evitar olhares indiscretos de mutantes. O trabalho realizado nos mapas de jogo é louvável, esquematizando tudo em miniaturas dos sectores, podendo ser consultados sempre que necessário.

Mas, ainda há mais! The Persistence tem uma aplicação para dispositivos móveis que permite que um amigo entre no jogo e interaja com a acção em tempo real. Podem destacar partes do ambiente, atrair inimigos e descobrir objectos coleccionáveis. Contudo, em vez de ajudar, podem também fazer exactamente o oposto, chamando a atenção dos inimigos para nós, fechar portas que precisamos abrir ou controlar as luzes para nos dificultar a vida. Nada disto é essencial para a experiência, mas oferece uma reviravolta única, nunca vista antes, dentro ou fora da RV. Digo-vos que proporciona momentos interessantes.

A grande questão é: por quanto tempo a experiência se mantém apelativa. Os produtores indicam que passar toda a aventura do início ao fim e sem morrer pelo meio, pode demorar entre seis a oito horas. O facto do jogo ser criado de forma procedimental, poderá incentivar a voltar a jogar para poder ver todas as armas, armaduras ou evoluir a personagem ao máximo, explorando sempre um “novo” jogo graças aos mapas aleatórios. Contudo, esta lógica de repetição pode não agradar a todos.

Claro que tudo isto terá mais valor se o ambiente de jogo for credível. O grafismo deste The Persistence possui modelos e texturas de excelente qualidade, considerando que o jogo foi concebido para a plataforma PSVR. Diria até que o visual está entre os melhores da realidade virtual da Sony. Contudo, a profundidade de campo não funciona sempre, com algumas questões na simulação de distâncias, nem sempre funciona muito bem.

Como não podia falta num jogo de terror, nem só o que vemos contribui para a atmosfera terrível. A sonoridade é, muitas vezes, o “parente pobre” da realidade virtual. Contudo, neste jogo o som tem um papel preponderante. Tenho de destacar os diversos sons criados de forma inteligente e que causam tensão. São excelentes contributos para o ambiente obscuro desta nave. Vão por mim, evitem jogar com as colunas da televisão, joguem com auscultadores e saberão o que estou a dizer.

Veredicto

Para dizer a verdade, não sabia bem o que iria encontrar em neste título. Agora que já morri tantas vezes, posso dizer-vos que fiquei muito satisfeito com toda a experiência. A produtora conseguiu aplicar muito bem o estilo roguelike num jogo de terror e toda a atmosfera, o combate e a história intrigante, funcionam muito bem na Realidade Virtual. Pela sua qualidade visual e sonora, digo com honestidade que o PlayStation VR precisa de mais experiências como esta que The Persistence nos traz.

  • ProdutoraFiresprite
  • EditoraFiresprite
  • Lançamento25 de Julho 2018
  • PlataformasPS4, PSVR
  • GéneroAcção, Roguelike, Survival Horror, Terror
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Não tem compatibilidade com PS Move
  • Percepção da profundidade não funciona sempre

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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