Falconeer (4)

Análise – The Falconeer

Numa primeira abordagem, The Falconeer parece mais um daqueles jogos muito “zen” de exploração e com mecânicas de relaxamento. Contudo, ao nos aprofundarmos na sua jogabilidade aparentemente simples, percebemos que, na verdade é um jogo totalmente diferente. Na verdade, este é um “shooter” de combate aéreo.

Pensem num moderno Ace Combat mas, depois, troquem os pilotos audazes por falcoeiros intrépidos, os aviões supersónicos por falcões gigantes e os mísseis por projécteis de laser. The Falconeer, de facto, surpreendeu-me por se revelar algo realmente diferente no género de jogos de arcada com combate aéreo. Na verdade, este jogo emana muita influência de títulos idos, como Panzer Dragoon e tantos outros clássicos que nos marcaram. Como irão ver, porém, a produção de Tomas Sala, por mais ambição que demonstrasse, não chegou a criar um espaço junto a esses clássicos.

Outrora, os Falcoeiros da chamada Grande Ursee, agiam como mensageiros alados. Como esta terra fantasiosa é composta principalmente por água, a população agrupou-se em ilhas, usando os gigantes falcões como meios de transporte. Contudo, algo aconteceu para os tornar quase um mito extinto. Pegamos no jogo quando sabemos que houve uma tentativa de assassinato da Imperatriz desta terra, um evento que quase mergulha o reino no caos. Enquanto recupera das suas mazelas, uma curandeira conta as aventuras dos Falconeers à Imperatriz, expondo uma trama de traições e de heroísmo.

Este é um título de acção, um shooter num formato de combates aéreos, com elementos de Role Play. A ideia é partir numa série de missões para combater várias facções em guerra e proteger os inocentes, ao mesmo tempo que exploramos um vasto mundo aquático. Pejada de pequenos mistérios, Ursee convida-nos a combater inimigos, explorar as ilhas e os fenómenos, como uma impossível fenda no oceano. Voar nas costas do falcão nos primeiros minutos é mesmo uma boa experiência. Mas, bem cedo notarão que por detrás do óptimo plano da produção, está uma execução aquém do esperado.

De facto, seria quase impossível listar todos os elementos menos elaborados do jogo. Para mim, o principal problema está na forma como os pormenores se conjugam. Tomas Sala não é uma equipa, é uma só pessoa, pelo que é normal que falte bastante polimento. Mas, há detalhes que me parecem mais falta de foco criativo, que propriamente de tempo ou de mão-de-obra.

Embora os controlos me pareçam convencionais e a par com outros jogos do género, falta-lhes “peso” e feedback, pelo menos no início. Só quando consegui armas e habilidades mais poderosas é que comecei a achar o combate mais interessante. Mas, demora um pouco a lá chegar. Continuem a jogar que encontrarão dogfights intensos e entusiasmantes, obrigando-nos a manobras cada vez mais engenhosas.

Mas, até ao fim da minha experiência, nunca ultrapassei as lógicas de navegação algo obtusas, especialmente entre missões. O jogo também não faz muito para nos cativar a entender melhor o lore que tenta contar, com a prestação de alguns actores menos entusiasmados a não ajudar na experiência. E nem vamos falar dos controlos no interface e menu, pelo menos na versão analisada na Xbox Series X, não são bons.

O que salva o jogo (de certa forma) é a sua arte, que tanto de colorida, como minimalista. Não há aqui grandes feitos para tirar proveito da nova Xbox, excepto em como tudo é extremamente fluido, com animações muito bem elaboradas, especialmente nos grandes pássaros. E tudo está muito bem desenhado, embora o mundo seja, realmente, desprovido de muitos detalhes. Entre o céu nublado e o mar revolto, há uma beleza latente. E essa beleza é completada com uma boa sonoridade (excepto a ouvir os tais actores menos inspirados a falar, como já disse).

Contudo, o aborrecimento instala-se rapidamente, especialmente para os que, quiçá, procurem algum jogo mais intenso de combate aéreo ou que nos coloque “na ponta da cadeira” a jogar. Não é, de facto um jogo muito intenso na maioria dos casos. Por outro lado, as missões e desafios tornam-se repetitivos a dada altura. Ainda assim, o que eu menos gosto acima de tudo, é de como tudo leva tanto tempo a fazer de um modo geral. Se calhar é mesmo o tal jogo “zen” que parecia ser…

Veredicto

Com a sua oferta de combate aéreo no género de arcada, The Falconeer faz qualquer nostálgico dos grandes clássicos deste tipo de jogos voltar ao passado. Pelo menos nos primeiros instantes. A produção de Tomas Sala revela-se algo inconsistente em ritmo e em polimento. As ideias estão lá, num jogo lindíssimo com uma paleta de cores e com animações muito bem conseguidas. Mas, de um modo geral, o que o faz voar tão baixo é a implementação de todas essas ideias, que nunca chegam a grandes altitudes.

  • ProdutoraTomas Sala
  • EditoraWired Productions
  • Lançamento10 de Novembro 2020
  • PlataformasPC, Xbox Series X|S
  • GéneroArcade, Shooter
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Tudo é lento a progredir
  • A lógica de navegação entre missões
  • Navegar nos menus
  • Alguns actores de voz precisam de um café

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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