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Análise – Tetris Effect (Actualização: Connected)

Quantos anos tem Tetris? Eu ajudo, o jogo foi criado pelo engenheiro Alexey Pajitnov em 1984. Quem é que podia adivinhar que o mesmo jogo, pelo menos na sua essência, teria tantas edições, inclusive esta para a nova geração de consolas? Tetris Effect: Connected é mais recente viagem alucinante para quem gosta de puzzles com blocos.

Se lerem a nossa análise de há 2 anos, feita pelo Ivo Pereira (em baixo), entenderão que estamos bem longe do mítico título simples, que provavelmente jogámos no lendário Nintendo Gameboy ou naquelas pequenas consolas portáteis de fabrico duvidoso nos anos 90. Este é um jogo que tem as mesmíssimas mecânicas básicas do original, mas pega no visual e dá-lhe uma pastilha de ácido, colocando-nos ao som de trance para, alegadamente, relaxar. Entre o real estado Zen e a quase hipnose psicadélica, passando por uma certa náusea para alguns, a nova versão Connect é só mais uma desculpa para mais umas quantas horas de vício.

A jogabilidade nesta nova versão está intacta. Continuamos a jogar como sempre, rodando blocos e baixando-os para completar linhas, com música e efeitos visuais que se vão construindo consoante jogamos. Nada de novo. Graficamente, continuamos a ter os quadros de jogo psicadélicos, onde tudo começa muito básico, mas continuando a jogar surgem efeitos e animações de fundo que, não só distraem o jogador, como chegam a parecer alucinações. Há efeitos para todos os gostos, desde animações de figuras, uma espécie de fogos de artifício, enfim, toda a sorte de efeitos que a produção pensou em colocar. Algures numa reunião de ideias, alguém listou todas as que seriam possíveis com o objectivo de escolher umas quantas mas terá dito: “olhem, metam todas!”

O que esta nova versão para Xbox Series X|S e Windows 10 nos traz, é perfeitamente perceptível no seu novo subtítulo: Connected. É verdade, temos agora uma forte vertente online que nos oferece uma série de modos competitivos, colocando jogadores de todo o mundo frente-a-frente. O jogo até nos permite ver um gigante mapa mundial onde temos todos os jogadores ligados e os muito importantes quadros de liderança para os melhores tempos e pontuações nos seus modos. Para a popularidade desta versão, conta muito a sua adição ao Xbox Game Pass, a trazer muita gente em busca de um clássico.


Entre os muitos modos de jogo (quem diria que era sequer possível), contem com o regresso dos modos originais, como o modo de “história” (Journey), onde poderemos passar todos os possíveis painéis e efeitos visuais, mais ou menos interessantes. Depois, temos modos de contra-relógio, modos com efeitos personalizados, modos acelerados, enfim, se há alguma forma de modificar a jogabilidade básica deste clássico, está cá.

Claro que o jogo nos empurra claramente para o seu destaque, o online. E o desafio é ser melhor que aquele colega de escola de óculos e caracóis, que já sofria do síndroma que dá título a este jogo (sim, “tetris effect” está classificado como uma doença do foro psicológico, não estou a brincar). Podemos agora jogar cooperativamente contra a IA ou competitivamente (1vs1) com ranking de prestações e tudo.

Honestamente, não vejo nenhuma vantagem de jogar contra outros ou ser o mais rápido ou que pontua mais num ranking mundial de jogadores. Talvez só mesmo pelo direito à basófia do costume, pouco mais. Duvido muito que haja grande competitividade neste tipo de jogos, desenhados para testar a destreza singular. Se é para ver quem perde mais depressa, já perdi, estou enjoado…

Veredicto

(Análise actualizada por João Pinto)

Em doses pequenas, Tetris Effect: Connected é excelente para descontrair num jogo simples, com uma jogabilidade clássica, apostando num visual que até consegue deslumbrar… nos primeiros minutos de jogo. As novidades de modos online também podem ser interessantes a curto prazo, mas não sei se será algo sério para alguém. Popular é, sem qualquer dúvida. Divertido, também. Se vamos gastar mais que 15 minutos diários a jogá-lo, duvido.

[Análise original de 13 de Novembro de 2018]

O criador de Rez Infinite e Lumines, teve a oportunidade de aplicar os seus grandes efeitos de luz e de som ao mítico Tetris. O resultado é uma abordagem inovadora que funciona muito bem no clássico no PlayStation VR. Este é o Tetris Effect.

Quando perguntamos se há algum um jogo que, praticamente, todas as pessoas nos vários cantos do mundo conhecem, certamente se lembram dos blocos do russo Alexey Pajitnov. Este jogo de puzzles, é capaz de ser o mais bem sucedido de sempre, passando por mais plataformas que as que nos conseguimos lembrar. Ao longo do anos, também vimos várias abordagens, inspirações e clones de Tetris. No entanto, a variável que vamos falar hoje é uma verdadeira modernização de um clássico com uma experiência inédita para o nosso cérebro. É de tal forma imersiva, que no final das partidas percebemos que já passaram algumas horas desde que carregamos no Start. E isso é muito bom sinal.

Basta observar uns meros segundos da lógica de Tetris em acção para perceber logo que o objectivo do jogo é arrumar todos os blocos e completar linhas antes que as formas preencham todo o ecrã. Tem sido assim desde que foi criado em 1984. Produtoras como a Hudson Soft ou até mesmo a Electronic Arts tentaram adicionar essas variações mas nenhuma delas conseguiu vingar. Uma variável muito experimentada em versões e clones, foi a de inserir blocos especiais ou outros modificadores. Nunca ganhou tracção. O clássico é que prevalece sempre.

Então o que faz Tetris Effect de diferente para se destacar, de uma fórmula que já é conhecida por quase todo o mundo? É simples. Enquanto jogam, são adicionados sons quando movimentam a peça, quando a rodam ou quando fazer um “hard drop”, todos estes sons são diferentes e com a característica aceleração do jogo a cada nova vaga de peças. Esta cadência, aliada à música de fundo e aos efeitos gráficos psicadélicos, cria uma experiência visual e auditiva sem igual. Este é o “efeito de Tetris”. Agora, coloquem isto no VR e o famoso jogo de puzzles torna-se ainda mais imersivo.

Caso tenham um PlayStation VR lá por casa, podem viver toda esta experiência de Tetris com a ajuda da Realidade Virtual. Apenas não esperem grandes funcionalidades adicionais. A ideia é apenas colocar-nos “lá”, mesmo em frente aos blocos, como se estivessemos dentro de uma arcada de jogos nos anos 80. Neste modo, permite-nos jogar de uma forma como nunca ninguém esperou jogar Tetris. Contudo, como já disse, não acrescenta muito valor à jogabilidade, sem alguma característica ou modificador da jogabilidade neste modo. Felizmente, vale a pena assinalar que jogar com o PS VR é totalmente opcional.

Então há alguma novidade, além dos efeitos visuais e do uso do VR? Sim, há. Para além das tradicionais mecânicas, há uma novidade intitulada de Zone que quando activado, reduz drasticamente o tempo que os blocos precisam para cair. Ao entrar “na zona” é possível evitar o drástico ecrã de Game Over, limpando o maior número de linhas para ganhar mais pontos. É uma espécie de modo “expresso” do jogo, que permite jogar quase de forma infinita. E há mais coisas novas nesta revisita ao clássico.

Foram igualmente adicionados vários modos extra, criados para manter os jogadores interessados durante mais tempo. Entre eles está a campanha intitulada de Journey. Esta irá é composta por 27 níveis que, para além de todos os efeitos visuais e sonoros que já mencionei, contam uma história que tenta incutir emoções enquanto jogamos. Há cenários tão diferentes, como os deserto do Egipto ou a escuridão solidária da Lua, enquanto que outros cenários nos levam para o fundo do oceano, acompanhados por golfinhos. O intuito será dar-nos aqui uns momentos “Zen”, portanto.

Ao longo da campanha, vão sendo desbloqueados novos níveis, faixas de músicas e avatares que podem ser usados mais tarde no ambiente online. Digo ambiente porque, o que normalmente chamamos de modo online, aqui é representado com um enorme planeta Terra com os nossos amigos a orbitar. Todos estão representados por esses avatares que são, basicamente, animais criados com partículas, como pássaros ou raias. Mais do que meras representações, este ambiente expressa a sensação de comunidade, que é reforçado pelos desafios cooperativos que os jogadores podem enfrentar em conjunto.

Quanto aos modos de jogo mais tradicionais, contem com “Effect Mode” que, por sua vez, está dividido em quatro categorias: Relax, Focus e Classic. O modo Classic é o que já conhecemos e dispensa apresentações, já os outros são novas abordagens. Relax é um modo que leva os jogadores completarem 150 linhas, mas sem qualquer ecrã de Game Over. Caso os blocos cheguem ao topo, são simplesmente limpos, permitindo começar de novo e mantendo a pontuação. Focus é feito para os jogadores se concentrarem no seu jogo. Cada puzzle começa com o tabuleiro já preenchido e com alguns espaços que o jogador terá de corrigir para fazer pontos, tudo isto contra o relógio.

Como experiência visual, já tinha ficado claro que Tetris nunca teve tão bom aspecto. Os pequenos pormenores visuais são os principais responsáveis pelo efeito “wow” do jogo. Em alguns níveis, cada coluna da matriz acende individualmente enquanto que em outros níveis vemos fogo de artifício sempre que uma peça se encaixa. Dito assim, até podem ficar com a ideia que estes efeitos nos distraem do verdadeiro objectivo. Isso nunca acontece, tornando-se apenas acessórios da arte geral e das animações do jogo. E se tiverem uma PS4 Pro poderão ainda desfrutar de todo o jogo na resolução 4K.

Veredicto

Fiquei realmente impressionado com este jogo. Como um simples conceito pode ser melhorado por apenas alguns toques visuais e sonoros. Há pouco a discutir, Tetris Effect é uma experiência visual e sonora impressionante na sua ostentação artística. Estes efeitos visuais, porém, em nada removem a qualidade da famosa jogabilidade. Trata-se de uma das melhores experiências deste clássico intemporal. O seu único revés é que o uso do PSVR é meramente acessório e não acrescenta nada à jogabilidade. Felizmente, é uma plataforma opcional. Se são fãs de Tetris desde as pequenas consolas dos anos 80, não percam esta revisita cheia de estilo.

  • ProdutoraMonstars Inc. / Resonair
  • EditoraEnhance, Inc.
  • Lançamento9 de Novembro 2018
  • PlataformasPS4, PS4 Pro, PSVR
  • GéneroArcade, Música, Puzzle
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • PSVR é meramente acessório

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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