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Análise – SWORD ART ONLINE Last Recollection

SWORD ART ONLINE Last Recollection, é o novo título da série que promete colocar em prática tudo que foi aprendido com os títulos anteriores, inclusive os seus erros. Será que está à altura das expectativas?

Esta é uma série relativamente recente, ainda assim reunindo os seus fãs, muito por causa da jogabilidade viciante e complexidade. No Ocidente, teve direito a um notável sucesso graças ao anime homónimo, que começou em 2012. No entanto, seguir um fio condutor, entre videojogos, anime e produtos secundários, não é tão simples como se possa pensar. Para além da linha narrativa principal da série animada, existe também uma linha completamente paralela, relacionada com o Underworld. Esta outra narrativa foi explorada também em videojogos, a partir de Sword Art Online Alicization Lycoris, este lançado em 2020.

De facto, não é mesmo recomendável que arranquem com SWORD ART ONLINE Last Recollection como jogo de introdução, pelo menos do ponto de vista narrativo. É que esta é a sequela do já mencionado Alicization Lycoris e a história começa imediatamente onde o último título terminou, sem grandes explicações do sucedido. Se por qualquer motivo, mesmo assim, quiserem começar por aqui, poderão assistir a um breve resumo no início da aventura sobre o que aconteceu nos títulos anteriores. Mas, aviso já, que pode não chegar para entenderem tudo o que se passará no ecrã.

Como não podia deixar de ser, os jogadores vão encarnar novamente Kirigaya Kazuto ou Kirito como ficou conhecido nos mundos virtuais onde participou. Sendo uma sequela directa, nota-se que é um produto pensado para os jogadores mais fiéis, que já dominam bem o mundo de SOA na sua complexidade. Assim, penso que só estes podem desfrutar tanto das nuances relacionadas com a evolução das personagens, como as imensas novidades subtis relacionadas com a jogabilidade, que também mudou em relação ao capítulo anterior.

Então vamos aos detalhes. Como já mencionei, a história de Last Recollection começa exactamente onde a de Lycoris terminou. Apesar das batalhas recentes e das revelações fundamentais, incluindo a descoberta de uma arma de destruição maciça contra a humanidade, construída especialmente num universo alternativo, além do encontro com uma série de personagens e guerreiros de apoio, o confronto total com o Dark Territory parece agora inevitável. Todavia, isso envolveria a intervenção em grande escala dos Integrity Knights e de todos os exércitos humanos, resultando naturalmente na morte de milhares de soldados e civis.

Kirito tem aqui uma tarefa algo complicada, então. Felizmente, não está sozinho e conta com a ajuda de um aliado inesperado do território inimigo. Dorothy, uma cavaleira com um passado misterioso acompanhada por uma rapariga igualmente misteriosa, consegue ultrapassar o Portão Oriental, a fronteira entre humanos e habitantes do Dark Territory, na esperança de um acordo de paz. Eventualmente Kirito, Asuna, Eugeo e todos os outros, devidamente acompanhados por Dorothy, decidem atravessar o Portão e aventurar-se nos territórios inexplorados, perigosos e hostis.

A aventura principal deste título requer entre vinte a trinta horas para ser concluída, dependendo do nível de dificuldade escolhido (existem três, todos acessíveis no arranque) e do tempo que escolherem dedicar à exploração e às missões secundárias. Só devem notar que estas últimas não são particularmente memoráveis mas, já lá vamos. Ao longo do caminho, vão realizar repetidamente duas acções: explorar pequenas porções de território e combater hordas de inimigos.

A fórmula de jogo básica de Last Recollection não se afasta minimamente da “receita” dos títulos anteriores. Estamos a lidar novamente com um título de origem Japonesa, fortemente focado na versatilidade de combate, que visualmente lembra muito alguns MMOs em que se inspira. No entanto, em relação a Lycoris, o sistema de combate foi claramente revisto e refinado para garantir uma maior fluidez. Há também mais opções de personalização e, sempre que possível, nota-se uma intenção de reduzir o tempo morto. Mas, com isso, introduzem-se outros problemas.

Para dizer a verdade, não acho que todas novidades sejam reais melhorias na longevidade ou progressão. Por exemplo, não se percebe bem por que motivo cada monstro possui uma barra de vida inexplicavelmente alta, o que resulta numa despesa de tempo considerável para completar mesmo os combates menos relevantes ou secundários. Por esta razão, a tentação de evitar batalhas inúteis é muito forte desde o início. No entanto, esta é uma questão evidentemente contraditória num JRPG onde subir de nível e melhorar estatísticas é a chave para a progressão.

Entre os pontos fortes, merece destaque a introdução das Artes Tácticas, que evitam a necessidade de intervir manualmente em cada membro do grupo durante os combates. As Artes Tácticas permitem configurar determinadas acções antes de entrar em combate. Por exemplo, podem comandar a cura de um aliado específico se a saúde ficar abaixo de uma percentagem específica. Este é apenas um exemplo, porque se pode tornar muito mais complexo com prática e estudo. A execução de combos e golpes finais tornou-se mais satisfatória graças a uma série de habilidades secundárias personalizáveis e invocáveis a qualquer momento através de menus contextuais.

O aspecto profundamente decepcionante nesta produção é, no entanto, o mundo a explorar. O Underworld no geral e o Dark Territory em particular, poderiam ter oferecido muito mais em termos de atenção ao detalhe ou em apelo artístico. Os ambientes são desprovidos de detalhe, às vezes totalmente desolados. São aspectos que certamente não incentivam a exploração e raramente satisfazem o olhar geral. Além disso, o convite a uma repetição da carreira, excepto em actividades relacionadas com o “pós-jogo”, é praticamente inexistente.

Como já disse, as missões secundárias são repetitivas e aborrecidas, podendo ser completamente ignoradas se quiserem uma passada mais rápida e menos fastidiosa. Muitas vezes, estas missões parecem bastante absurdas o que me leva a questionar a sanidade mental dos argumentistas. Porque é que um cavaleiro do calibre de Kirito deveria perder tempo a procurar objectos sem valor espalhados por personagens genéricas, apenas para depois os devolver aos legítimos proprietários? Felizmente, a história principal é, pelo menos, bem mais interessante e aprofundada.

Veredicto

Como capítulo final das aventuras de SAO, pelo menos no que diz respeito à saga do Underworld, quem já conhece o capítulo anterior devem dar uma oportunidade a SWORD ART ONLINE Last Recollection, nem que seja para concluir este arco de história. As melhorias no sistema de combate são evidentes e as opções de personalização das batalhas garantem algo novo. No entanto, os defeitos da série persistem, com um mundo algo vazio e a qualidade técnica ancorada à geração anterior. E fico na dúvida se os ajustes na dificuldade e progressão eram mesmo necessários. E se só agora chegam ao universo SAO, se calhar comecem no jogo anterior.

  • ProdutoraAQURIA
  • EditoraBandai Namco
  • Lançamento6 de Outubro 2023
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroAcção, Aventura, Role Playing Game
ok
OK

Podia ser melhor mas tem alguns pormenores positivos que podem agradar a muitos jogadores.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Qualidade técnica desactualizada
  • Mundo de jogo vazio
  • Batalhas consomem muito tempo, mesmo contra inimigos fracos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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