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Análise: SOMA

Enquanto algumas produtoras apostam no terror explícito com sustos constantes, a Frictional Games continua a apostar no terror psicológico, sublime e no qual a mente do jogador é a sua pior inimiga. Os seus contributos para o género de terror no mundo dos videojogos têm sido únicos e SOMA é mais um caso desses, enquanto atravessamos a PATHOS-2, uma base de investigação geo-termal sub-aquática com máquinas ferrugentas que assumem estranhos comportamentos humanos. 

SOMA é um jogo de terror na primeira pessoa onde encarnamos o papel de Simon – alguém que vai fazer um scan de rotina ao cérebro num edifício estranhamente abandonado. É aí que tudo corre aparentemente mal e Simon perde os sentidos para acordar vários anos depois na PATHOS-2, debaixo de água. Ao nosso lado temos Catherine, uma inteligência artificial que nos ajudará a perceber o que realmente se passa nesta base sub-aquática.

Este é, sem dúvida, um dos jogos mais assustadores que joguei nos últimos tempos, com alguns momentos aterrorizadores ao estilo do excelente ‘Alien Isolation’ – um jogo que até hoje ainda não fui capaz de terminar devido aos problemas cardíacos de que sofro quando o tento jogar. O caso de SOMA foi diferente, tinha a obrigação de o analisar e, por isso mesmo, de o terminar. Então levei-me ao meu limite enquanto pessoa, enquanto analista de videojogos e enquanto jogador para vos trazer a minha análise mais suada de sempre da minha carreira profissional nesta área.

SOMA conta também com uma excelente narrativa de ficção científica, intrigante e misteriosa, que nos arrasta ao longo dos escuros níveis através da PATHOS-2. Uma narrativa que se vai descobrindo à medida que ouvimos e lemos o que o jogo nos tem para contar. Como não podia deixar de ser, vamos encontrar criaturas monstruosas mas o foco de SOMA é mesmo o de descobrir quem é a nossa personagem e que sítio é este onde fomos parar. Os níveis nem estão repletos de inimigos, focando-se sobretudo nos nossos medos mais comuns, como o medo do escuro, a claustrofobia ou o sentimento de isolamento.

A inteligência artificial dos inimigos permite-lhes estar atentos a qualquer barulho que provoquemos no cenário, despertando a sua curiosidade assim que o jogador seja menos cauteloso. Quando os monstros nos detectam e apanham, mandam-nos ao chão e deixam-nos combalidos. Contudo, podemos continuar até que sejamos apanhados novamente. E a cautela é obrigatória já que não temos maneira de derrotar os nossos adversários. Por isso, é fundamental apostar na furtividade e, quando esta não funciona, arrancar dali o mais rápido possível, numa tentativa radical de fuga que nem sempre funciona. E se só o mero facto de olharmos para os inimigos já nos distorce a visão, imaginem o que acontece quando eles nos tocam. Pior ainda quando atirar objectos aos inimigos não funciona. Não merece a pena experimentar… Vão por mim, eu tentei.

SOMA cresce brutalmente graças ao seu excelente design sonoro. Percorrer os corredores da PATHOS-2 é aterrador pelos geniais efeitos sonoros, algo no qual os anteriores jogos da Frictional Games não eram muito profícuos. Também o voice acting está muito bem conseguido, sobretudo pelo actor que desempenhou o papel de Simon – a personagem principal. Este é, sem dúvida, um título onde é obrigatório jogar de auscultadores.

Infelizmente, SOMA sofre de algumas quebras quando grava ou carrega uma nova área. Momentos parados que, inevitavelmente, nos acabam por roubar a excelente imersão que este título da Frictional Games proporciona. Por sua vez, os puzzles também exageram na simplicidade e tornam-se demasiado óbvios. A isto junta-se a falta de um inventário onde possamos guardar itens, já que o que apanhamos, acabamos por ter de usar no momento imediatamente a seguir. Lamentavelmente, esta característica de SOMA acaba por lhe roubar profundidade.

Não obstante, a PATHOS-2 foi criada de uma forma extremamente realista, repleta de detalhes que lhe conferem um realismo fundamental para que a imersão aconteça num espaço que parece realmente ter tido vida. Da mesma forma, os cenários sub-aquáticos estão impressionantes durante as cerca de 10 horas de longevidade de SOMA em que os podemos percorrer.

Veredicto

Grandes questões num jogo ambicioso, com uma narrativa intensa e surpreendente. Graficamente deslumbrante, SOMA é um excelente jogo de terror com um trabalho a nível de som que te vai deixar aterrado de medo no sofá de casa. Sofre de alguns problemas técnicos e de alguma simplicidade nos seus puzzles mas nenhum fã do género poderá deixar de considerar SOMA como uma compra obrigatória.

  • ProdutoraFrictional Games
  • EditoraFrictional Games
  • Lançamento22 de Setembro 2015
  • PlataformasMac, PC, PS4
  • GéneroTerror
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Atirar objectos aos inimigos não funciona.
  • Quebras a carregar os níveis.
  • Falta de um inventário.

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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