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Análise – TES V Skyrim (Actualização: Anniversary Edition)

Por incrível que possa parecer, The Elder Scrolls V: Skyrim está novamente a ser relançado. É uma história de persistência, este jogo. Persistência da produção em reavivá-lo a cada geração e persistência da comunidade de fãs que o acarinha e suporta com novos mods. Aqui está Skyrim: Anniversary Edition a provar que os jogos podem mesmo tornar-se (quase) imortais.

Ao longo de 10 anos, o jogo sofreu várias actualizações, tendo também passado por várias gerações de hardware, num sério caso de reciclagem constante do seu visual e da sua jogabilidade. A dada altura, a Bethesda fez algo fantástico, ao criar uma nova plataforma para publicar mods da comunidade directamente no jogo, inclusive nas consolas. Contudo, também criou algo menos positivo com o Creation Club que, basicamente, pegou nos melhores mods e deu-lhes um preço. Ao fim destes 10 anos, esta nova edição traz-nos o mesmíssimo jogo da Edição Especial de 2016 (em baixo) mas com a cara lavada (outra vez) e uma oferta de alguns mods mais interessantes do Creation Club, inclusive alguns aclamados pela comunidade. Mas, a pergunta é: valerá a pena o investimento?

Para usufruir desta nova versão de Aniversário, poderão comprar a reedição completa (49,99€) ou, se já tiverem a versão Skyrim: Special Edition, apenas adquirir o “upgrade” (19,99€). Curiosamente, fiquei um pouco confuso uma vez que, mesmo depois de adquirirem o upgrade, o jogo não altera o seu título, mantendo-se como “Special Edition”, apesar das novidades de aniversário. Em termos de conteúdo original, portanto, esperem o jogo base e as três expansões Dawnguard, Hearthfire e Dragonborn. Além disto, a edição adiciona também o modo de sobrevivência, mecânicas de pesca e vários outros pacotes de extras do Creators Club, 74 ao todo, inclusive as aclamadas expansões “Saints and Seducers” e “Ghosts of the Tribunal”.

A principal questão com o novo conteúdo exclusivo com esta nova edição de Aniversário é que alguns dos mods oferecidos e anteriormente pagos não são particularmente inéditos. O modo de sobrevivência, por exemplo, já existia como mod gratuito da comunidade, embora um pouco menos elaborado. O mesmo acontece com a mecânica de pesca com cana e com as novas localizações, havendo também alguns mods gratuitos que, não sendo propriamente iguais, são pelo menos semelhantes. Ainda assim, estas expansões são bem vindas para o jogo porque tornam-no ainda maior e, de facto, acentuam bem quem merece ser louvado pelos 10 anos de contínuo suporte ao jogo: os modders.

É possível que se percam um pouco a procurar alguns destes mods, porém. Logo depois do prólogo, o modo de sobrevivência pode ser activado (ou não). De resto, os demais DLCs e adições estão espalhadas pelo mundo, sendo necessário alguma pesquisa para os encontrar ou activar. Algumas novas missões naturalmente aparecem com alguma exploração, notórias especialmente se jogaram a carreira original e concluem que é algo novo. Contudo, gostava que houvesse um marcador especial ou uma explicação de como encontrar o novo conteúdo. É que Skyrim é mesmo um jogo gigante e, a dada altura, ficamos imersos em marcações no mapa, sendo difícil discernir quais são referentes às novidades.

Por outro lado, alguns dos pacotes oferecidos são perfeitamente inócuos e é bem possível que passem ao seu lado sem dar por eles. É o caso de “Rare Curios” que adiciona ainda mais ingredientes e receitas de alquimia e magia. A não ser que se foquem bastante neste aspecto do jogo, especialmente com o modo de sobrevivência activo, dificilmente vão tomar nota de todas as novas receitas. Novas armaduras ou montadas também poderão passar despercebidas num jogo que depende tanto de “crafting”. No fundo, varia pela forma como exploram o jogo. As opções de usufruir do conteúdo extra estão lá, se as usamos ou não, essa é outra questão.

Quem fizer a actualização das versões PlayStation 4 ou Xbox One, terá também a óbvia melhoria técnica possível na PlayStation 5 e Xbox Series X|S. Embora o jogo acuse muito a sua idade em alguns pormenores gráficos (especialmente nas animações), usufrui de um novo visual mais refinado pelas novas texturas de alta definição e alguns efeitos visuais. O que se tornará mais notório é a velocidade de carregamento, claro. Tão rápido é o jogo nas novas consolas que é bem possível que alguns Mods tenham dificuldade em carregar. É algo que a Bethesda está a par e irá abordando essas questões caso-a-caso.

Aqui tenho de assinalar uma questão curiosa. Analisei esta nova versão na PlayStation 5, vindo de muitas horas neste jogo uma PS3 e depois numa PS4. Sim, eu sobrevivi ao infame problema dos savegames gigantes da PS3 que causavam “crashes” na consola. A nova Special Edition na PS4 veio resolver muitos dos problemas técnicos crónicos do jogo nesta plataforma, aperfeiçoando o jogo onde era necessário. Contudo, só mesmo esta versão traz o jogo ao seu estado desejável, sem “soluços” e numa nova “glória” 4K a 60FPS. Três gerações depois, finalmente Skyrim trabalha bem numa PlayStation. “Custou mas foi”, hã Bethesda?

Veredicto

Gostaria de dizer que The Elder Scrolls V Skyrim – Anniversary Edition é a versão definitiva deste clássico mas corro sérios riscos de não ser. Cada vez que há uma nova geração de hardware, tivemos uma reedição de Skyrim. Contudo, 10 anos depois, esta é, de facto a melhor edição de sempre do jogo, com imenso conteúdo adicional para vos ocupar (ainda mais) neste mundo fantástico. As novidades no novo hardware da PS5 e XSeries X|S fazem com que o jogo se modernize, mantendo o seu aspecto e magia originais. Se ainda não conhecem este clássico intemporal e que estará no top de preferências de muita gente, pergunto primeiro “porquê?”… e depois aconselho a não perderem esta reedição.

[Análise original TES V Skyrim – Special Edition de 31/10/2016]

Para muitos, The Elder Scrolls V: Skyrim é um ícone da história dos videojogos. Tido por muitos como “o melhor RPG dos últimos tempos” é, pelo menos, um título incontornável, não só pelas suas virtudes, como pelos seus defeitos. O seu regresso é na reedição de Skyrim: Special Edition.

Ora, já tendo passado tanto tempo desde que analisámos Skyrim e os seus DLCs distintos, Dawnguard, Hearthfire e Dragonborn, vão desculpar, com certeza, o formato das análises originais. Eram outros tempos do WASD em 2011. Mas, relendo as nossas palavras da altura, continuamos a achar que que o jogo, esse, continua sublime. De facto, esta actualização em jeito de reedição remasterizada para as actuais consolas e PCs não pretende reinventar o jogo ao nível do seu conteúdo e jogabilidade. Tudo o que apreciámos na altura, continua ao mais alto nível. E também (quase) tudo o que nos frustrava…

Já devem saber de cor e salteado a história total de Skyrim. A profecia do Dragonborn, o uso dos shouts para derrotar os diversos dragões que espalham o caos na região, a batalha pelo poder dos Imperials e Stormcloaks e tantos outros eventos épicos. Se não conhecem esta fantástica história deviam. Obviamente, terão nesta edição uma oportunidade sublime para a conhecer. Para todos os efeitos, nas suas virtudes e defeitos como enredo, é das histórias mais incríveis e recompensadoras dos RPGs modernos, com elementos de acção e magia pelo meio. Nada muda no enredo e foi um excelente pretexto para adicionar mais umas horas de jogo, desta vez na estreante Xbox One (versão analisada).

Nenhum outro jogo me ocupou tanto como este. É normal que fale dele com algum carinho, uma vez que foi também este o primeiro jogo que completei 100%. Mas também me deu alguns momentos de frustração. O célebre tamanho dos seus savegames que eventualmente acabava por bloquear o jogo nas consolas, os seus longuíssimos e frequentes ecrãs de carregamento, as falhas em algumas missões que as tornavam impossíveis de terminar, os inúmeros outros bugs e glitches em jogo… enfim. Como se costuma dizer, era “um jogo Bethesda” e todos sabiam que tudo isto era espectável e desculpável em troca de um jogo, no seu rigor, fantástico.

Ao longo deste tempo, estes erros foram, eventualmente, mitigados com actualizações. Mas foi no PC que surgiram os Mods que corrigiam muitos erros graves, acrescentavam muitos objectos e eventos, além de melhorarem substancialmente o visual do jogo, já de si muito cumpridor. A pensar nesse importante legado, saibam que Skyrim Special Edition tem agora acesso à plataforma de Mods Bethesda.net como também teve Fallout 4. E estes mods estão disponíveis também nas consolas, pela primeira vez. Infelizmente, a limitação de tamanho de mods nas consolas Xbox One e PlayStation 4 (sobretudo nesta última) não permitirá que muitos mods mais complexos surjam, mas dêem tempo.

Mesmo assim, procurem nos mods as importantes correcções de quests, melhoria de texturas, inserção de mecânicas, alteração nas interacções e muitas outras importantes modificações criadas pelas comunidade de fãs. Tal como em Fallout 4, a quantidade de mods irá crescer no futuro próximo. E não podia ser mais simples fazer browsing e instalar ou remover cada mod escolhido. O jogo coloca tudo na ordem certa e até se reinicia, caso seja necessário carregar novamente os ficheiros. Não precisam de nenhum programa adicional, como acontecia até agora no PC.

Claro que o principal destaque nesta versão é a sua remasterização. Esta passou por rever uma boa parte das texturas e alguns modelos num novo motor gráfico. Porém. São as mesmas texturas e modelos, apenas com melhor resolução, conferindo melhor fidelidade visual e distância de rendering, além de novas técnicas de inserção de objectos e animações. Onde se notam melhorias substanciais é mesmo nos efeitos visuais, como o nevoeiro, iluminação, fluidez da água, fogo e as mais diversas partículas. A adição de profundidade de campo também dramatiza as cenas, desfocando em diferentes distâncias.

Além disso, as novas resoluções 1080p nativas e performance mais refinada, permitem que o jogo esteja bem mais optimizado. No PC isto é evidente no novo motor gráfico a 64Bits, permitindo usar mais memória para tornar o jogo bem mais rápido e estável. E isto é igualmente importante porque foram reduzidos os tempos de carregamento as consolas. Só que seria de esperar que nas consolas não continuássemos confinados aos 30FPS, até porque este jogo já tem algum tempo e não será assim tão pesado para os processadores da PS4 e XBO, mesmo com as novidades visuais.

Gostarão de saber que tanto o irrepreensível casting de vozes como a mágica banda-sonora original de Jeremy Soule estão de regresso. Contudo, parece que a compressão do áudio está algo exagerada na versão testada, resultando numa sonoridade algo estranha e, em determinados momentos, de baixa qualidade. Na impossibilidade de testar noutras plataformas, assumo que se trate de uma questão pontual com a versão Xbox One. Uma importante correcção deverá estar na forja.

Curiosamente, encontrei alguns erros e glitches, mais ou menos nas mesmas áreas e missões que tive no jogo original.  Até mesmo as missões que correm o risco de ficar bloqueadas por causa de pequenos bugs, parecem não ter sido mexidas. Em pelo menos uma quest, decidi reproduzir os passos que a tornavam impossível, tendo ficado bloqueada sem hipótese de a terminar, como o esperado. O que me faz pensar que a produção não perdeu muito tempo com a arquitectura geral do jogo, limitando-se a converter a parte visual para a nova geração. Felizmente, haverão correcções para muitos destes erros, já disponíveis através dos tais mods, mas fiquem atentos.

Uma nota importante para todos os veteranos. Além das missões, lógicas e mecânicas, todo o enredo e DLCs do jogo original estão intactos. Só que não pensem que podem simplesmente reiniciar o mesmo savegame, só com o novo aspecto visual, retomando do mesmo ponto onde estavam. Além desta versão não ser compatível com a das consolas PlayStation 3 ou Xbox 360, no PC, infelizmente, esta é também uma nova versão distinta. Ou seja, os vossos savegames e progresso de longas horas, terá de ser reiniciado do zero. No PC podem fazer cópia dos savegames entre pastas, mas se já tinham muitos Mods instalados, as versões também não serão compatíveis.

E chega agora o momento em que me perguntam se vale a pena comprar este jogo. Se nunca jogaram Skyrim, a minha recomendação e óbvia: Deviam. E esta versão é a que devem procurar, logicamente, não só pelas melhorias gráficas, como também pelos DLCs incluídos e a plataforma de Mods. Para os que já jogaram Skyrim no passado, só devem pegar neste título se pretendem regressar com mais afinco, uma vez que este é virtualmente o mesmo jogo, com melhor aspecto. Mas o que dizer aos fãs mais acérrimos deste capítulo da série The Elder Scrolls?

Se foram fãs dedicados na PlayStation 3 ou Xbox 360, é bem possível que se sintam tentados a comprá-lo, seja por coleccionismo, seja porque querem revisitar o jogo, agora na PS4 e XBO com todas as novidades já listadas. No caso do PC, porém, é uma outra questão. Ainda bem que a Bethesda ofereceu o jogo a quem já o tinha com os DLCs na plataforma Steam. Para dizer a verdade, quem jogou o original e teve a oportunidade de maximizá-lo com Mods, esta versão não é superior. É uma evolução do original, sim, mas é também um retrocesso se tivermos em conta os milhares de mods de texturas, efeitos e modelos que podíamos adicionar. Só mesmo quando os mods que tínhamos chegarem a esta nova versão é que teremos algo realmente épico, desta vez a 64bits.

Veredicto

Anos a jogar Skyrim, com muitos momentos frustrantes na PlayStation 3 e centenas de mods a aumentar o espaço em disco no PC, considero-me privilegiado de poder voltar a este universos fantástico, com o interesse da Bethesda em tratar o seu clássico com o melhor dos cuidados. Infelizmente, nem todos os problemas foram realmente “remasterizados”. De qualquer modo, para as consolas, esta é a edição definitiva, não só pelas melhorias visuais, como pela inclusão da inédita plataforma de mods. No PC, porém, pode ser algo redundante, havendo actualmente alguns mods capazes de bem mais do que a Bethesda fez. Não deixa de ser um jogo obrigatório, de qualquer modo. E agora tem aqui a sua edição definitiva.

  • ProdutoraBethesda
  • EditoraXbox Game Studios
  • Lançamento12 de Novembro 2021
  • PlataformasPC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S
  • GéneroRole Playing Game
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Limitado a 30 FPS na consola
  • Alguns bugs não foram corrigidos
  • Ainda poucos mods nas consolas

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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