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Análise – Secret of Mana

Reproduzir na perfeição a essência de um produto e lidar com tendências modernas é sempre  uma questão delicada. Secret of Mana, mantém-se como um RPG muito querido para os fãs do género, mas há sempre um risco ao mexer nas memórias dos jogadores.

O título que vamos abordar é uma das maiores influências de RPG nos jogos que conhecemos hoje. Por terras Lusitanas, este título só foi lançado em 1994 para a Super Nintendo e, apesar de ser a segunda entrada da série, foi o primeiro que os jogadores fora do Japão tiveram oportunidade de jogar. Este título foi editado pela Squaresoft (Hoje Square Enix) e deixou de lado a mecânica de combates por turnos, característica de jogos como Final Fantasy e Dragon Quest. Ao invés, virou-se para uma acção directa e em tempo real ao género The Legend of Zelda. Contudo, o ataques são baseados em stamina, mecânica que foi mais tarde adaptada para jogos como Dark Souls e Nioh. O grafismo colorido e vibrante foi mais tarde também usado no aclamado Chrono Trigger, também da SNES. Estão a ver o peso deste jogo na indústria? Resta saber se resiste ao teste do tempo.

Avançando vinte cinco anos no tempo e temos este regresso de Secret of Mana, num remake recriado de raiz. Traz consigo algumas novidades como a adição de vozes às personagens, novos modelos das personagens em 3D e uma nova banda sonora do compositor original Hiroki Kikuta.

A história passa-se num mundo de fantasia que contém uma fonte de energia etérea chamada de “Mana”. Uma antiga civilização tecnologicamente avançada explorou esta energia para construir a Mana Fortress, um enorme complexo que flutua pelos céus e tem um enorme poder destrutivo. A criação desta máquina de guerra, enfureceu os deuses do mundo que enviaram bestas gigantes contra a civilização. O conflito foi global e quase esgotou a Mana presente no mundo.

Quando o jogo começa, o Império procura oito sementes de Mana que, ao serem seladas, poderão restaurar toda a mana no mundo. Este acto, como devem imaginar, permitirá ao Império reactivar a Mana Fortress. Paralelamente, um jovem encontra a sagrada Sword of Mana. O jovem precisa visitar oito templos de Mana no mundo para conseguir usar todo o potencial da espada. Na sua jornada, o protagonista é acompanhado por uma rapariga e um duende e o trio é perseguido pelo Império, uma vez que a arma em sua posse é capaz de parar a fortaleza destruidora.

No título original, as três personagens principais não tinham nome, podendo ser renomeadas. No entanto, os seus nomes foram revelados no manual em Japonês do jogo original e surgem também neste remake. Randi, é o protagonista que é expulso da sua vila natal ao ser perseguido por ter a poderosa espada. Primm, é a namorada de Dyluck, um guerreiro que foi enviado pelo Rei para atacar um castelo. Descontente com essas acções, Primm junta-se ao herói para tentar salvar o seu amado Dyluck. Por fim, Popoi é o tal duende amnésico que passa os seus dias a enganar as pessoas num espectáculo de terror realizado por anões.

Já conhecendo a história, passamos a abordar a composição do mundo de Secret of Mana. Nesse aspecto, os veteranos e fãs do original vão gostar de saber que a fidelidade do remake ao jogo original é incrível. Os objectos e construções de cenário foram posicionados de forma idêntica, respeitando até mesmo as escalas originais. As flores, por exemplo, estão colocadas exactamente na posição do original. Quem estiver familiarizado com o título de 1994, irá presenciar praticamente o mesmo mundo, mesmo que agora esteja construído com polígonos, conferindo um melhor efeito tridimensional.

Na tentativa de modernizar a sua oferta, nem tudo é uma réplica, porém. E aqui tenho de falar de alguns aspectos menos consensuais. Apesar de termos agora as personagens criadas inteiramente com polígonos, que lhes dá animações bastante fluídas, causa-me uma certa confusão não existir sincronização de lábios nas cenas intermédias. As personagens ficam, diria, “facialmente paralisadas” enquanto falam. Quanto a mim, as personagens falham em destacar-se pelo seu carisma, principalmente devido à implementação de vozes que, com esta ausência de animação facial, ficam sem carga dramática nos diálogos.

Em termos de jogabilidade, talvez os tempos sejam outros. Gostei que esteja tão fiel à composição original desta aventura, mas torna-se rudimentar se comparado com as evoluções técnicas mais modernas, chegando mesmo a tornar-se monótono. Era aceitável no seu tempo, mas hoje as mecânicas de combate não são muito divertidas. Embora seja um RPG de acção, é preciso esperar que a barra de stamina chegue aos 100% para desferir ataques com a força total. Menos do 100% e o dano é muito baixo ou o Miss é garantido, dependendo do inimigo. Tenho a certeza que uma alteração aqui seria polémica para os veteranos, mas uma melhoria no balanceamento e nos timings não era mal pensado.

A sua banda sonora é outro ponto divisor. Para mim, poderiam simplesmente não remasterizar as músicas originais, mantendo-as tal qual. O jogo original tem uma das melhores banda sonoras alguma vez concebidas para a Super Nintendo. Os arranjos feitos por Hiroki Kikuta são lendários e ajudaram a trazer boa parte da fama deste jogo. Nesta remasterização, infelizmente, a recuperação em novos arranjos ficou abaixo da expectativa. Contudo, sabemos que o gosto pela música é subjectivo e, neste caso, felizmente, até temos a hipótese de seleccionar a banda sonora original.

Veredicto

O problema deste remake de Secret of Mana é uma falta de equilíbrio. A produção não usou o mesmo critério de preservação da experiência original em todas as áreas. Algumas coisas não deviam ser mudadas, enquanto que se devia ter aproveitado o momento para rever outras questões. A jogabilidade é um bom exemplo. Apesar de funcionar muito bem no original, neste remake sentimos a sua idade, perdendo o seu encanto nos tempos modernos. Os excelentes cenários e personagens em três dimensões, por outro lado, até modernizam bem o jogo original. Em suma, este regresso não consegue atingir o estrelato alcançado pela aventura original de 1994. Será uma excelente revisita para os nostálgicos, mas é melhor passarem pelo menu e seleccionar a banda-sonora original.

  • ProdutoraSquare Enix
  • EditoraSquare Enix
  • Lançamento15 de Fevereiro 2018
  • Plataformas
  • Género
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Mecânica de combate ultrapassada
  • Falta de animações labiais nas cenas intermédias
  • Banda sonora

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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