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Análise – Romance of the Three Kingdoms XIV

Venham reviver alguns dos grandes conflitos históricos da China feudal com personagens históricas como Liu Bei, Lu Bu, Zhang Jiao ou Cao Cao em Romance of the Three Kingdoms XIV. Façam as malas porque vamos para a China fazer guerra.

Romance of the Three Kingdoms fala de uma história que não só não é inédita, como tem sido usada em “n” jogos do momento. Por isso, é bem possível que conheçam as pessoas e eventos retratados. É um daqueles raros casos em que adaptações de histórias contidas em obras literárias se tornaram mais famosas que as originais. E, sim, este jogo pertence à lendária série Dynasty Warriors, de longe uma das sagas mais bem sucedidas da produtora e editora Koei Tecmo. No entanto, apesar da série principal nunca ter sido abandonada, está cada vez mais a seguir um caminho muito seu. Algo que não muda também com este titulo de estratégia que vamos falar agora. Isto, para o bem e para o mal.

A estrutura contextual deste título mantém-se intacta: estamos na China, três séculos depois de Cristo, quando o então império da dinastia Han perdeu os últimos remanescentes de influência e contacto do território. Nessa situação caótica, iniciaram-se uma longa série de lutas internas pelo domínio da nação entre os principais senhores feudais. Apesar da lealdade histórica existir, nunca é explanada com algum tipo de realismo. Aliás, as próprias obras literárias em que o jogo se inspira, são elas mesmas mais romances que propriamente um compêndio histórico preciso.

Para um jogo deste género,  esta história serve maioritariamente como um ponto de partida e algum contexto entre batalhas. Escusado será dizer que este título toma como garantido que todos conhecemos a verdadeira história dos “Três Reinos”. O que será perfeitamente possível no Oriente (leia-se, “na China”) que propriamente por cá. Bem sabemos que mercado Chinês é gigante e este jogo agradará bastante por lá. Por cá, não consigo deixar de pensar que pode ter algum valor pela diferença cultural e pela novidade mas… pouco mais que isso.

O modo principal de jogo passa pela escolha do cenário (numa mistura de evento histórico e fictício) e de uma das facções. O objectivo óbvio é o de garantir o total domínio da China. Para planearem melhor o vosso domínio, será necessário conhecer todos os oficiais que estão no comando. Cada uma destas personagens históricas possui características únicas de um general (liderança, inteligência, lealdade e talento militar) e traços de carácter, entre vícios e virtudes, por vezes a roçar algo digno de um super-herói.

De qualquer forma, o jogo permite, ainda assim, uma ampla personalização, mesmo em cenários históricos, permitindo, por exemplo, prolongar a vida destes oficiais, intervir nas condições climáticas e até na frequência de eventos inevitáveis, como desastres naturais, por exemplo. Tudo isso é complementado com a possibilidade de criar livremente um oficial completamente personalizado, através de uma opção especial do menu.

Uma vez escolhida a facção, todo o vosso campo de batalha é apresentado através de uma grelha hexagonal, onde é possível mover o exército, gerir territórios e onde as batalhas acabarão por ser travadas. É também possível atribuir tarefas administrativas a cada oficial disponível e em qual aspecto económico se deve focar os seus domínios (comércio, agricultura ou guerra).

No que diz respeito ao aspecto militar, os exércitos são compostos pela selecção de um ou mais oficiais, cada um no comando de um número variável de soldados, que podem ser depois ser distribuídos no território para operações de guarnição e construção. Mas, o seu objectivo principal é confrontar as forças opostas e conquistar dos territórios adjacentes. A habilidade de escolher a pessoa certa é vital, os parâmetros que já mencionei dos oficiais afectam também as suas habilidades tácticas, como as formações que podem usar para os seus homens ou se estes têm aptidão para manobrar em campo aberto, para cercos ou para o combate à distância.

As batalhas são todas colocadas no mesmo mapa e, por consequência, os exércitos não podem ser comandados directamente, ao contrário do que acontece em outros títulos semelhantes como em Nobunaga’s Ambition. O caso mais frequente em que saímos deste ecrã, é quando dois campeões competem entre si, num duelo que irá determinar as consequências da actual batalha em progresso. De resto, os jogadores irão estar na maior parte do tempo a olhara para o mapa e a usar os menus dedicados a ele.

A descrição que dei até agora de Romance of Three Kingdoms XIV, será a suficiente para terem uma ideia da sua complexidade. Este título permanece muito complexo muito para além do seu complicado tutorial que, apesar de ser um modo separado, não chega para explicar todas as funcionalidades. É nesta busca pela “tradição” no género e pela progressão mais “meditativa” que este título acaba inevitavelmente por agradar apenas ao seu nicho de fãs. Os recém-chegados a este tipo de jogo, vão ficar rapidamente confusos.

O ritmo excessivamente calmo juntamente em dados momentos, aliado ao facto de que estamos sempre a gerir tudo “cá de cima”, sem ter a possibilidade de ter controlo directo da situação em si, é para mim um factor que poderá afastar até os maiores fãs do género de estratégia em tempo real. E por aqui somos fãs de títulos como Total War e tantos outros. Diria que é uma jogabilidade muito própria. E, como sempre, depende muito daquilo que procuram num jogo de estratégia, obviamente.  Para terminar, o grafismo. Como em muitos jogos deste tipo, não devem esperar aqui grandes feitos no que toca à modelação ou texturas. Pouca coisa emana realismo, obedecendo às linhas tradicionais desta série, com caixas de diálogo e ilustrações desenhadas à mão para personagens e eventos. O mapa está obviamente em três dimensões mas também dentro desta linha. Chamaria a isto um tipo de arte de ilustração animada. Tem momentos belos e de bom gosto, mas não ganhará nenhum prémio de fidelidade visual ou de efeitos realistas. Sobretudo na escala das unidades e locais nos mapas.

Veredicto

Romance of the Three Kingdoms XIV tenta recuperar um conceito mais tradicional nos jogos de estratégia. Há aqui um foco na gestão e na administração, ao mesmo tempo que tenta dar um pouco de acção com um combate puramente estratégico. Embora tenha uma inspiração histórica, há espaço para alguma personalização, dentro e fora da realidade histórica. Os aficionados da série provavelmente já o esperavam e vão adorá-lo. Contudo, para os mais curiosos ou iniciantes nestas lides é um título que irá demorar algum tempo para compreender e ainda mais para dominar.

  • Produtora Koei Tecmo Games
  • EditoraKoei Tecmo
  • Lançamento16 de Janeiro 2020
  • PlataformasPC, PS4
  • GéneroEstratégia
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Algo complexo para iniciantes
  • Pressupõe que conheçamos muito de antemão
  • Claramente um jogo de nicho

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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