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Análise – Ratchet & Clank

Já lá vai um tempo desde que Ratchet & Clank se estrearam na PlayStation 2. Longe estava a produtora Insomniac Games de imaginar que o seu jogo de plataformas teria tanto sucesso que até chegaria à sétima arte, com um filme que se estreia com este título. Mas, eis uma nova aventura para a PlayStation 4, num divertido regresso às origens, 14 anos depois.

Basicamente, neste título a Insomniac revisita o primeiro jogo da série. No entanto, mais que uma simples reedição HD, a ideia é fazer uma actualização na história que deu início a tudo. É que, desde que o original jogo de 2002 foi lançado, muito já mudou na jogabilidade, lógicas, mecânicas e, claro, no próprio aspecto dos dois heróis improváveis. A beneficiar muito a arte do jogo, está o intenso trabalho da produtora e transmitir a qualidade de modelos baseados no tal filme que irá estrear próximo do lançamento deste título. A ponte é feita, não só com inúmeros vídeos de cenas intermédias extraídas directamente da película em CGI, mas também na qualidade geral do título. Já lá vamos.

Para quem não jogou o título original, relembramos o enredo. Ratchet é um Lombax que trabalha como mecânico no seu pacato planeta Veldin. O seu sonho é juntar-se aos Galactic Rangers. E rapidamente surge a derradeira oportunidade de o fazer quando conhece o simpático robot XJ-0461 que rebaptiza como Clank. Numa missão urgente, o pequeno ser mecânico pede ajuda para encontrar o maior herói da galáxia, um tal de Captain Quark. Só que, a dada altura, parece que as ameaças surgem das fontes menos prováveis. Sem revelar muito mais, esta é a mesma história de aventura, coragem, amizade e conquista, que mais tarde deu início a uma autêntica saga e reuniu tantos fãs.

O enredo irá desenrolar-se mais ou menos como se recordarão do jogo original, embora eu ache que seja contado um pouco “a correr” com partes novas adicionadas para dar alguma profundidade e introduzir novas mecânicas e outras reduzidas para aumentar a passada, contando ainda com as novas cenas intermédias reconstruídas com partes do filme. Apesar de tudo isto, é um regresso às origens dos dois heróis que vai agradar aos mais nostálgicos, sobretudo porque estão de volta as personagens clássicas que dão vida à história, como o já mencionado Captain Quark ou o infame Chairman Drek e o seu plano megalómano de conquista da galáxia.

No entanto, este é bem mais que uma mera reedição com nova imagem e suporte para um filme. A Insomniac fez questão de criar o jogo de raiz, implementando muito do que aprendeu e desenvolveu com os demais títulos da série. O resultado é um total aproveitamento da acção bem mais linear e com movimento mais livre, tirando proveito das qualidades do comando DualShock 4. Também as famosas botas magnéticas que permitem deslizar por carris ou o jetpack para voar pelo cenário regressam (em alguns planetas) mas com mais detalhe e controlos melhorados.

A principal diferença, porém, está no arsenal de armas à disposição do Lombax. Foram revistas e surgem da experiências dos últimos jogos da série, são diversas e, algumas, extremamente cómicas. Desde a famosa e inseparável chave de porcas, passando por canhões e lança-foguetes, até uma bola de espelhos que mete os inimigos a dançar. Há também uma nova arma que pixeliza adversários e uma gigante granada pulsante. São várias as ferramentas de destruição que vamos adquirindo e podemos evolui-las graças às peças e cristais que vamos angariando. Continua a ser muito recompensador apanhar todas as peças brilhantes depois de matar os adversários ou destruir as célebres caixas de madeira.

Uma novidade importante inserida no jogo, são as cartas coleccionáveis. Ao todo, são 99 cartas divididas em 33 conjuntos de 3. Estas podem ser apanhadas ao longo do jogo e visam criar conjuntos relacionados entre si. Uma só carta não fará grande coisa, mas num conjunto podem ajudar-nos bastante. Quando criamos um conjunto de 3, abrindo os baralhos que apanhamos, desbloqueamos bónus para Ratchet, como um aumento de danos para a arma ou um melhor escudo. É normal andarem pelo mapa à procura dos baralhos, mas não se preocupem que cada baralho e cartas encontradas são aleatórios.

Isto pode ser um problema porque haverão sempre cartas que não calham ou que se repetem. A pensar nisso, a produtora implementou um sistema de trocas com cartas repetidas. Basicamente, cada vez que tivermos cinco cartas repetidas (de uma ou mais variedade), podemos trocar as 5 por uma à nossa escolha. Ou seja, podemos completar sempre os 33 conjuntos de 99 cartas, mesmo que não encontremos todos os baralhos escondidos no jogo. Óptimas notícias para os coleccionadores por aí e que temem ficar frustrados com uma carta mais rara.

E não consigo deixar de comparar este jogo ao filme que, na data da publicação desta análise, ainda se vai estrear nos cinemas. Na verdade, a jogabilidade confunde-se com as tais cenas intermédias do filme e é difícil dizer qual é qual. Saibam que o tratamento dado a este jogo foi resultante de uma estreita colaboração entre a Insomniac e a produtora do filme CGI, Rainmaker Entertainment. O resultado é francamente deslumbrante. Estamos, literalmente, a “jogar um filme de animação”, com cenários de enorme qualidade e detalhe, onde nem faltam os modelos e efeitos visuais.

O animado e credível pêlo de Ratchet, os brilhos dos reflexos e filtros de imagem são só alguns exemplos da fidelidade visual do novo jogo. É preciso destacar as inúmeras animações cómicas e diversos efeitos especiais, passando pelos cenários gigantes e detalhados. Tecnicamente é um dos melhores títulos da PlayStation 4, mesmo que não estejamos a falar de texturas ou modelos realistas e, sim, de ambientes e personagens animadas. Impressiona haver sempre muito detalhe e animações, mesmo em altitude no jetpack ou numa nave. Há somente algumas quebras de performance assinaláveis em algumas zonas com maior número de adversários ou efeitos. Não é algo exagerado e é breve, mas assinalável.

E é de assinalar também o excelente casting de vozes deste jogo. Muitas das falas são extraídas do filme que conta com actores como Paul Giamatti (Chairman Drek), Rosario Dawson (Elaris) ou Silvester Stallone (Victor Von Ion), actores que não precisam de apresentação. Todavia, as prestações dos veteranos James Arnold Taylor como Ratchet, David Kaye como Clank e Jim Ward como Captain Quark proporcionarão momentos cómicos e cheios de boa disposição. Em alternativa, podem sempre apostar na versão dobrada em Português no nosso território que é bastante competente. Mas… vão mesmo querer perder as performances originais?

Sim, a comicidade é direccionada ao público juvenil, ainda assim, vão encontrar imensas piadas que vos farão sorrir, sobretudo aquelas que brincam com outros jogos e séries da indústria. O jogo em si é descontraído e relativamente fácil de acompanhar, mesmo com algumas secções de alguma dificuldade, sobretudo as que são temporizadas. Mas, no rigor, é um jogo casual. Experimentem lançar a bola de espelhos quando defrontarem o infame Snagglebeast para vê-lo dançar breakdance, como na imagem em baixo. Não contribui nada na jogabilidade, chega a ser ridículo, mas é divertido e faz-nos sorrir. Quantos jogos de acção, mesmo de plataformas e para público mais jovem, conseguem isto hoje em dia?

Veredicto

Ratchet & Clank é bem mais que um mero remake como vimos de outros jogos clássicos recentemente reeditados. É um caso de estudo para muitas produtoras, demonstra interesse e vontade da Insomniac Games em dar valor a um título que lhe deu notoriedade. É um projecto de carinho que reinventa um jogo de 2002, com a qualidade de Hollywood e que implementa muitas coisas que a produtora foi aprendendo com o resto da série. Podem não gostar da comicidade acessível dos diálogos, podem não apreciar o enredo algo previsível mas darão valor ao rigor e qualidade visual, além das mecânicas descontraídas e divertidas num título de plataformas essencial na PlayStation 4.

  • ProdutoraInsomniac Games
  • EditoraSony Computer Entertainment
  • Lançamento20 de Abril 2016
  • PlataformasPS4
  • GéneroPlataformas
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Este título ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Este título ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Questões menores de performance
  • A acção parece desenrolar-se mais rapidamente

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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