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Análise – NBA 2K19

Quanto mais anos passam, mais a controvérsia aumenta. Entre as barulhentas declarações do produtor Rob Jones, que as descreveu como “a triste realidade do videojogos modernos“, NBA 2K19 surge a confirmar que a série não abandona as infames caixas de loot.

Contudo, esta persistência não tem impedido a qualidade dos jogos da série, temporada após temporada, com a série NBA 2K a celebrar este ano o seu 20º aniversário. Desde 1999 que tem sido lançado um novo simulador de basquetebol e isso leva-nos a pensar que, por esta altura, a produtora Visual Concepts já saberá o que os jogadores pretendem. Em parte, isso é na qualidade da experiência, com melhor jogabilidade, melhor grafismo e uma grande variedade de modos. Contudo, tudo isto traz consigo com um enorme “mas”. O que os fãs obviamente não querem, são as mecânicas Pay2Win que o novo NBA 2K19 continua a dar bastante uso. Que o árbitro dê início à partida.

Antes de começarmos com as queixas, vamos antes falar dos pontos positivos de NBA 2K19. Este é, sem sombra de dúvida, um fantástico simulador desse fantástico desporto exclusivo que é o basquetebol com as regras da NBA. Tal como os seus antecessores, é possível driblar com todas as equipas da NBA, incluindo algumas equipas clássicas, como aquela desconhecida equipa de Chicago com um tal de Michael Jordan. Há também novas funcionalidades e melhorias em campo que tornam o jogo mais acessível e ainda mais realista.

Saltando imediatamente para a Inteligência Artificial, posso dizer-vos que a defesa agora dá-nos suporte de forma mais inteligente e tende em ajudar a criar jogo em equipa. Como atacante, temos de trabalhar muito mais com os nossos colegas de equipa para conseguirmos jogadas de ponto. Temos até um botão onde conseguimos chamar um dos colegas para bloquear o nosso adversário e retirá-lo do nosso caminho. Algumas destas mecânicas não são novidade, tendo já visto algo semelhante em outros jogos. Contudo, num todo, funcionam muito bem e são bastante práticas.

Fora de campo, também houve importantes mexidas. Provavelmente, a melhoria mais significativa está no modo carreira. Aqui podemos criar o nosso alter-ego e levá-lo ao sucesso, algo que também já vimos em outros jogos de desporto com reacção positiva. Contudo, nesta edição temos a possibilidade de viver uma história muito mais credível. Uma clara mudança é que já não teremos a sorte de um jovem predestinado aos campos da NBA logo ao sair da faculdade, tal como o jogo anterior.

Neste título o nosso jogador vê-se forçado a iniciar a sua carreira na China antes de entrar na G-League e, eventualmente, na NBA. Pelo caminho, vão desenvolver rivalidades, criar amizades e saber como se tornar num verdadeiro team player. Nas primeiras horas do modo carreira, a história é contada através de actores conhecidos como Anthony Mackie (O herói Falcon da Marvel) e Haley Joel Osment (o rapaz de “Sexto Sentido”). Estas cenas intermédias são longas e notavelmente melhores em termos de produção.

Notem que agora já há opção de passar à frente destas cenas. Mas, julgo que não o farão. Gostei bastante da trama criada, não só pela atmosfera como também pelas personagens que, de certa forma, acabam por ser “mais humanas” que nos jogos anteriores. Há um claro interesse no realismo e em contar uma história plausível.

Não só a história faz muito mais sentido, como o conhecido hub Neighborhood é muito mais compacto que no título anterior. Portanto, não será necessário tantas longas caminhadas para ir do centro de treino até ao campo ou até às lojas de roupa. E os mais impacientes terão ainda skates e bicicletas para poupar tempo no trajecto. Mesmo assim, penso que seria muito mais fácil poder aceder a todos estes espaços através de um menu. Mas, enfim, nada de facilidades nesta longa e dura carreira de basquetebolista profissional.

Uma das novidades mais assinaláveis neste título acontece em campo, com o sistema “unleashed“. Traduz-se num bónus dos jogadores que é activado com um certo número de acções bem sucedidas. Uma vez activo, permite-lhes ter maior eficácia em campo, com o revés de poder ser usado por um curto período de tempo. Caso estejam familiarizados com o antigo NBA Jam, o sistema é muito semelhante ao “On Fire“, recompensando-nos com os movimentos e acções bem feitas, ao mesmo tempo que nos motiva sempre a ser melhor em campo.

As partes menos boas deste título leva-nos a relembrar NBA 2K18. Tal como no jogo anterior, é possível comprar Virtual Currency (a divisa do jogo) através de dinheiro real. Apesar de se ganhar esse dinheiro virtual em cada jogo, agora 1,500VC ao invés de 500VC, mas a possibilidade de trocar dinheiro real por VC traz uma óbvia vantagem injusta sobre os jogadores mais pacientes. Pior ainda, é o facto desta moeda também ser usada para melhorar o nosso jogador no modo carreira e comprar novas cartas no modo MyTeam (o equivalente ao modo Ultimate Team de FIFA 19).

Infelizmente, os jogos psicológicos dos prémios das cartas e as micro-transacções não o único problema neste jogo. Ao experimentar o modo multi-jogador preparem-se para muito lag e ocasionalmente a ligação cair. É algo que não me permitiu terminar um único jogo. Offline, por outro lado, apresenta tempos de carregamento desnecessariamente longos, especialmente antes de cada partida. Ambas as situações são apenas frustrantes, não prejudicando em nada a jogabilidade em si. Contudo, nesta era a optimização tem um papel fundamental e parece que a produção tem o mesmo problema num outro jogo que lançou recentemente, quase em paralelo.

Visualmente, porém, NBA 2K19 é uma maravilha técnica. Dá para “sentir” o peso dos jogadores, a sua altura e até mesmo o comprimento dos braços. Todos estes factores são levados em conta no jogo, e é incrível ver como cada movimento é tão natural e semelhante à realidade. É verdade que as transições entre as animações ainda poderiam ser um pouco mais polidas mas, é notável a evolução técnica desde os primeiros títulos. Os jogadores reagem naturalmente, ficam chateados e baixam os braços quando se sentem esmagados pelo seu rival. Sem esquecer a incrível semelhança com os jogadores reais, assim como a das equipas e dos estádios.

É mesmo incrível como NBA 2K19 consegue simular perfeitamente um verdadeiro jogo da NBA que podemos ver na televisão. Nos jogos principais temos os concisos comentários antes do jogo e durante o intervalo, muito próximo do que a televisão Americana faz, trazendo uma surpreendente atmosfera ao jogo. Esta é uma das principais formas de entretenimento desportivo nos EUA, mesmo acima do Futebol Americano, WWE, Baseball e Hóquei no Gelo. Não é de estranhar esta aposta na qualidade que, para todos os efeitos, faz naturalmente um serviço aos fãs.

Veredicto

Se tivessemos apenas de avaliar o plano técnico e a jogabilidade, NBA 2K19 é um dos melhores jogos de basquetebol de todos os tempos. Não há quaisquer dúvidas. Todos os seus modos são robustos, a carreira é intrigante e a interacção é, de facto, brilhante. No entanto, nem tudo é positivo. Os problemas criados pelas micro-transacções continuam presentes. E apesar da produtora ter diminuído (de certa forma) a sua importância, ainda interferem directamente na experiência do jogador, com um impacto bastante grande nos modos de carreira. O jogo evolui e a lógica comercial também devia evoluir, 2K.

  • ProdutoraVisual Concepts
  • Editora2K Sports
  • Lançamento11 de Setembro 2018
  • PlataformasPC, PS4, Switch, Xbox One
  • GéneroDesporto
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Mecânicas Pay2Win
  • Problemas de ligação online

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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