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Análise: Mad Max

Na esteira do enorme sucesso de bilheteiras que foi o filme “Fury Road”, Mad Max estreia-se no mundo dos videojogos num ambicioso projecto da Avalanche Studios. O enorme mundo aberto à exploração, com diversos perigos e desafios, será onde vamos finalmente descobrir porque é que Max está tão chateado.

Afinal, depois dos filmes clássicos de Mel Gibson e agora o mais recente com Tom Hardy, andámos enganados sobre o propósito de Max Rockatansky percorrer a Wasteland prego a fundo. Quando todos pensavam que havia um destino a alcançar, uma meta a atingir ou um propósito superior, afinal Max só queria paz. Ironicamente, porém, essa paz só se cria de quilómetro em quilómetro e a cada litro de combustível no seu veículo. Só é pena que esse mesmo veículo, assim como as suas armas e mantimentos, lhe sejam roubados logo nos primeiros minutos de jogo.

E recuperar essa sua ideia de paz não será fácil, uma vez que está ameaçada por Scabrous Scrotus (raio de nome, não?) o filho do vilão de Fury Road, Imortan Joe, que conta com a legião demente dos seus War Boys. Não deve ajudar muito o facto que, no último encontro com este maníaco, Max tenha enterrado uma moto-serra no seu crânio. Além de sobreviver aos constantes ataques, o Road Warrior precisa de exercer vingança e recuperar o que é seu.

Com este pedaço insano de enredo, tão próprio da série (mas estranhamente independente dos filmes), está lançado o mote para umas boas horas de exploração, combate corpo-a-corpo, perseguições loucas em automóveis improvisados, no mundo aberto e implacável de um deserto pós-apocalíptico. Não há grandes lições de moral pelo meio, apenas sobrevivência num mundo distorcido e excessivamente violento, onde tudo quer matar o herói improvisado, até mesmo o próprio deserto. Felizmente, dos poucos sobreviventes, ainda há quem simpatize com Max e até lhe preste auxílio, começando logo com um novo carro, o Magnum Opus.

E, doravante, isto é tudo o que irão saber sobre o enredo. Toda a história é escrita por vocês com balas, explosões, sangue, gasolina e alguma dose de demência. A interacção com cada personagem que encontramos, cada uma com a sua dose de insanidade, vira uma nova página, adensado a atmosfera pós-apocalíptica que tanto gostámos na série de filmes. Mas o enredo só se desenrolará, de facto, lá mais para o fim, tornando-se algo acessório nas horas de jogo que, entretanto, irão passar a explorar a Wasteland.

Então o que fazemos quando o jogo nos passa o volante? Este é um jogo de acção na terceira pessoa, cujo principal foco está na conquista estratégica de áreas e acção com veículos. Passamos, também, uma boa parte do tempo a colher materiais para melhorar o nosso veículo, desde metal até combustíveis para tornar o Magnum Opus cada vez melhor, graças a Chumbucket, um mecânico que viaja connosco e que nos melhora e repara o bólide. Depois, é usar essa máquina de destruição para ultrapassar inúmeros desafios e missões, cada vez mais difíceis e que premeiam a preparação. Esqueçam-se de melhorar a armadura do carro ou de usar aquelas armas específicas e irão passar um mau bocado. Esqueçam-se de encher o depósito de gasolina e… bom… é óbvio, não?

E se acham que vivem bem sem o carro, saibam que andar a pé é impensável. O mapa, que não tem fronteiras reais, é capaz de ser um dos maiores que já vi num videojogo. São quilómetros de distância, cheios de estradas e obstáculos, além de povoações e fortalezas. Quando olharmos bem para o mapa ao fim de umas horas de jogo e nos apercebermos que nem um terço o explorámos, fica claro que há muito para fazer. E as inúmeras marcas de missões, entre principais e secundárias, estão lá para justificar as cerca de 40 horas esperadas de jogabilidade. Nessa sua dimensão, porém, mesmo com eventos online, Mad Max acaba por ser algo repetitivo. Ao fim de umas horas, já terão jogado todos os modos de jogo e, a partir daí, as novas missões serão encaradas como sendo “mais do mesmo”.

Além das corridas de ponto a ponto, o combate ao volante é do melhor que o jogo oferece. A lógica gira em torno de perseguições a alta velocidade com muitos tiros e explosões. Temos de usar todos os recursos do nosso veículo para nos defendermos de emboscadas ou para atacar comboios de mantimentos dos adversários. Com um arpão, por exemplo, podemos arrancar a sua armadura, para que seja mais fácil atingir a tiro os ocupantes, e com um simples aríete podemos abalroá-los. Quando tudo falha, nada como uns quanto tiros ao tanque de combustível inimigo para criar fogo de artifício instantâneo. Depois dos inimigos derrotados, parem o carro, recolham os despojos da batalha e sigam até ao próximo festival de violência.

Condução à parte, as missões, no geral, giram em torno da destruição do monopólio do Lord Scrotus. A tal lógica de estratégia que já mencionei, visa lentamente o remover de influências e o “libertar” de regiões. Esta estratégia, assim como a evolução da personagem e do grau de dificuldade, é um pouco emprestada de Shadow of Mordor. Não podemos simplesmente mandar-nos de cabeça para os desafios sem uma franca preparação, sob pena de sermos humilhados sem dó. Até mesmo a lógica dos bosses de cada base, os Top Dogs, é muito parecida à dos Warlords do jogo de The Lord of the Rings. Também o combate corpo-a-corpo parece ser emprestado da série Batman Arkham, sendo igualmente fluído e dependente da nossa destreza entre ataque e defesa. Até mesmo os quick-time events durante o combate e os combos nos lembram o jogo do homem-morcego.

Só tenho pena que os controlos não sejam mais lógicos. Na versão que analisámos (PS4) o botão X é usado para quase tudo como botão de “acção”. Até aqui tudo bem, mas quando querem apanhar um objecto do chão e se por azar houver uma escada ao lado, acabam por subir involuntariamente até ao segundo piso. Também a escolha do botão O para disparar me parece algo desajustada. Quanto ao usar dos gatilhos para os controlos de aceleração e travagem do carro, porém, não parece haver grande alternativa. O botão para saltar? Gatilho esquerdo… hã? Não podemos alterar o mapeamento, mas podemos optar por um modo “alternativo” que sempre repõe o disparo das armas para os gatilhos. Mesmo assim, não parece resolver os problemas crónicos do mapeamento.

E mesmo a potencial qualidade visual do jogo, fica manchada por algumas situações insólitas. Apesar de, regra geral, o jogo ter óptimo aspecto na Playstation 4, com as paisagens e efeitos visuais, com ciclo de dia e noite dinâmico, não está isento de erros de físicas e de animações. Certa vez, ao sair do veículo, Max saiu disparado, qual saca de batatas, sem qualquer justificação. Noutra ocasião a meio do combate um veículo adversário simplesmente saltou no ar desaparecendo no horizonte. Também há inexplicáveis quebras de performance aqui e ali, sobretudo na transição entre a acção e cenas intermédias, com soluços e breves paragens. Não diria que estas falhas estraguem a experiência do jogo, mas esperava-se algo mais aprimorado, sobretudo depois de alguns adiamentos no lançamento.

Veredicto

Na sua natureza selvagem e violenta, Mad Max é um jogo divertido que empresta alguma da jogabilidade de jogos de grande sucesso recente. Mesmo introduzindo um tipo de combate em condução que vicia, vive um pouco das mecânicas e lógicas já introduzidas noutros títulos. Isto é bom porque consegue trazer o que mais gostámos em Shadow of Mordor ou Batman Arkham, mesmo não inovando realmente nesses campos. Essa jogabilidade, porém, não é a melhor com os controlos pouco intuitivos que atrapalham um pouco a acção. Por outro lado, a sua beleza gráfica fica manchada por alguns erros visuais que não seriam de esperar de um jogo tão antecipado. No final, fãs ou não da acção crua e intolerante da Wasteland, até vão gostar de andar a alta velocidade, deserto afora, a fazer explodir tudo e todos…

  • ProdutoraAvalanche Studios
  • EditoraWarner Brothers
  • Lançamento4 de Setembro 2015
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAcção
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Erros visuais e de optimização
  • Enredo acessório
  • Missões Repetitivas

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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