Análise: IronFall Invasion

A Nintendo 3DS nunca foi a consola mais adequada para shooters. Mesmo alguns RPGs, como Monster Hunter, requerem alguma ginástica de dedos para controlar a câmara ao mesmo tempo que a nossa personagem. Claro que isto só acontece se não tiverem o Circle Pad Pro em separado.
A New 3DS veio resolver esta lacuna com o C-Stick e com ela chegou também o IronFall, um shooter que partilha imensas características com a série Gears of Wars da Epic Games. Quando foi anunciado, pareceu o jogo que faltava à 3DS, eu próprio estava ansioso por jogar, mas acabou por desiludir.

Antes de me debruçar nos detalhes do jogo e onde ele erra, é importante dizer que o IronFall é impressionante tecnicamente. O jogo é um third person, bem ao estilo do Gears of War, é muito fluído com os seus 60 fps, suporta modo multi-jogador até seis jogadores e tira proveito do novo C-Stick (ou do circle pad pro, se o tiverem).

IronFall é um jogo free-to-play, mas eu diria mais que é uma demonstração extensa que dá uma pequena visão do que o jogo é capaz e depois, se gostarem, podem comprar o modo campanha e o modo multi-jogador em separado. Só que desembolsando 10€ para cada um dos modos.

A campanha não é de todo o seu forte, diria mais que é uma perda de tempo percorrer os seus diferentes níveis. A História de IronFall coloca-nos no papel de Jim, que terá de salvar o mundo de uma invasão alienígena ao longo do jogo de 11 níveis diferentes que nos transportam para vários locais do nosso planeta. Locais esses que surgem sem qualquer inspiração e mini-jogos que já vimos centenas de vezes noutros jogos.
Há maus diálogos, o voice over é péssimo e os inimigos que ameaçam o nosso planeta têm uma inteligência artificial equivalente a um Tamagotchi.

Por outro lado, o modo multi-jogador, permite juntar 6 pessoas diferentes para uma troca de tiros onde só um pode sobreviver. É possível personalizar a personagem e o seu tipo de arma a levar para o combate. Há ainda um sistema de apostas que permite ganhar (ou perder) experiência para evoluir a nossa personagem.
Contudo, os mapas são de tal forma pequenos que o caos se instala logo de início. Não é um caos divertido, é frustrante tentar fazer mira com o C-Stick e estarmos constantemente a ser atingidos sem saber de onde.

Apesar de gostar muito do C-Stick, já tinha abordado na análise da New 3DS, que não é a melhor solução para jogos que estão dependentes dele para fazer mira. Mesmo mexendo na sensibilidade, continuo a lutar para ter a mesma eficácia de outros comandos. A minha conclusão é que o C-Stick não tem a sensibilidade de um analógico e no meio da acção é capaz de nos levar à loucura. Contudo, quando usado para controlar a câmara, não tenho qualquer queixa e gosto bastante da solução da Nintendo.

Voltando ao jogo. Existe um conceito interessante!
Ao contrário de usar o tradicional sistema de vida com health packs, IronFall usa um sensor cardíaco no ecrã inferior. Levar tiros ou correr, sobe o nosso ritmo cardiaco e se ficar muito alto, morremos. Para acalmar o ritmo, é necessário usar o sistema de cover. Uma mecânica simples, que funciona muito bem.

Graficamente está muito bem conseguido e houve grande atenção nos detalhes, apesar de existirem algumas texturas menos trabalhadas, mas nada preocupante. Quando o 3D está desligado o jogo corre a uns incríveis 60fps e com o 3D ligado esse valor baixa para metade. Seja jogado com o modo 3D ou não, os gráficos não decepcionam. Só tenho pena que os modelos usados sejam tão genéricos e os alienígenas mais pareçam ter saído das fábricas da SkyNet.

Veredicto

IronFall Invasion é um grande feito técnico na 3DS, disso não há dúvida. O jogo aplica muito bem os novos controlos, mas a falta de uma boa premissa e a acção banal tiram-lhe a vida necessária para se destacar e para provar que a consola também é capaz de ter bons shooters.