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Análise: Inside

Poderia ser só mais um jogo de plataformas como tantos outros. No entanto, este Inside tem um trunfo: é o segundo jogo de uma produtora que já nos trouxe um enorme sucesso do género. Mas será que consegue inovar? Ou fica-se por repetir a mesma fórmula?

Certamente recordam-se da última aventura da produtora Playdead. Chama-se Limbo e foi um dos jogos de plataformas mais aclamados dos últimos tempos. Tanto o seu design arrojado e misterioso a preto e branco, como muitos dos conceitos e mecânicas, acabaram reproduzidos de alguma forma em outros jogos. Imediatamente depois do lançamento desse título, a produção iniciou a concepção de um Projecto 02 que deu à luz o jogo que analisamos hoje. Sem fugir à regra, este novo Inside partilha muita coisa com o primeiro jogo da produtora, embora tenha imensa vontade de não ser uma repetição.

Tal como o seu antecessor, Inside também partilha do seu design obscuro e com pouca cor. É também um jogo linear de side-scroll e que aposta em puzzles, por vezes letais. Também seguimos a aventura de um pequeno rapaz numa situação misteriosa e em que o perigo espreita a cada instante. Apesar de algumas novidades aqui e ali, as ideias estão todas lá, mas com outra cara. No entanto, não pensem que isto é negativo. Tal como já disse, foram imensos os jogos que copiaram este conceito, mas foi mesmo a Playdead que iniciou este género tão peculiar. Logo, quem mais poderia aperfeiçoá-lo?

Uma vez mais não sabemos rigorosamente nada sobre o contexto ou enredo. Vamos acompanhar as peripécias de um pequeno rapaz de camisola vermelha numa cidade utópica, repleta de restrições e regras rígidas. À sua volta, as pessoas agem como zombies controlados mentalmente por projectos científicos com fins duvidosos. A fuga do pequeno rapaz é inevitável, mas cedo percebemos que podemos fazer algo pelos demais. A dada altura, concluimos que esta é uma alegoria à nossa própria civilização em que apenas os “iluminados” fogem à escravatura das massas. Contudo, a ideia deste jogo é mesmo descobrir o seu enredo, pelo que não me vou alongar muito com a sua descrição.

Apesar das muitas semelhanças com Limbo, a principal diferença vai para os cenários bem mais complexos e com maior profundidade. Desaparece o grafismo em silhueta, para dar lugar a uma ambiência 2D com bastante profundidade. Também há mais cor inserida em determinados momentos, sobretudo em torno do rapaz. Também os puzzles são mais complexos, com maquinaria, pessoas, objectos e outros elementos adicionados para oferecer maior desafio intelectual. Felizmente, que todos os puzzles são de fácil leitura e não deverão precisar seguir tutoriais para a vasta maioria. No entanto, não pensem que são todos fáceis de resolver.

De resto, considero toda esta aventura uma peça de arte. Tanto no seu design irrepreensível ao estilo de um filme de animação, com a sua simplicidade complexa (perdoem a contradição), como nas suas animações fluídas que obedecem a físicas bem realistas. Há pequenos detalhes aqui e ali que vão encher o olho, por exemplo, nas sequências submarinas com os peixes a rodearem a personagem ou como as lâmpadas solta faíscas quando rebentam. Podem achar que é irrelevante apreciar estas pequenas animações, mas são mesmo estas e muitas outras que fazem o jogo tão agradável à vista.

A jogabilidade prende-se com mecânicas simples, como andar, nadar, saltar ou efectuar movimentos específicos para passar por determinadas secções. Por exemplo, bem cedo no jogo, um dos puzzles é entrar numa fila e imitar os demais cidadãos. Um movimento fora de tempo e são descobertos e eliminados. Na maior parte do tempo, controlamos o rapaz e, por vezes, temos pessoas a seguir os nossos passos. No entanto, lá mais para a frente na história, irão literalmente juntar-se às “massas” e controlá-las. Não posso dizer como, sob pena de vos estragar a surpresa. Mas acreditem que o jogo muda um pouco na sua lógica e torna-se… grotesco. Depois entendem.

E tenham cuidado se possuem problemas de ansiedade. Há momentos de extremo stress em que temos de executar tudo com precisão para passarmos a secção, onde nem falta o som da batida acelerada do coração. Há imensos momentos de “quases” que vos vão deixar na ponta da cadeira. Outros que nos irão frustrar por parecerem demasiado difíceis. Mas nem são, só precisam que pensemos um pouco e façamos tudo na ordem e tempo certos. Se morrerem numa secção complexa, não desistam, tentem novamente e pensem “fora da caixa”.

Veredicto

Com uma arte visual lindíssima, com momentos de tensão de arrepiar, com puzzles que puxam pelo intelecto, com um enredo icónico e cheio de sentido, onde até o final do jogo surpreende, só parece estar a faltar mais algum tempo de jogo. Sim, tal como aconteceu no seu “antecessor espiritual”, ficávamos mais umas horas a jogar Inside. Contudo, como um jogo de plataformas estilo “side-scroll” e com tanta beleza, mecânicas aprimoradas e um forte desejo de ser superior ao seu antecessor, este é um título obrigatório e que não devem perder. Se gostarm de Limbo, vão adorar Inside.

  • ProdutoraPlaydead
  • EditoraPlaydead
  • Lançamento7 de Julho 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroPlataformas
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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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