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Análise: Heart & Slash

Há algumas décadas, os jogos não era colossos visuais. Haviam tantos píxeis nos ecrãs que era possível contá-los, só tínhamos um punhado de cores, os controlos eram básicos, mas nem por isso estes jogos eram menos entusiasmantes. Heart & Slash da independente AHEARTFULOFGAMES fez-nos regressar a esse passado onde a jogabilidade era tudo.

Fruto de uma campanha bem sucedida de angariação de fundos, seguindo-se uma fase de desenvolvimento em Early Access na plataforma Steam, este título independente foi sempre aclamado pela crítica. A sua natureza de acção e “directa ao assunto”, passando por uma jogabilidade viciante e divertida, mereceu toda a atenção da comunidade. Finalmente, chega até nós a versão final na Xbox One e PlayStation 4 (versão analisada). Segundo as suas próprias palavras, a Produção diz que teve “um orçamento pequeno, mas um grande coração”. E esta dedicação ao seu primeiro jogo de sempre está patente do princípio ao fim.

O enredo não podia ser mais simples. Heart é um pequeno robot que desperta para tempos sombrios. A “Robolution” eliminou toda a Humanidade há 100 anos e a antagonista QuAsSy (Quality Assurance Systems) continua a processar protocolos de padrões restritos para toda a maquinaria. Mas Heart quer algo mais, sentindo que o seu papel não é o de conformidade. Apesar dos seus criadores estarem há muito extintos, o pequeno herói procura, mesmo assim, satisfazer um pequeno-grande desejo: Ser amado. Tudo isto pode soar a um enorme cliché (e é mesmo). Mas, acreditem, não é no enredo que reside o interesse deste jogo.

Tal como o seu título parece sugerir, Heart & Slash é uma interpretação do género “Hack & Slash” num estilo “roguelike”. Ou seja, vamos deambular pelos mapas, a desancar adversários, esmurrando os botões do nosso comando e… a morrer constantemente. Sim, este jogo possui a célebre “muleta criativa” da Permadeath, que significa que, a cada morte, perdem o progresso e regressam ao início do jogo. E isto, acreditem, vai acontecer muitas vezes. Felizmente, cada vez que reiniciamos a acção, tudo é redesenhado de forma aleatória, tanto os mapas, como os adversários ou as armas.  E é por isso que, apesar da jogabilidade em si pouco mudar, o jogo até nem nos dá uma noção de repetição, acabando por se tornar viciante na tentativa de o bater.

Para combater os inúmeros adversários que parecem não ter fim, convém que nos equipemos a rigor. Para isso temos dezenas de armas diferentes, cada uma com as suas características. Mas há também outras dezenas de novos componentes para alterar a jogabilidade como um jetpack para voar com grande estilo, por exemplo. Além disso, há também poderes especiais como teleporte, saltar pelas paredes, controlar o tempo, entre outros. O interessante neste tipo de equipamento é que podemos fazer inúmeras combinações, alterando a forma como derrotamos adversários e passamos cada um dos mapas.

O nível de dificuldade é também proporcional ao número de horas que gastamos a evoluir a personagem. A dada altura, o jogo atinge um patamar de dificuldade, quanto a mim, demasiado elevado, onde nem as armas mais poderosas ajudam. E a “permadeath” está lá para nos recordar que ainda precisamos ganhar mais perícia. E aquela arma que tanto gostámos de usar, pode já não estar no mesmo sítio para apanhar quando voltamos ao início. Felizmente, a exploração em busca de pickups é simples graças ao tamanho reduzido dos mapas. No fundo, somos convidados a nos adaptarmos às circunstâncias. E curiosamente, apesar de não gostar do conceito de “permadeath”, nunca achei a jogabilidade realmente injusta.

Claro que o que salta mais à vista é a arte geral do jogo. E não falo apenas nos seus modelos, texturas e efeitos visuais pixelizados, mas também nas suas animações e interacção. Todo o ambiente tridimensional confere ao jogo uma atmosfera retro, com alguns elementos estilo banda-desenhada muito interessantes. Para complementar a qualidade visual, está também uma excelente banda sonora que me faz lembrar um pouco os jogos tipicamente anime. Infelizmente, o baixo orçamento não permitiu à produção adicionar vozes às personagens, o que daria para mais alguma profundidade.

Se há algo que não gostei na experiência do jogo, foi mesmo a câmara. Os ângulos de perspectiva nem sempre ajudam, escondendo adversários fora do ecrã ou dando-nos uma falta noção de profundidade. Mas o pior é que podemos ficar encurralados no cenário muito facilmente o que, no caso de estarmos rodeados de vários adversários, pode ser frustrante. Há também um zoom automático em algumas zonas que só piora esta mecânica. Como sempre, acabamos por nos habituar a esta câmara temperamental.

Veredicto

Os fãs do retrogaming procuram sempre a recuperação nostálgica dos seus jogos prediletos. Heart & Slash é uma homenagem a esses jogos clássicos, não só na arte do jogo, mas também na sua jogabilidade e mecânicas. Possui um nível de dificuldade um algo elevado, a sua câmara cria situações injustas e a “permadeath” vai frustrar muitos jogadores. Contudo, acaba por ser um pequeno vício que vamos querer repetir até à exaustão, graças a uma jogabilidade fácil de dominar, muito divertida e em que a repetição fica camuflada pelos elementos aleatórios.

  • ProdutoraAHEARTFULOFGAMES
  • EditoraBadland Games
  • Lançamento1 de Julho 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroHack and slash
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Perspectivas da câmara
  • Alguma dificuldade excessiva

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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