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Análise: Formula 1 2014

Chamam-lhe o “grande circo” ou até “a prova raínha” do automobilismo. A Fórmula 1 é a competição mais cara e mais tecnológica de todas as competições inseridas na FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Todos os pilotos aspiram chegar aos monolugares pelo prestígio, pela exigência e pelo factor financeiro. Muitos são os videojogos que inserem automóveis semelhantes à F1 para simular a velocidade e manobras destes bólides, mas só um tem o privilégio de se chamar Formula 1 2014 e esse é o da Codemasters

O ano de 2014 fica marcado com uma série de novas alterações ao regulamento da FIA para a Fórmula 1. Essas alterações passam pela redução dos blocos de motor de 2.4 CCs V8 para os de 1.6 CCs V6, redução de potência de 750 cv para 600 cv, alteração ao ERS (Energy Recovery System, um sistema eléctrico em acumuladores que aproveita a inércia para gerar potência extra por tempo limitado) que agora permite mais 160 cv durante aproximadamente trinta segundos por volta, entre outras alterações técnicas.

No entanto, as principais alterações surgem nas qualificações, penalizações e pontuação. Este ano a F1 conta com uma wildcard em que a última prova do campeonato vale pontos a dobrar. Esta medida poderá permitir que os pilotos e construtores lutem até ao fim pelo título (como aconteceu este ano com o piloto Lewis Hamilton e o seu companheiro de equipa da Mercedes, Nico Rosberg). Outra regras ditam que agora há restrições nos testes de túnel de vento ou em pista, assim como nas qualificações a nível de pneus ou alterações dos tempos de qualificação.

Todas as regras, implementadas neste jogo, estão disponíveis no site oficial da FIA.

Se estas regras são, ou não estranguladoras, fica para uma outra conversa, fora do âmbito desta análise. A Fórmula 1 está muito diferente, muito mais restrita e com muitas medidas para tentar torná-la competitiva. Mas, no final de tudo, é o condutor, o piloto que faz a diferença. Há quem argumente que é também o automóvel e a sua engenharia. O que é certo é que neste jogo da Codemasters, conta muito a perícia e a destreza a fazer ultrapassagens e ainda mais a gerir os treinos, qualificações e provas. Troca de pneus, combustível e outras opções são tão importantes na gestão de uma prova como a arte de saber abordar um ápice de uma curva. Mas, já lá vamos.

Antes de falar da condução em si, tenho de falar, forçosamente do facto de termos em mãos o mesmo jogo do ano passado (F1 2013), pelo menos em termos técnicos, com algumas alterações à jogabilidade, apenas. Além dos pilotos e veículos novos deste ano e algumas pistas novas, pouco ou nada evoluiu desde o jogo anterior. Neste ano, a remoção das provas e veículos clássicos até deixou um pequeno sabor amargo na boca porque, pessoalmente, até era onde passava mais tempo, além do campeonato. De resto, é o mesmo jogo de 2013 (e 2012, já agora), enquanto a Codemasters espera lançar em 2015 um novo motor gráfico criado de raíz. Até lá, os gráficos de F1 2014 são pouco exigentes nas máquinas actuais, são até algo datados em termos de efeitos e modelação visual. As pistas, texturas e objectos das mesmas são igualmente aborrecidas e mesmo com o grafismo em Ultra (versão PC) não notamos grandes marcos técnicos a nível visual.

A nota mais positiva neste campo é, logicamente, cada modelo dos 22 veículos das 11 Equipas. Não só todos os carros estão exaustivamente modelados, até à última asa ou apoio aerodinâmico, como estão devidamente licenciados. É possível comutar entre diversas câmaras de jogo, incluindo umas quantas na perspectiva do cockpit e mesmo do piloto. Os puristas agradecem. E não são só os veículos, tanto as pistas como as equipas em si, estão devidamente licenciadas, com todo o rigor. Não escapou sequer o pequeno anúncio à Rolex nos cronómetros de prova. Se isso é necessário ou não, não interessa aos fãs da Fórmula 1. O que interessa é a autenticidade do que vemos e aí, é irrepreensível.

Agora colocamos o capacete e vamos lá fazer umas quantas provas para vos falar sobre como é ser um fã deste desporto e poder encarnar um qualquer dos pilotos de elite da F1. Para isso, possuem no menu a opção de correr uma simples prova (chamada Grand Prix), o célebre modo de carreira onde podem levar a vossa personagem até ao estrelato ou ainda uns fantásticos desafios (Season Challenges), onde terão situações pontuais, que decorreram em provas passadas, para ultrapassar. Exemplo disso será levar um determinado carro, mais limitado, a chegar a uma posição superior, vindo de trás e à chuva ou combater pela vitória atrás de um veículo mais rápido. São vários desafios, de vários níveis, que vos vão dar a entender porque é que estes pilotos são tão bem pagos.

Infelizmente, a Formula 1 “já foi mais técnica”. Lembro-me dos grandes clássicos da Microprose onde podíamos mexer em tudo ao nível de mecânica e aerodinâmica. Neste jogo, desde 2012, porém, os acertos ficam-se por meras opções pré-definidas de ajuste, algumas com apenas três presets ou menos. Eu gostaria de poder mexer no rácio da caixa de oito velocidades ou na suspensão, por exemplo. Só que não posso, não me deixam. É triste para os junkies da mecânica. Esperemos que no próximo jogo a Codemasters abra mais a componente de simulação mecânica deste jogo.

Mas é ao volante que as coisas animam. A princípio, estranhamos o som algo fraco dos motores, agora limitados até às 15000 rotações e com blocos de motores do tamanho de um motor de um Fiat Punto. O omnipresente turbo sempre oferece uma noção de maior velocidade mas quando olhamos para o volante (onde está o tacómetro) já estamos perto do 300 kmph em poucos segundos. Isto é que é velocidade. A negociação das curvas é violenta e a travagem ainda mais, os pneus gritam e desgastam-se mais graças às acelerações mais elevadas e aos novos travões electrónicos na traseira, incluídos nas novas regras. É preciso pensar em segundos, para negociar curvas enquanto ultrapassamos e aqui há uma novidade que é um grande alívio para mim!

No jogo anterior, a inteligência artificial era qualquer coisa de injusto. Era bem possível calibrar o carro e fazer uma prova sem erros, para depois acabar em 10º lugar depois de um pequeno deslize numa negociação de uma curva ou até a planear a ida à box. A IA era implacável, perfeita e cínica. Podemos dizer que o nível de competição real na F1 tornava este ponto realista, mas no rigor, isto é um jogo e haviam provas absolutamente frustrantes, sobretudo em veículos ou equipas mais fracas. Chegávamos a ver os carros mais rápidos a desaparecer no horizonte, só porque não activávamos o ERS no momento certo. Agora, as coisas estão mais equilibradas. Continua a ser desafiante, mas, pelo menos, temos uma noção de possibilidade. É possível alcançar os lugares pontuáveis com carros mais lentos e nos intermédios chega a ser possível lutar pelo pódio. Mesmo assim, não esperem facilidades. Treino é tudo. Ainda mais se estamos a lutar contra os melhores do mundo.

Veredicto

Pode ser o mesmo jogo do ano passado com cara lavada e novos carros. Não deixa, no entanto, de ser um jogo obrigatório para os fãs da Fórmula 1. A Codemasters é exímia a replicar a condução das provas que torna em videojogo. Só tenho pena que não haja mais mecânica para trabalhar, mais jogo para descobrir. O ano passado ainda tínhamos as provas clássicas para reviver, este ano nem sequer o multi-jogador online ou de ecrã dividido é novo. O regresso dos desafios é bem vindo e oferece uma boa variedade. Mesmo assim, arrisco dizer-vos que se são fãs da competição e  possuem o F1 2013, não o desinstalem. Acaba por ter mais valor que este novo F1 2014. Mas se querem levar o “Silver Arrow” à vitória, então não percam esta nova versão.

  • ProdutoraCodemasters Birmingham
  • EditoraBandai Namco
  • LançamentoAinda sem data de lançamento
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroCondução
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Mesmo jogo desde 2012, praticamente
  • Falta do modo Clássico

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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