ss_72dd78341a58541a698d9037b8cd744dea63fc0b-1920×1080

Análise: Football Manager 2017

Todos os adeptos de futebol conhecem a expressão “treinador de bancada”. Por mais que saibamos que os treinadores precisam de anos a aprender o seu ofício, cada um dos adeptos tem “a certeza” que conseguia fazer melhor. Football Manager 2017 dá essa oportunidade.

Diz-se na gíria do futebol que “não há insubstituíveis”. Esta é uma realidade nos bastidores do chamado “desporto-rei”, mas no que toca a jogos de gestão futebolística, só há um jogo que reúne consenso como candidato ao título de líder incontestado. Football Manager tem um currículo invejável. A Sports Interactive, estúdio responsável por este título, esteve também por detrás do mítico Championship Manager que fez as delícias de muitos ao longo dos anos. Com a série FM, marca que surge depois do contrato feito com a SEGA, a fórmula foi aprimorada e todos os anos temos um Football Manager, sempre a evoluir. Vejamos se nesta edição temos mais uma confirmação da qualidade. O vício, esse, está garantido.

Depois da eterna batalha dos simuladores de futebol FIFA e PES, também eles com robustas carreiras de treinador opcionais, a “época” não arranca realmente até ser lançado o FM deste ano. E aqui está ele. Só que, para muitos, parece que não chegou realmente. Isto porque as muitas acusações de ser uma repetição do mesmo jogo do ano passado (FM 2016) abundam. Talvez esta insatisfação seja mais centrada no aspecto geral que, de facto, não é muito diferente. No entanto, é preciso observar que um título deste género não precisa inovar muito a cada capítulo. Basta que evolua e se corrija a cada passo.

De facto, as novidades são quase imperceptíveis, mas são realmente significativas. Temos agora muita mais capacidade de personalização do treinador, permitindo, até, passar as nossas feições para o modelo 3D. Algo que já tínhamos visto noutros jogos e que nos ajuda a tornar nesse tal “treinador de bancada” que tanto desejamos ser. E, também inspirados noutros títulos recentes, temos também uma nova rede social virtual, ao estilo do Twitter. Aqui, os média e público geral reagem a resultados e estratégias, algo que também nos ajudará a tomar decisões. Infelizmente, também como nos outros jogos, estas mensagens acabam repetitivas, passando esta secção a se praticamente de consulta pontual, por exemplo, para ficar a tento a transferências oportunas.

Algo que apreciei bastante comparativamente aos jogos anteriores, é que não é tão simples criar uma equipa no início da época e esperar que fórmula resulte doravante. É preciso ter em conta as estratégias, química entre jogadores e tácticas de jogo em jogo. Já no passado era assim, obviamente. Contudo, havia uma fórmula inicial que testávamos numa pré-época que, eventualmente, tornar-se-ia sempre a mesma até ao final da temporada. Agora, toda a preparação antes de um jogo é bem mais importante, uma vez que as equipas adaptam-se à nossa estratégia, tornando o jogo muito mais orgânico e imprevisível.

Logicamente que isto significa que vamos ter de gastar imensas horas a preparar uma equipa e a gerir jogadores e estratégias. Demorará bastante tempo até que consigam criar sinergias entre jogadores, ao ponto de equilibrarem a formação em termos de ataque e defesa. E é de assinalar que os jogadores possuem melhor rendimento se os seus perfis se enquadrarem no seu papel na equipa. Coloquem um jogador de perfil mais defensivo no ataque e este irá guardar mais a bola que chutar à baliza, por exemplo. Se calhar é um jogador mais indicado para retenção de bola que propriamente para marcar um golo. São decisões destas que vão tomar o vosso tempo durante os próximos dias meses.

Regressam os quadros informativos que nos ajudam bastante nesta gestão da equipa. Bem mais simplificado graças a um assistente virtual, este feedback, juntamente com a já mencionada rede social virtual, é essencial para tomar o pulso da equipa. Mas, neste campo, continuam a haver algumas questões que não consigo entender porque ainda não foram alteradas. Quando um jogador está descontente com a sua situação no clube, por exemplo se não jogar tanto quanto gostaria ou outras questões pessoais, não há muito que se possa fazer. E considerando que eventualmente a insatisfação contratual de um jogador é das situações que mais acontecem em jogo, não termos hipótese de evitar uma crise por, exemplo, rever contratos, parece-me uma falha tremenda.

Falando de contratos e transferências, gostarão de saber que esta componente tão importante da série está melhor que nunca. Temos agora mais poder de mexer em contratos e cláusulas. Há algumas bem interessantes, como a restrição de transferências até que concluamos um outro negócio ou arranjemos uma alternativa. Isto evita que surjam lacunas graves na equipa durante a época de transferências, porque um jogador saiu fora de tempo, ou que outro entre sem que tenhamos conseguido vender um outro jogador da sua posição. E notem que as cláusulas são transversais, obrigando-nos também a determinadas premissas. Falhem e o jogador terá justa causa para rescisão.

Uma das inclusões mais badaladas e que mais apreensão deu a alguns jogadores, é a inclusão de repercussões causadas pela decisão política do Reino Unido sair da União Europeia, o chamado Brexit. É discutível se as questões políticas terão assim tanto impacto no mundo do futebol ou se a FIFA e UEFA acabarão por minimizar “o estrago”. E também é discutível se este tipo de “realismo” tem lugar num jogo de estratégia de futebol. Mas é uma adição bem vinda, uma vez que introduz um novo desafio na gestão. Pode acontecer um Brexit mais suave, com desenvolvimentos menores, ou um mais rígido em que, por exemplo, inscrever um jogador Britânico numa competição entra em conflito com a “Lei de Bosman”.

E se decidirem fazer carreira nas Ligas Inglesas preparem-se para outras dificuldades. É comum os clubes Britânicos actualmente procurarem talento nos jovens Europeus (veja-se o caso de Cristiano Ronaldo, “descoberto” pelo Manchested United). Com o Brexit, estes jogadores deixam de ter estatuto de trabalhadores comunitários. E imaginem que a Escócia leva mesmo à frente a sua intenção de se desvincular do Reino Unido, criando uma Liga Escocesa, ainda dentro da União Europeia. O Brexit não é uma medida simples de lidar e pode ter repercussões suaves ou rígidas, dando uma imprevisibilidade notória e bem vinda.

Quando está na altura de subir ao relvado, FM2017 presenteia-nos com um novo visual que nos permite ver o jogo com uma qualidade sem precedentes. Claro que não podem esperar um FIFA em campo, o objectivo não é jogarmos directamente com os jogadores, mas sim assistir o jogo e poder tomar decisões no seu desenrolar. Longe vão os tempos dos círculos em campo e o jogo narrado em linhas de texto. Agora, vemos os jogadores entrarem em campo, aquecerem e darem o pontapé de saída é um contraste tremendo desde esses primórdio do CM.

Nem tudo é perfeito, claro. Algumas animações são demasiado básicas ou mecânicas e a inteligência artificial tem alguns momentos erráticos. A ideia não é oferecer um simulador de futebol, é certo. Contudo, se se insere uma visualização do jogo a decorrer, ao menos é de esperar que se transmita um pouco mais do espectáculo que consegue ser. Está perto de o fazer, com algumas notas de qualidade nos movimentos dos jogadores. E notem que até mesmo o mítico spray de espuma do árbitro está presente, numa clara intenção de levar o cumprimento das regras à risca.

Veredicto

O vício está de volta, disso não há dúvida. Não se deixem enganar se ficarem com a sensação que esta é só uma mera actualização do jogo do ano passado. Visualmente, pode ser semelhante, mas Football Manager 2017 é uma evolução clara. Mesmo que não revolucione demasiado na sua oferta, aprimora mecânicas e lógicas, simplifica algumas coisas e ainda introduz algumas variáveis que criam situações imprevisíveis. Continua a ser um dos jogos estratégia futebolisticas de referência e sem concorrência à altura.

  • ProdutoraSports Interactive
  • EditoraSEGA
  • Lançamento4 de Novembro 2016
  • PlataformasPC
  • GéneroDesporto
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Partidas em 3D ainda não entusiasmam
  • Rede Social virtual precisa de melhoramentos
  • Algumas lógicas na gestão de jogadores

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários