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Análise: Final Fantasy XII – The Zodiac Age

Enquanto o remake de Final Fantasy VII não chega, a Square Enix traz-nos uma outra reedição revista com Final Fantasy XII – The Zodiac Age. Não sou particular fã desta onda de reaproveitamento de velhos títulos. Contudo, estou disposto a abrir umas excepções.

Regressar a Ivalice é sempre um prazer. Não, não tenho grande interesse em tirar a PlayStation 2 da sua merecida reforma. Pelo que a reedição de FF XII para PlayStation 4 é bem vinda. Este foi o primeiro jogo da série a alterar o esquema de combate clássico e a trazer cenários dinâmicos tridimensionais e um embrião do que viria ser o vulgar mundo aberto dos jogos actuais. Sim, há 11 anos este jogo inovou onde podia, dado o hardware limitado. Agora que chega à PlayStation 4 numa edição renovada e cheia de vontade de prestar uma devida homenagem, surge a pergunta: Vence o teste do tempo? Penso que todos os reboots, remasters e, sobretudo, remakes precisam de ver esta pergunta respondida. Os tempos mudaram e a própria série Final Fantasy mudou. Os argumentos do passado são muitas vezes datados e postos em causa. Vejamos como esta edição The Zodiac Age se comporta na nova vida que dá ao jogo.

Para quem não se recorda ou não jogou o título original, FF XII conta a história de como Ivalice está em estado de sítio por causa de uma guerra entre dois Impérios de grande poder: o Império de Rozarria e os ocidentais de Archadia. Diversas nações sofrem sob o jugo do conflito e do poder exercido, sobretudo pela imponente Archadia. No meio do tumulto, seis personagens erguem-se: o órfão com aspirações a pirata Vaan e o seu amigo de infância Penelo, a Princesa Ashe de Dalmasca, o cavaleiro desonrado Basch e os piratas voadores Balthier e Fran. Do outro lado da barricada está o Imperador Gramis de Solidor, Archadia e os seus filhos, o impiedoso Príncipe Vayne e a pacificadora Princesa Larsa.

A história gira em torno de Vaan e das suas aspirações que o levam a encontrar-se com os dois piratas Balthier e Fran, a líder da resistência contra o império de Archadia e as restantes personagens. Contudo, Vaan é mais um centro de atenções que um protagonista fixo. Na verdade, o enredo acaba por abordar todas as personagens como se fossem as principais. A trama é típica da série, com forte ênfase no sentido de dever, nos laços de amizade e da missão pessoal de cada um. Ao contrário da maioria dos jogos Final Fantasy, este possui uma inspiração forte no médio oriente, com um óbvio toque de fantasia. Tudo leva uma envolvência quase cinematográfica, sobretudo nas cenas intermédias. FF XII sempre foi único nas suas opções artísticas. E agora que chega à PS4 está melhor que nunca.

Como seria de esperar numa remasterização deste calibre, a maior parte das novidades estão no aspecto visual do jogo. Personagens e cenários receberam um tratamento revitalizado ao nível de texturas, efeitos visuais e definição geral. O abismo técnico entre a PS2 e a PS4 quase criaram um jogo novo. Contudo, é de notar que nem tudo foi devidamente actualizado. As animações faciais são a principal lacuna neste título, mas também os cenários parecem algo despidos de objectos e detalhes. Talvez esteja mal habituado, com Final Fantasy XV e Final Fantasy XV – Stormblood na memória. Seja como for, esperamos sempre que os novos jogos lançados nesta série nos surpreendam. E este, acusa um ligeiro peso de idade, honestamente.

O que, felizmente, não foi alterado foi o seu esquema de combate. Na altura do seu lançamento original, FF XII trouxe a inovação de abandonar o combate por turnos, apostando em acção em tempo real com uma só personagem líder e com comandos indirectos dos demais membros da equipa. Também decidiu acabar com os infames “random encounters” que sempre aterrorizaram os jogadores, desaparecendo também os famigerados limit breaks. Além disso, as Summons não tinham tanto peso no combate. Desde então, já nos habituámos a este esquema de acção, mas nota-se que muito do que foi feito então foi experimental. Final Fantasy tornou-se táctico com este jogo, trocando complexas opções de menus com preparação de personagens a cada encontro.

A progressão das personagens faz-se com recurso a pontos que desbloqueiam armas, armaduras, feitiços e habilidades novas para cada um. Essa progressão é baseada em classes, pelo que se torna algo restritiva. Igualmente restritivo é o seu foco em dar-nos constantes missões secundárias em desafiantes arenas, empurrando-nos para fora da acção principal. Acaba por tornar tudo relativamente moroso e algo repetitivo. Na persistência, porém, acaba por compensar com uma história geral interessante e bem contada. Aliando esse rumo narrativo à exploração de cidades, masmorras repletas de monstros e o seu combate táctico, torna FF XII bastante peculiar. Todo este novo rumo não agradou a todos, obviamente. Mas abriu caminho para um amadurecimento no género.

Como remasterização, este é um jogo imperdível para os fãs da série. Nem que seja porque os seus inesquecíveis ecrãs de carregamento são agora uma coisa do passado. Ainda lá estão, como persistentes lembretes que outrora esperávamos alguns minutos por um carregamento. Também os checkpoints para salvar o jogo estão mais próximos e são bem menos frustrantes. Poderá não ser o melhor jogo da série, com estas suas mecânicas tão divisórias. É, como já disse, acima de tudo um marco transitório no géneros dos JRPG da Square Enix, ditando o que acabou por se tornar o rumo dos seus sucessores FFXIII e FFXV. Os recém-chegados nunca terão um termo comparativo, infelizmente.

Veredicto

Esta remasterização cumpre onde pode, mantendo todos os ingredientes do original de 2006. Visualmente, poderia receber um tratamento bem mais profundo. No entanto, esta não deixa der ser uma revisita repleta de dedicação para trazer o melhor Final Fantasy XII de sempre. Este foi um ponto fulcral para a mudança do esquema de combate da série, embora as suas mudanças precisassem de muitos ajustes, que só viriam mais tarde com outros títulos. À frente do seu tempo, Final Fantasy XII tem aqui a sua edição definitiva com The Zodiac Age. Não será, forçosamente, o melhor jogo da série, mas é evidentemente merecedor desta remasterização.

  • ProdutoraSquare Enix
  • EditoraSquare Enix
  • Lançamento7 de Julho 2017
  • PlataformasPS4
  • GéneroRole Playing Game
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Algumas animações e expressões faciais
  • Detalhes de cenário acusam o peso do tempo

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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