fifa18_screenshot_1920x1080_ronaldobackupdate_en_ww_v1

Análise – FIFA 18

O mundo do futebol profissional está novamente em destaque com o regresso da série de sucesso da EA Sports. E neste ano, FIFA 18 surge com mais alguns bons argumentos para voltar a disputar o título de melhor simulador de futebol do momento.

Faz-se sempre esta pergunta todos os anos. “Qual é o melhor videojogo de futebol?” Noutros tempos, a resposta era mais fácil de dar. Numa dada era, Pro Evolution Soccer ganhava sem oposição. Mais recentemente, FIFA Football acabou por vencer sem contestação, com PES a “marcar muitos golos na própria baliza”. Só que, recentemente, as séries têm vindo a evoluir muito positivamente. PES 2018 é, de facto, uma excelente evolução para a série. Por isso, FIFA 18 tem muito para demonstrar, defendendo o seu “reinado”. Já no ano passado subiu a fasquia tão alto, que este ano corre o risco de não conseguir ser superior. Contudo, a EA Sports não é conhecida por “mandar a toalha ao chão”. Pelo contrário, se o que tem no campo não chega, há um banco de suplentes de luxo.

Resumidamente, este é o melhor FIFA de todos os tempos. É fácil dizer isto porque, de facto, a qualidade geral deste título é invejável se comparado com os antecessores. Dirão que a série começou a ser uma cópia dos anos anteriores, actualizando os plantéis e adicionando umas pequenas alterações. Isso é tão diminuidor, quanto dizer que as melhores equipas de futebol jogam tanto como as outras de ligas menores. A evolução deste FIFA 18 é tão notória como foi na revolução do ano passado com FIFA 17. Esse demonstrou o verdadeiro poder do motor gráfico Frostbite. Além disso, trouxe importantes alterações na jogabilidade e ainda arriscou ao introduzir um tal de Alex Hunter, naquele que foi o primeiro modo de carreira com enredo na história dos jogos de simulação de futebol. Só que, o que temos nesta edição é ainda melhor.

Para começar, tenho de ser tendencioso. Desculpem-me esta dose de patriotismo barato, mas termos o melhor jogador do mundo na capa, o Português Cristiano Ronaldo, é motivo de orgulho. De facto, esta será a edição mais “Portuguesa” dos últimos tempos para a série FIFA Football, mesmo que o lógico destaque vá para actual equipa de Ronaldo, o Real Madrid. Até estou disposto a desculpar o facto de que, desde há uns anos, não termos comentários em Português e continuemos a ter alguns problemas pontuais de licenciamentos das equipas nacionais. Digam lá o que disserem, ter Ronaldo na capa deve encher-nos de orgulho. Mesmo que o jogador esteja vestido com a camisola dos Merengues, numa clara resposta à capa de PES 2018 (com Suaréz do Barcelona).

“Clubices” à parte (viram o que fiz aqui?), a cada ano queremos ver o nosso investimento justificado, como é óbvio. E é em campo que queremos sempre que os jogos nos surpreendam pela positiva. Boa fluidez, animações, mecânicas, mas sobretudo, interacção na “ponta dos dedos”, são absolutamente essenciais para um jogo deste género ser considerado bom. No ano passado, vimos como os avanços nas mecânicas de defesa introduziram algumas dificuldades no ataque. Por isso, neste ano a EA Sports tinha de rever o desnível de jogabilidade entre atacantes e defesas, mais evidente quando jogamos com plantéis de maior calibre, com questões na posse de bola e nos tempos de animações.

E não é que a produção ouviu as queixas dos jogadores? Agora as animações estão muito mais dinâmicas e menos “automatizadas”. Ainda encontro alguns momentos em que o jogador fica suspenso numa animação, mas são momentos tão raros que quase me esqueci desses problemas. Logo no arranque, enquanto esperamos que o jogo instale, começamos logo a jogar um encontro amigável entre os eternos rivais Real Madrid e Atlético de Madrid. Embora não possamos escolher com antecedência o nível de simulação, assumo que esteja em “Profissional” ou superior. Pela primeira vez, experimentei um jogo rápido, imprevisível e com um realismo impressionante. Era o que todos queriam e o melhor ainda estava para vir.

Finalmente tenho pleno controlo dos movimentos e das animações a dribblar ou a fintar. Dirão que noutros anos também já tinham e eu até concordo. Houve uma clara evolução ao longo dos tempo. Só que esta maior fluidez dos bonecos neste jogo, permite movimentos precisos, arrancadas e golpes muito mais reactivos e menos dependentes do “tempo certo” para activar. E esta nova interacção é ainda mais evidente nas desmarcações com passes cruzados ou centros para a grande área. Os jogadores fazem compassos de espera, podem dribblar para uma área específica e até centrar ou rematar com muito maior controlo. Claro que a efectividade continua a depender da qualidade do jogador e do adversário, mas não há dúvida que está muito melhor.

Em tempos, todos concordávamos ao dizer que PES era mais rápido, com mais dribbles e desmarcações em corrida. FIFA era mais táctico a apostar mais nos passes curtos e num golpe de génio dos craques. Hoje em dia, em termos de interacção, a linha que divide estes dois jogos está muito mais ténue com FIFA 18. Sim, isto é um elogio a ambos os jogos. Estão ambos passo a passo no que toca a jogabilidade, com diferenças mais visuais que técnicas, na ordem do realismo de movimentos de FIFA ou no ritmo mais elevado de PES. Só que, como sempre, os argumentos de FIFA 18 são mais evidentes na sua oferta geral. Em campo e fora do mesmo.

A tentativa de humanizar o chamado “desporto-rei”, surge no formato The Journey. Aqui, como no ano passado, acompanhamos a carreira do jovem Alex Hunter. No ano passado, deixámos o jogador numa das equipas da Premier League Britânica e neste ano, Hunter é um craque em ascensão. E que tal uma oportunidade num grande clube Europeu? (sim, é para o Real Madrid que Hunter aponta, o que esperavam?) Um encontro com Cristiano Ronaldo em campo parece abrir essa porta. Só que o desafio de deixar um clube que o apoiou e os companheiros de sempre, pode ser arriscado. Por outro lado, as questões morais em volta da sua personalidade e nas negociações de transferências darão alguma trama pelo meio.

Não vou dizer que esta continuação da jornada de Alex Hunter seja algo francamente espectacular. Serve o seu propósito para nos colocar no papel de um jogador, bem mais além do, já de si, fantástico modo Be a Pro que ainda está presente. Para dizer a verdade, a acção com base em guião, com diálogos que podemos escolher, oferece uma espécie de Role Play que não espero de um jogo deste tipo. A adição de roupas, tatuagens e penteados para o protagonista parece-me algo desnecessária. Entendo o alcance deste tipo de modo de carreira e confesso que gostei desta jogabilidade e da história mais sombria. Só acho que o melhor deste jogo está em campo e não é neste modo que podemos melhor apreciar isso, por mais que a publicidade da EA nos diga outra coisa.

Neste ano, como costume, esperem as principais Ligas Europeias de futebol, além de algumas ligas do resto do mundo, incluindo o Brasileirão e a MLS. Ao todo, a EA gaba-se ter criado mais de 700 jogadores em mais de 30 Ligas. Contudo, apesar de alguns campeonatos terem sido alvo de uma intenso trabalho de recriação de jogadores, equipamentos, treinadores e até estádios e recintos, há inúmeras ligas incompletas ou com jogadores de nomes fictícios. É o caso de Portugal. Uma vez mais temos quatro equipas não licenciadas: Chaves, Portimão, Tondela e Vila das Aves. Não é a única Liga em que isto se verifica, mas é a nossa e não gosto, como é lógico. E o que me deixa realmente apreensivo é que todos os anos isto acontece. O que se passará com esta licença?

Na oferta de modos de jogo, esperem mais do mesmo. Já falei da jornada de Alex Hunter, mas há mais formas de jogar FIFA 18. Estão de volta os jogos de exibição, ligas e campeonatos offline e online, os treinos pontuais para ganhar proficiência com a bola, o já mencionado modo de carreira Be a Pro, assim como o outro modo igualmente popular de Manager. Estes modos  não possuem muitas diferenças dos anos anteriores, à excepção do modo de Manager ter umas melhorias anunciadas, ao nível de negociações com os jogadores que pretendemos renovar ou contratar. Isto cria uma nova mecânica de negociação com interacção por selecção de opções, novamente como um jogo de Role Play. É interessante e oferece umas quantas possibilidades.

Regressa também o eterno FIFA Ultimate Team e, como ele, tudo que gostaram nos anos anteriores desta jogabilidade entre o “jogo no pé” e as “cartas na mesa”. Nada de especial no que toca ao jogo-base, excepto umas novas animações festivas quando nos calha um craque na equipa. Há, porém uma nova funcionalidade neste modo que gostei particularmente, as Squad Battles. Imaginem este como um modo online para quem não gosta de jogar online. Confuso? Resumidamente, podem desafiar equipas FUT de outros jogadores online e enfrentá-los com a vossa equipa FUT controlada por vocês e a deles controlada pela Inteligência Artificial. De acordo com o nível da equipa adversária e com o grau de dificuldade, ganham mais pontos e habilitam-se a ganhar recompensas semanais.

No que toca ao visual, já sabem que devem esperar momentos de puro deslumbre. Em certos pontos, estamos mesmo a assistir a uma transmissão em directo de um jogo de futebol na televisão. Desde os comentários (bem melhores que o seu rival), os logótipos estilo transmissão de TV, os ângulos das câmaras, o som do público e tantos outros efeitos visuais e sonoros, só acrescentam ao espectáculo. As estrelas, os jogadores de futebol, estão na sua maioria devidamente representados com as suas feições e movimentos característicos, mesmo nas celebrações características. Até os treinadores e estádios de algumas Ligas estão devidamente representados ao pormenor. De facto, este é o simulador derradeiro para quem procura o espectáculo visual que pode ser o mundo do futebol.

Veredicto

Não arrisco muito se disser novamente que este é o melhor FIFA de sempre. Contudo, vou mais longe ao dizer que este é o melhor simulador de futebol de todos os tempos. FIFA 18 é soberbo em campo, com toda a jogabilidade e visual mais próximos da realidade. A sua oferta é também a mais vasta e a mais apelativa, com muito conteúdo de qualidade. Online ou Offline, o futebol tem aqui uma devida homenagem, desde o drama da carreira de um futebolista até ao espectáculo do  ambiente no estádio. De facto, o único receio que tenho é que para o ano FIFA 19 não consiga inovar tanto. Mas, pensei o mesmo no ano passado e aqui está FIFA 18 a mostrar porque é o preferido dos fãs.

  • ProdutoraEA Sports
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento29 de Setembro 2017
  • PlataformasPC, PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One
  • GéneroDesporto
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • 4 equipas não licenciadas na Liga NOS
  • Algumas ligas ainda incompletas

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários