GuardiansoftheGalaxyTelltale (4)

Análise em Progresso – Guardians of the Galaxy: The Telltale Series (Ep. 4)

Sendo um misto de diálogos e decisões com alguma dose de aventura gráfica, Guardians of the Galaxy: The Telltale Series, surge com um quarto episódio chamado “Who Needs You”. Quem, de facto, precisa desta quarta parte nesta série?

Acompanhem a nossa análise ao primeiro e segundo e terceiro episódios.

A promessa do primeiro episódio, seguindo-se um claro abrandamento no segundo e terceiro, podem parecer um mau presságio. À boa maneira da Telltale Games, o diálogos, que inicialmente foram interessantes, tornaram-se monótonos, a acção passou a escassa e o ritmo pareceu levar-nos ao desespero com algumas questões técnicas. As a oscilações de ritmo são sempre boas muletas narrativas para manter o interesse. Ainda para mais se todos os episódios acabam sempre com uma certa dose de suspense. Não convém gastar o gás todo num só episódio. Mas, como já vimos noutros franchises, a produtora corre o sério risco de ver a sua fórmula desgastada e a provocar perdas de interesse. Talvez este quarto episódio atenue esta minha perspectiva.

Agora que tudo parecia encaminhado para uma importante decisão, destruir ou usar a Eternity Forge, afinal a resolução do maior dos conflitos fica adiada. Após uma intensa batalha contra Hala, Star-Lord e companhia estão em apuros… como costume, aliás. Após caírem num abismo, nada como usarem esse tempo livre para descobrirem uma forma de fugir deste problema ao dar um passeio por algumas memórias. Sim, vamos novamente abrandar o avanço da história e voltar a lidar com as relações actuais e passadas dos guardiões. Mesmo sendo uma excelente oportunidade para revisitar as várias histórias que fomos sendo introduzidos por cada guardião, tem alguns momentos mais emocionais que outros e é claramente uma preparação para o último episódio.

Eu esperava mesmo que todas aquelas acções e decisões do terceiro episódio levassem a um clímax neste episódio. Fiquei desapontado quando… “morreu na praia”. Tudo bem, ainda falta um quinto episódio para atar as pontas soltas e redimir a produção para nos dar um final realmente significativo. Mas, não deixa de ser um golpe fácil colocar o “doce” à frente para o remover logo a seguir. As decisões que nos são colocadas soam a isso mesmo. De facto, nem parece que tomámos quaisquer decisões pertinentes nos anteriores episódios, acabamos sempre a cair no tal abismo. E, pior, é que algumas acções podem nem ter grandes consequências no final.

De facto, na fórmula da Telltale parece que as escolhas não costuma ser muito lineares, estilo “acção = consequência”. Podem ter reverberações que transcendem o momento seguinte, mas que até nem são perceptíveis durante algum tempo. Nestes jogos, há muita ênfase dada à forma como nós próprios reagimos às decisões, sobretudo por causa das reacções imediatas das personagens. Em muitos momentos neste jogo, pareceu sempre que os Guardiões se iriam dividir, por exemplo. Mas, essa foi só a minha avaliação no momento. Na verdade, os regressos ao passado, os problemas individuais e mesmo as nossas decisões e suas repercussões, parecem perfeitamente orquestradas para um desenlace idêntico… mas com nuances diferentes. Talvez por isso haja tanta gente que já não gosta desta lógica recorrente da Telltale.

Penso que a ideia é compartimentar a história para que não interfira com o cânone da Marvel, mas isso envolve alguns riscos. Matar Thanos logo na primeira parte do jogo, mas ter um aparelho que tem o potencial de o ressuscitar, é uma clara evidência disto mesmo. Tudo pode mudar, mas nada muda mesmo. Por esta altura, quase consigo adivinhar o que vai acontecer no derradeiro episódio, uma vez que o mesmo já aconteceu em vários outros jogos da produtora. Parece que as decisões dão uma ilusão de manipulação e que acabam por não adiantar nada ao enredo geral. A nota inicial que o jogo se modela às nossas decisões é meramente acessória. Quando descobrimos este esquema e deixamos de ser surpreendidos, tudo parece perder encanto.

Em termos de jogabilidade e interacção, não há muito a assinalar além da escolha de diálogos e dos habituais QTEs (Quick Time Events) que já conhecem. Há uma cena em particular em que temos de usar as botas de jacto de Peter para saltar um lago de ácido que eu não apreciei muito. Porque as botas estão a funcionar mal, temos de aterrar frequentemente para recarregá-las. A questão é que a perspectiva da câmara é algo enganadora e, mesmo que achemos que estamos no sítio certo, não conseguimos aterrar onde devemos. Não é um nível muito interessante e precisava de uma revisão na sua interacção. Boa tentativa de mudar um pouco a jogabilidade, porém.

E para perpetuar a tal perda de encanto que sinto com a Telltale, os problemas técnicos que identifiquei nos episódios anteriores ainda cá estão. Algures no meio de um regresso ao passado, voltei a ter outro estranho momento com todas as personagens secundárias imobilizadas. Também tive algumas quebras de fotogramas e alguns freezes momentâneos que só estragam a fluidez do jogo. Porque tenho visto estas questões noutros franchises da produtora, fica no ar a ideia que estes poderão já ser crónicos. O que é certo é que nem sempre os sentimos em todos os episódios, deixando no ar a ideia que há algo que a própria produtora ainda não identificou como causa destes problemas.

Veredicto

Como no capítulo anterior estava a apontar para uma grande decisão, este quarto episódio de Guardians of the Galaxy: The Telltale Series parece mais apostado em empatar. Pode ter mais algumas linhas de diálogo mais densas, apostar na união dos Guardiões com algumas decisões mais divisórias (ou de união, depende da perspectiva), mas a fórmula está claramente exposta e torna-se previsível. Depois, nem tudo funciona bem em algumas partes, sobretudo ao nível técnico, nada de novo nesta série. Se há algo que este episódio faz bem é criar expectativa para a quinta e última parte. Que venha ela para a redenção desta história.

  • ProdutoraTelltale Games
  • EditoraTelltale Games
  • Lançamento10 de Outubro 2017
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroAventura Gráfica
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • As decisões parecem não ter impacto
  • Erros técnicos já são crónicos
  • Fórmula acusa desgaste

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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