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Análise – DOOM 3: VR Edition

Quase 17 anos depois do seu lançamento, o terceiro capítulo desta série infernal regressa com o formato VR Edition. DOOM 3: VR Edition é uma versão especialmente modificada para funcionar em PlayStation VR e nunca é demais voltar a este título um tanto incompreendido.

Cada capítulo da saga de “Doomguy” traz sempre consigo algumas discussões em torno da comunidade dos amantes de FPS, mesmo quando DOOM 3 foi lançado em 2004. Isto, porque este jogo veio atrapalhar a fórmula frenética e brutal dos títulos anteriores. Eventualmente, acabou por ser um grande sucesso e um excelente capítulo, apesar das mudanças e inovações em termos de jogabilidade. A responsabilidade desta adaptação para VR ficou nas mãos da produtora Archiact, escolhidos pela id Software para fazer esta adaptação da realidade virtual pelo seu trabalho em Freedive: Triton Down. Por isso, tenham boas expectativas. Após a nossa viagem até Marte, vamos contar-vos como é viver esta aventura horrível e sombria na primeira pessoa.

A primeira sensação ao entrar na estação espacial de Marte foi memorável, sem dúvida. Infelizmente, fiz uma descoberta desagradável logo nos primeiros instantes: os comandos PlayStation Move não são suportados. Mas, nem tudo está perdido. O PlayStation Aim Controller, o acessório desenhado especificamente para FPS, é suportado e dá outra vida a este título. Quem não o possuir, terá de jogar com o DualShock 4 o que irá penalizar a sensação de imersão dentro do jogo.

O segundo grande problema de DOOM 3 VR, é precisamente a gestão da câmara. Há duas possibilidades no menu de opções: Mudar com rotações de vários graus (15 por padrão) ou movimentando o analógico livremente como em qualquer FPS. O primeiro modo é desconfortável, cansa os olhos e também torna difícil focar na acção. A segunda opção, por outro lado, tem o problema de causar nauseas pontuais. Confesso que, normamente, não sofro de vertigo mas esta aventura relembrou-me que não sou imune. Acredito que as nauseas em DOOM 3 VR acontecem devido ao rápido deslocamento da visão, já que muitas vezes somos forçados a virar a câmara repentinamente, o que pode causar alguma desorientação.

A alternativa ao Aim Controller também não é isenta de problemas. O sistema de mira é bastante impreciso quando usamos o DualShock 4. Embora quase todas as armas possuam uma mira de laser para facilitar o tiro, movimentos imprecisos não ajudarão na tarefa de acertar em cheio nas forças do inferno. Felizmente, em termos de jogabilidade, esta versão VR do jogo nem é tão punitiva. Por vezes, até chega a facilitar um pouco, com uma chance maior de encontrar kits médicos, munições e achei que tem inimigos menos agressivos que na versão original.

Neste título não há uma grande exploração das possibilidades da Realidade Virtual. Além dos normais avisos de saúde e armadura do nosso fuzileiro, apresentadas numa espécie de relógio equipado no braço esquerdo, tudo me parece praticamente intacto. A interacção com o ambiente é mínima e não difere muito do clássico DOOM 3. Mesmo os vários painéis para abrir portas e analisar dados, não acrescentam qualquer profundidade na realidade virtual. A implementação desta plataforma é um tanto superficial, tanto no combate como na exploração.

Apesar das falhas, DOOM 3 VR acabou por ser um bom regresso ao passado. Mesmo após algumas pausas devido às náuseas, dei por mim no ecrã de créditos. Esta reedição faz crer que ainda é um título muito válido, considerando-o como um dos FPS gloriosos da sua era. Quem estiver acostumado a shooters com ritmos mais altos, pode achar algumas fases muito lentas e lineares. Ainda assim, é inegável que as paredes de metal da base UAC em Marte ainda têm um certo charme. Nesta versão de realidade virtual, dar de caras (realmente) com criaturas que nos mataram centenas (senão milhares) de vezes em outros títulos da saga, tem um certo impacto.

Em termos de conteúdo para jogar, não esperem nadade novo. Além da campanha original, estão também incluídas as duas expansões: Resurrection of Evil e The Lost Mission. Estas adicionam algumas horas adicionais de jogo com duas novas histórias. Ausente, está o modo multi-jogador pelas razões óbvias. A verdadeira novidade, então, é poder regressar a este clássico, com o retratamento óbvio da Realidade Virtual e usando o poder técnico da PlayStation 4. E embora não se consiga equiparar a outros shooters modernos, aguenta-se bem na sua atmosfera, compensando algumas lacunas óbvias nos modelos algo datados.

A atmosfera sombria e sangrenta, onde o sustos são os mestres, o que torna este jogo bastante interessante na primeira pessoa. A sensação das armas é sempre óptima, especialmente quando começamos a encontrar “ferramentas” mais poderosas. Eliminar demónios sangrentos com uma caçadeira ainda é muito gratificante. Mas, nem sempre chega. O impacto gráfico certamente não é o mesmo de há 17 anos atrás. Aqui e ali, há objectos menos detalhados ou com baixa contagem de polígonos. Há um trabalho de optimização das texturas, sim, sobretudo para melhorar a sua resolução, mas a idade faz-se sentir, especialmente nos modelos das personagens e nas suas animações. Infelizmente, na primeira pessoa tudo se torna ainda mais óbvio.

Por outro lado, a sonoridade é algo que tenho de destacar. Há uma sugestão no início para jogar com auscultadores e eu só o posso recomendar. Como devem imaginar, torna a exploração de cada nível ainda mais envolvente. Esta façanha é possível graças aos ruídos direcionais que nos fazem entender imediatamente se um inimigo apareceu atrás de nós ou se há algum a espreitar na próxima esquina. Uma vez mais, a componente de som em ambiente VR é, sem dúvida, o aspecto de maior sucesso desta versão. Alie-se a isto uma banda-sonora cheia de tensão e está completa a experiência DOOM.

Veredicto

DOOM 3 VR Edition é um port para o PlayStation VR um tanto superficial. Faz um bom trabalho a adaptar o jogo original para que também funcione na realidade virtual mas sem grandes mudanças ou melhorias. Infelizmente, a adaptação para VR trouxe algumas falhas marcantes, como uma propensão para causar algumas náuseas e um sistema de mira a precisar de polimento se só jogarem com DualShock 4. Apesar disso, DOOM 3 é um clássico obrigatório, agora com uma experiência bem mais “pessoal”. Ser fiel ao clássico original pode trazer-nos um jogo um pouco datado visualmente mas nada paga desancar demónios com uma caçadeira estando “lá”.

  • ProdutoraArchiact
  • Editoraid Software
  • Lançamento29 de Março 2021
  • PlataformasPS4, PSVR
  • GéneroAcção, FPS, Terror
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Mira imprecisa com DualShock 4
  • Não traz muito como reedição
  • Pode provocar náuseas aos mais sensíveis

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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