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Análise: Devil’s Third

Devil’s Third é o primeiro jogo a cargo da Valhalla Game Studios, o estúdio a cargo de Tomonobu Itagaki desde que este saiu da Tecmo em 2008 e que acabou por levar com ele outros membros da lendária Team Ninja em 2009. No entanto, Itagaki, a mente por detrás de séries como Ninja Gaiden e Dead or Alive, teria ainda de superar uma série de desafios. Os dois primeiros, e de certa forma, os mais marcantes, foram a mudança de motor gráfico e a falência da THQ, o estúdio pelo qual Devil’s Third foi originalmente anunciado, só que, na altura, como um título multi-plataformas que tinha como alvo a PS3 e Xbox 360. 

Em pleno 2013, este evento apanhou de surpresa todos os que acompanham a indústria e, com ela, a propriedade intelectual de Devil’s Third regressou para as mãos da Valhalla Game Studios. A Nintendo encontrou aí uma oportunidade e este título passou a ser desenvolvido apenas com a Wii U em mente. Na E3 de 2014, a Nintendo mostrou a todos que este projecto estava ainda bem vivo.

Não podia ter ficado mais contente quando me surgiu a oportunidade de fazer a cobertura de Devil’s Third. Primeiro pelo facto de ser um título a cargo de Itagaki que uma vez mais aproveito para reforçar a sua responsabilidade por Ninja Gaiden e Dead or Alive e, segundo, porque depois de títulos como Bayonetta 2 e do inovador Splatoon, a Wii U está prestes a receber um título para maiores de 18 e que, pensava eu, faria pensar mais uma vez aqueles que consideram esta consola da Nintendo como sendo apenas para crianças. Mal pude acreditar no que vi quando comecei a jogar a Devil’s Third…

Em termos de modos, o Single-Player… Tal não tem sido a minha desilusão com este jogo que, mais do que uma aventura Hack and Slash capaz de revitalizar o género, cada segundo ajuda a que Devil’s Third mais se assemelhe a um passeio pela avenida da monotonia e do aborrecimento no país do visualmente datado.

Após várias horas com a sua história, muito resumidamente é desinteressante, para não dizer pior. Tudo bem que, em títulos do género, não é a história que tem de falar mais alto, só que a meu ver pode na mesma ter algo a dizer, por muito pouco que seja. Sobretudo, o fraco enredo mais serve de desculpa para Ivan (o protagonista), mais conhecido como o Vin Diesel russo, espalhar o caos pelos cenários.

Como? Com uma acção na terceira pessoa que combina Hack and Slash com movimentos de combate corpo-a-corpo, deixando ainda espaço para alguns elementos de FPS. Parece uma combinação vencedora, certo? Só que não é. “Mas esperem lá como é que essa combinação pode correr mal?” Perguntam vocês. Pode, infelizmente pode.

Já comeram bacalhau insonso? Eu já, também não sabia que era possível tal feito e acreditem que não é agradável. A história de Devil’s Third vai levar-nos a vários cenários, todos eles repletos de inimigos que teremos de derrotar e podemos fazê-lo de várias formas. Se houver espaço de manobra para tal, podemos desencadear uma combinação devastadora de murros e pontapés ou então podemos utilizar armas como canos, martelos ou espadas. Também teremos ao nosso dispor armas de fogo e com elas, sempre que apontarmos, a acção do jogo passa da terceira pessoa para a primeira, para maior precisão. Cabeças vão saltar, braços e pernas vão pelo ar, sangue vai jorrar como se não houvesse amanhã enfim… violência gratuita para todos os gostos.

De facto o problema não é de todo a variedade, uma vez que cada arma, em especial as Melee, devia ter a capacidade de conferir ao jogador várias formas divertidas de jogar Devil’s Third. O problema passa mesmo pela apresentação e pela execução de toda a acção que decorre no ecrã. De início parece que nos vai entreter mas depressa a jogabilidade de Devil’s Third nos faz cair no aborrecimento. Derrotar um inimigo é igual ao derrotar de todos os outros. Seja à espadeirada, à martelada ou por aí fora, apesar de haverem algumas sequências, raramente vamos precisar de fazer mais do que um simples metralhar do botão de ataque.

Com um visual a par, infelizmente… E custa-me admiti-lo… A par da PS2, pelo constante carregamento dos Shaders do jogo, três movimentos resultam em cabeças a saltar e uma poça de sangue pixelizadas. Se a acção do jogo prometia chocar e destacar-se pela sua irreverência, infelizmente mais nos faz franzir o nariz de tão pouco impressionante e trapalhona que é.

Desde a constante quebra de frames, quando ocorrem explosões ou a acção nos coloca contra um vasto leque de oponentes, aos bugs que nos fazem atravessar diversas texturas, nas quais várias vezes acabamos por ficar entalados, a verdadeira dificuldade surge ao tentar apreciar um título que se mostra um forte candidato à maior decepção deste ano, pelo menos para a Wii U. O desenho das personagens do jogo, apesar de não ser brilhante, cumpre mas não impede que os confrontos com algumas delas (leiam-se boss fights) não sejam, de todo, memoráveis.

Visualmente este é de facto um título extremamente datado e isso reflecte-se também nos cenários que, à excepção dos inimigos que os populam, pouco ou nada têm para nos mostrar. Mas não posso deixar de destacar toda a arte conceptual deste jogo que, de facto, é impressionante e que, tristemente, insiste em mostrar-me o que Devil’s Third poderia vir a ser. Devil’s Third será oficialmente lançado no dia 28 de Agosto.

Para os mais competitivos, Devil’s Third tem também disponível um modo multi-jogagor, modo esse que mais tarde irão encontrar disponível para PC. Entre vários tipos de jogo, destaca-se aquele onde vamos poder criar ou fazer parte de clãs. Só que a jogabilidade é a mesma e rapidamente a experiência se torna aborrecida, mesmo nos modos mais focados na diversão oferecidos pelo multi-jogador de Devil’s Third. Pior, como se não bastasse o facto de os jogadores pagarem o preço total pela sua aquisição, há também a inclusão de micro-transacções, um elemento comum em jogos Free To Play, que dá um acesso mais rápido às melhores peças de equipamento. Além de gozar com quem investe no jogo, este desnivelamento entre os membros da comunidade que pagam pelos itens e os que escolhem não o fazer só ajuda a que também este modo, o melhor que Devil’s Third tem para oferecer, caia no desinteresse.

Veredicto

É para mim impossível recomendar este jogo. Aquilo que prometia ser uma lufada de ar fresco tanto na consola como no género resultou num dos mais fortes candidatos a maior desilusão deste ano. A jogabilidade é trapalhona, o visual é datado, o trabalho de voz não ajuda e consequentemente toda a acção que decorre no nosso ecrã é no mínimo desinteressante. A tudo isto junta-se um modo multi-jogador que apesar de nos oferecer alguns momentos divertidos, contrariando a jogabilidade que nos oferece, se vê acompanhado por micro-transacções que prometem arruinar toda a experiência. Se um amigo vos recomendar este jogo, fujam a sete pés porque não é, de todo, vosso amigo.

  • ProdutoraValhalla Game Studios
  • EditoraNintendo
  • Lançamento28 de Agosto 2015
  • PlataformasWii U
  • GéneroAcção, Aventura, Hack and slash, Shooter
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Visualmente datado
  • História supérflua e desinteressante
  • Jogabilidade trapalhona
  • Micro-transacções num jogo onde nos é cobrado o preço total

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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