Deadlight (3)

Análise: Deadlight – Director’s Cut

Passaram-se quase quatro anos desde que Deadlight foi lançado na Xbox 360 e um pouco mais tarde no PC. Agora com edição da Deep Silver, mantendo a produção da Tequila Works, Deadlight – Director’s Cut chega às consolas da nova geração com mais alguns pretextos. Vejamos se os anos que já passaram conferem maturidade ou o tornam obsoleto.

Um pouco antes deste título ter chegado ao mercado na sua versão original, haviam imensos outros jogos no seu género. Tivemos uma boa dose de títulos de plataformas de visão lateral 2D com elementos tridimensionais, alto contraste entre zonas iluminadas e escurecidas, com destaque para pequenos puzzles e com passada diferente consoante as áreas e os inimigos que encontrávamos. Alguns passaram ao lado de muita gente, mas Deadlight teve o seu lugar. Mesmo que tivesse algumas questões que o impediram de ter muito mais sucesso. Aclamado pelo seu grafismo e arte geral, acabou vítima da sua dimensão curta e dos controlos algo falíveis. Vejamos se no seu regresso essas e outras questões ficaram resolvidas.

O enredo nesta reedição é idêntico. A 4 de Julho de 1986, estamos no meio de uma estranha epidemia de um vírus que reanima os mortos. Estes mortos-vivos não são chamados de zombies, mas sim de “Shadows” (ou Sombras) e são a principal ameaça para o protagonista Randall Wayne, um antigo Park Ranger (guarda florestal) que deambula por Seattle à procura da sua família. Nesse percurso, além dos zombies, Wayne terá de ajudar amigos, lidar com sobreviventes dementes e abordar os vigilantes da “New Law” com propósitos menos positivos. Entretanto, o anti-herói vai recuperando imagens do seu passado, inclusive com sonhos crípticos que aumentarão a intriga.

Uma das críticas ao jogo original foi mesmo este enredo algo linear e cheio de estereótipos. Wayne é uma personagem algo inócua e sem profundidade, é verdade. Mas até é normal neste tipo de jogos em que ninguém é um verdadeiro herói, apenas um sobrevivente engenhoso. Nesta reedição nada foi feito para dar outra abordagem ao protagonista. E também nada foi feito em relação ao desenlace da história. Apanhamos na mesma pedaços do diário de Wayne para nos dar o mínimo desenvolvimento na história e temos cenas intermédias com mais diálogos e mais algumas explicações. Nem sempre entusiasma e é puramente acessório, enquanto esperamos pelo próximo pedaço de acção.

E infelizmente, a durabilidade do jogo continua curta, num título que podemos terminar em meras quatro horas ou pouco mais. Numa tentativa de aumentar essa longevidade, a Tequila Works introduziu um novo modo de jogo chamado “Survival Arena”. Basicamente, somos colocados perante vastas hordas de zombies e temos de sobreviver pelo maior espaço de tempo possível. Sendo um jogo de sobrevivência, é um modo que até encaixa bem e proporciona mais umas horas de diversão. Infelizmente, há algo muito importante que não nos deixa apreciar muito mais, tanto o modo de carreira como este outro novo modo. Ainda fiel ao título original, os controlos continuam a frustrar bastante.

Tendo recebido a versão PC para testes, tentei alternar pelo teclado + rato e o comando da Xbox One. Não creio que uma ou outra opção melhorem francamente a experiência. Nas primeiras horas de jogo, a acção é puramente de plataformas e, se fizermos tudo bem, não notarão grandes problemas a controlar Randall. Nos capítulos seguintes, porém, onde há armas de fogo e muitos mais zombies, conjuntamente com puzzles complicados, começamos a sentir alguns problemas na interacção. Além das mecânicas de teclas pouco intuitivas, as animações de Randall ou dos zombies nem sempre colaboram. Chegam a criar momentos frustrantes em que o boneco é “teleportado” para cumprir essa animação. Ou então não conseguimos uma resposta atempada do boneco, resultando em quedas aparatosas ou rodeados de zombies sem qualquer hipótese de fuga.

Há uma secção em particular nos esgotos, em que temos de ultrapassar umas armadilhas, onde podemos sentir mais estas falhas na interacção. Temos de ir a correr por um corredor, saltar contra a parede, rodar e saltar para cima de uma plataforma no sentido inverso. Parece simples, mas não é. Para fazer isto, temos de premir demasiadas teclas e, por vezes, a animação não corre bem e acabamos a esbarrar na parede ou saltar em pouca distância. E nem quero dizer-vos quantas vezes falhei plataformas porque Randall não saltou no momento certo, caindo na água. Sim, qual Altaïr dos zombies, Randall não pode nadar…

Quem sabe a pior das opções em termos de fluidez de jogo é a mecânica de checkpoints. Enquanto jogarem de forma contínua, até nem vão reclamar muito, uma vez que os ditos pontos são próximos e relativamente justos. Só que, se tiverem uma cena intermédia pelo meio, não a podem saltar, por mais vezes que já a tenham visto. O pior de tudo é que, se por acaso tiverem de sair do jogo, terão de repetir toda a secção do início anulando os checkpoints. É possível escolher qual capítulo e secção que queremos iniciar no menu, com todos os coleccionáveis que apanhámos antes gravados, mas porque não podemos recuperar a acção desde o último checkpoint?

É tudo mau neste jogo? Não, longe disso. Apesar dos problemas acima mencionados, a jogabilidade até é fácil de dominar, mesmo que, por vezes, o controlos não colaborem. Reiniciar a secções desde o início é simplesmente uma chatice, mas até já conhecemos o mapa e rapidamente chegamos ao ponto onde deixámos. Por outro lado, a acção geral das posições dos zombies, dos pequenos puzzles e das lógicas para progressão no mapa são interessantes e convidam a pensar. O uso de armas de fogo ou de arremesso lá mais para o meio, confere alguma variedade, sobretudo quando ficamos cercados e temos de pensar depressa. E há também secções em que temos de usar o sprint, salto e escalada para fugir. A jogabilidade até é muito variada para um título de plataformas.

E o primeiro ponto que saltará à vista neste jogo é a sua beleza visual. Sim, o original já era bastante competente neste campo, mas esta reedição prima pela excelente qualidade gráfica, com mapas, animações, texturas e arte geral muito bem elaborada, aprimorada que foi para ser recebida nas consolas PS4 e XB1. Mesmo quando, em alguns sectores, fazemos zoom nos cenários e personagens, não há muitas falhas a apontar a um jogo bidimensional, mas que possui muitos elementos 3D. Somente as cenas intermédias em formato de banda-desenhada parcialmente animada se mantém inalteradas. Contudo, visto que faz parte da oferta original, só ajudam na entrega artística do título.

Veredicto

Até é fácil recomendar Deadlight – Director’s Cut. Tanto para quem jogou o original, como para os que só agora travam conhecimento, este jogo continua a ser uma boa experiência, com visuais bonitos e jogabilidade fácil de aprender que inclui puzzles diversos e muitos momentos de acção em plataformas. Só terão de ultrapassar os controlos falíveis e as animações que nem sempre colaboram. A mecânica de checkpoints é um pouco frustrante se tiverem de sair do jogo e voltar mais tarde. Mas, com apenas umas quatro horas de jogo, até podem correr o tudo de uma assentada. De qualquer modo, esta reedição poderia ser muito melhor se a Tequila Works se tivesse concentrado em melhorar a interacção, tanto quanto se dedicou a aprimorar o visual.

  • ProdutoraTequila Works
  • EditoraDeep Silver
  • Lançamento21 de Junho 2016
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroPlataformas
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Lógica de Checkpoints
  • Controlos continuam estranhos
  • Curto

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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