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Análise: Crysis 3

Se há jogos que me enchem as medidas, são os que contam uma estória coerente e cheia de relevância e mensagem. Crysis e Crysis 2 conseguiram fazer isso com duas personagens fortíssimas em Prophet e Alcatraz. Mas em Crysis 3 o enredo tem um certo tom de “dejá vu” e honestamente torna-se confuso e sem substância. Resta-nos a acção que prometia ser boa… foi?

Prophet está de volta e… esperem lá! Então ele não deu um tiro na cabeça no início de Crysis 2? Pois… se jogaram todo o jogo, saberão porque é que Prophet está renascido na pele de Alcatraz. Mais de vinte anos depois dos eventos de Crysis 2, porém, o célebre soldado com o fato Nanosuit 2.0 está retido numas instalações de alta segurança em estado hibernado. Ao acordar, Prophet descobre um mundo em ruínas em que os extra-terrestres Ceph proliferam. Mas Nova Iorque encontra-se em relativa segurança depois da organização CELL ter criado uma cúpula chamada de Liberty Dome que protege o seu interior dessa ameaça extra-terrestre.

Só que as boas graças da CELL escondem um terrível perigo e este pode muito bem ser o fim da humanidade na Terra. “Nova Iorque 2.0” é o palco. Se o primeiro Crysis era na selva tropical, Crysis 2 era na selva urbana… Crysis 3 é a selva tropical… urbana. E está cheia de perigos mortais entre os Ceph e os CELL e mesmo aliados que se calhar possuem agendas próprias.

Esta é a estória do modo carreira. Honestamente achei um pouco insípida e curta demais comparada com o anterior título e ainda mais se comparada com o primeiro jogo da série. Estamos a falar de seis horas ou pouco mais para um jogo a solo. Curto. Até podia se justificar com a inclusão da componente multi-jogador, mas até esta falha em cativar (já lá vamos).

Graficamente Crysis 3 consegue ser um jogo soberbo, como só o CryEngine 3.0 consegue oferecer. Mas apesar de ser o mesmo motor gráfico, notam-se as inovações técnicas comparadas com o jogo anterior. Aqui e ali algumas coisas parecem mais cuidadas ao pormenor como a vegetação selvagem que cresce por todo o lado ou os objectos destrutíveis, são muito mais trabalhados para dar a sensação de uma Nova Iorque apocalípitica. Mesmo as animações e modelação dos objectos estão irrepreensíveis, fazendo deste jogo um deslumbre técnico que no PC assume contornos impensáveis.

Mas é a jogar que queremos ver isto a mexer. Depois de apreciar a paisagem, surge o momento de levar o Nanosuit a dar uma volta. Regressa o interface que já conhecemos do jogo anterior e do remake do primeiro. Os poderes do fato estão acessíveis automaticamente e estão ligeiramente melhorados e optimizados. Mas agora os upgrades do fato possuem desafios para os tornar mais poderosos. Podemos obter “upgrade points” à mesma, mas agora temos de os gastar com sabedoria. Ou “compramos” a possibilidade de ver os passos e rastos das balas inimigas ou ainda um upgrade do cloak que nos deixa invisíveis por mais tempo, para melhor usarmos a furtividade ou “compramos” um upgrade que permite que as balas façam ricochete no nosso fato e atinjam adversários. Furtivo ou directo ao assunto, a jogabilidade adapta-se e os inimigos também.

Já agora, neste campo é de assinalar uma questão curiosa. Já no segundo jogo a inteligência artificial do jogo sofreu um upgrade que não gostei, comparado como primeiro jogo. Se dermos um tiro de arma suprimida (com silenciador), os adversários conseguem estranhamente saber logo onde estou. Isto é estúpido. Para que serve o silenciador? No primeiro Crysis, mesmo que ouvissem algo, procuravam a origem. Neste jogo têm um radar e encontram-nos logo. Pior, surgem de todo o lado e são persistentes. Enfim.

Mas é no armamento que o jogo consegue ser mesmo bom. Regressam as armas que já tínhamos aprendido a gostar como a SCAR ou a Jackal, mas a adição do Arco e Flecha Predator com pontas explosivas, eléctricas, incendiárias ou normais é o expoente máximo da acção furtiva. Especialmente porque é silencioso e não desliga a camuflagem mesmo depois de um alvo eliminado como as demais armas.

Mas há mais! Depois da sua interacção com o Alpha Ceph no segundo jogo, Prophet consegue… operar armas extraterrestres. E isto amplia o arsenal à sua disposição. Estas armas vão sendo apresentadas ao longo do jogo mas fiquem atentos a um lança-granadas Ceph que é absolutamente genial.

Mas saibam que nem todo o arsenal é fidedigno. Por vezes as munições não abundam e temos de improvisar… muito. Pior ainda são alguns adversários que surgem armados até aos dentes e cheios de vontade de vos dar um mau dia. Não há arma que nos salve. Acabam depressa as balas e temos de fugir, mas eles seguem e não desistem, mesmo com o cloak ligado ouvem os ruídos. Chegam a ser demasiado perpicazes, demasiado rápidos ou demasiados em quantidade, criando daqueles momentos que nos apetece arremessar o comando ao televisor. Se calhar é melhor jogar em modos mais fáceis.

Resta-me falar do multi-jogador. Não sou fã deste modo competitivo online introduzido no segundo jogo da série. Os poderes dos fatos são muitas vezes explorados até à exaustão e cheguei a entrar em sessões onde TODOS os jogadores usam cloak e se colocam em cantos escuros em emboscada. Chegam a ser horas de aborrecimento. Reconheço que já muita diversão nos modos de captura de bandeira ou outros tradicionais em que os poderes são iguais entre todos e que é preciso gerir o campo de batalha.

Mas por exemplo, o modo Hunter em que dois jogadores começam o jogo completamente invisíveis e armados como arco Predator. Estes têm de ir abatendo os restantes jogadores da facção CELL e quando isso acontece, eles mesmo se tornam Hunters. O que acontece é que nas sessões que estivemos os jogadores CELL morriam de propósito para ficar Hunters invisíveis… enfim…

O modo multi-jogador possui umas boas horas de jogo para quem gosta deste tipo de acção adaptada. A evolução do fato, armas e poderes é feita à semelhança do modo carreira com excepção da obtenção de pontos em cada sessão que são gastos nesses upgrades.

Veredicto

Crysis 3 prometia relançar o sucesso que foi o segundo jogo. O primeiro jogo foi um colosso visual que na altura derreteu muitos computadores a tentar correr tudo no máximo. O segundo nem por isso. Mas este terceiro faz as pazes com todos, inclusive consolas. Mas na pressa de lançar o jogo, a Crytek esqueceu-se do mais importante. O enredo. Tornou o jogo deslumbrante mas oco. O modo multi-jogador falha em oferecer algo melhor que no segundo jogo e mantém as falhas de jogabilidade. Os fãs da série ficam algo desapontados. Os outros podem gostar deste shooter Sci-Fi, mas não vão perder muito tempo com ele.

  • ProdutoraCrytek
  • EditoraElectronic Arts
  • Lançamento21 de Fevereiro 2013
  • PlataformasPC, PS3, Xbox 360
  • GéneroFPS
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Estória é inferior aos jogos anteriores
  • Relativamente mais curto em termos de duração
  • Frustrante por vezes, sobretudo em modos mais difíceis
  • Multi-jogador é dispensável, como era no jogo anterior

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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