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Análise: Bound

Como uma boa surpresa, o improvável Bound é mais um motivo pelo qual tanto gostamos de produtoras independentes. Daquelas que arriscam para se distinguir das restantes, com jogos que fogem aos parâmetros ditos “normais”.

Sim, o risco pode ser, por vezes, elevado e nem sempre os jogos são compreendidos. Por outro lado, mesmo com qualidade, os jogos indepedentes sofrem sempre com a pouca publicidade, algo que os jogos AAA não se podem queixar, independentemente da sua qualidade final. Neste caso em concreto, porém, há lugar para uma agradável surpresa na jogabilidade, ao nível visual e ao nível da história contada. Temos um título que nos é apresentado com um misto de dança, plataformas e com bastante ênfase na narrativa, deixando o jogador interpretar esse enredo de acordo com a sua imaginação. Curiosos? Continuem a ler.

Em Bound assumimos o controlo de uma personagem feminina equipada com um capacete vermelho equipado com asas. Sem nome e sem verbalizar qualquer palavra, somos mergulhados num mundo abstracto e cheio de cor. Nos primeiros momentos da aventura percebemos que não se trata de um jogo normal de plataformas. Não há barras de vida, inimigos a surgir em enxames ou mapas para nos guiar. E todos os movimentos são influências do mundo da dança de ballet. Mas não descartem o jogo, só porque não gostam de dança.

Todos os seus movimentos foram gravados através de captura de movimentos com a ajuda da dançarina profissional Maria Udod e com coreografia de Michal Adam Góral. A título de exemplo, posso dizer-vos que a nossa protagonista usa o movimento denominado de boureé para se deslocar nas extremidades do mapa, de forma majestosa e cheia de elegância. Mesmo não sabendo apreciar o género de dança, não ficarão indiferentes à qualidade dos movimentos, à sua fluidez e à sua implícita graciosidade.

Eu gostava de falar-vos da história em si, mas como tem de ser interpretada ao longo da aventura por cada um, iria estragar toda a experiência do jogo, acreditem. O enredo irá visitar vários locais distintos como uma capela, por exemplo, logo de seguida uma praia. No entanto, fiquem atentos e vão perceber o porquê desta mudança de ares. No final, tudo fará sentido. A única coisa que vos posso dizer é que é uma grande metáfora sobre família e o laço (bound) que as une. Podem contar com vários finais diferentes e todos eles bastante emocionantes.

O abstracto mundo é o ponto alto de Bound. Está repleto de figuras geométricas e, com o nosso movimento, vamos construindo o cenário, enquanto a protagonista se move com os seus passos de dança. Vão encontrar alguns obstáculos, como chamas, chuva de setas ou alguns tentáculos mais perigosos, todos eles metáforas da grande narrativa por trás deste título. A tal que não posso falar… desculpem…

Apesar de se tratar de um título de plataformas, saltar, correr ou trepar é sempre feito sem qualquer dificuldade, sem grande desafio. Essa baixa dificuldade é perceptível ao longo de todo o jogo, que pode ser acabado em poucos mais de três horas. Mesmo quando morremos o jogador nunca é penalizado, confirmando que não existe grandes obstáculos na progressão da aventura. Contudo, esta é uma boa forma de incentivar a conclusão da história para conhecer os diferentes finais. Se procuram um nível de dificuldade extra, podem sempre dar uso ao modo speed run de cada um dos níveis.

Tal como Journey ou até Unfinished Swan, Bound é um jogo para ser apreciado e não tanto para ser apressado. Joguem com tempo, parem para contemplar o cenário e dêm uso ao Photo Mode para captar os melhores momentos. Não é o final que o torna belo, embora a mensagem só seja dada no fim, é a viagem que o torna apetecível. Como música de fundo, contem com uma banda sonora com grande ênfase no piano e no órgão dando um excelente equilíbrio no título em questão, onde a dança é uma grande influência.

Veredicto

Devido ao seu foco especial na narrativa e à sua mecânica de dança para movimentar a personagem, Bound revela-se com uma identidade única que oferece um experiência sem igual nos jogos do mesmo género de plataformas. É um título que deve ser apreciado na sua continuidade e não tanto como um desafio. Poderão sempre optar por executar as Speed Runs, mas aí perde-se um pouco da forte mensagem de um dos seus fins distintos. O forte enredo pode não agradar a todos, ou simplesmente não chegar para justificar a sua compra, perante uma duração de jogo tão curta. No entanto, trata-se de uma boa surpresa, um bom exemplo de como um Indie deve ser, a empurrar limites com um jogo belo em mãos.

  • ProdutoraPlastic Studios
  • EditoraSanta Monica Studios
  • Lançamento16 de Agosto 2016
  • PlataformasPS4
  • GéneroPlataformas
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Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Nem todos poderão compreender a história
  • Falta de dificuldade concreta
  • Curta longevidade

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

Comentários