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Análise – Attack on Titan 2

Grotesco, exagerado, frenético ou simplesmente estranho. São adjectivos que poderíamos dar à série Manga e Anime e que também podíamos aplicar em Attack on Titan 2. A sequela do jogo de 2016 da Omega Force chega para desancar mais alguns titãs.

Independentemente do que achamos desta série de banda-desenhada, é um fenómeno de popularidade a nível mundial. Quando estava a assistir às primeiras cenas da primeira temporada da série Anime, finalmente identifiquei porque em algumas convenções os cosplayers tinham casacos de cabedal castanho com um grande símbolo azul e branco com asas. Chamem-me “desligado”, mas Attack on Titan chegou tarde para mim. Nem sequer fui eu que fiz a análise à sua primeira adaptação em videojogo. Contudo, gostei bastante da sua premissa e deixou-me intrigado para jogar esta sequela. Ainda há dias falei de uma outra excelente adaptação de banda-desenhada nipónica, por isso, estou ainda mais motivado.

O conceito é bastante simples. Pegando onde a história do primeiro jogo nos deixou, o mundo continua em perigo por causa de gigantes, os tais titãs, que invadiram a Terra e dizimaram a humanidade. À beira da extinção, a humanidade vê-se obrigada a refugiar-se em cidades muradas, como gaiolas de protecção contra estes seres grotescos. E para tentar combater esta ameaça, um grupo de jovens foi treinado com armas e arpões especiais para combater estes gigantes, numa verdadeira luta desigual nas alturas.

Nesta sequela, o jogo segue os eventos da segunda temporada da série Anime. O enredo é uma história paralela, criada de raiz com a supervisão do criador do lore, Hajime Isayama. Ao contrário da série, porém, não seguimos nenhuma personagem desse lore, mas criamos a nosso próprio protagonista que tem um passado trágico. Depois de ver os seus pais morrerem no último grande ataque dos Titãs, o nosso jovem soldado jura matar todos estes seres gigantes. Mas, para isso, o nosso recruta precisa passar pelo treino inicial do 104º Regimento. E cedo dá notas de ser alguém especial. Não admira, somos nós!

 

Mas, antes disso, logo nos primeiros minutos de jogo, fui introduzido ao combate e, literalmente, “lançado às feras”. Começamos logo com um ataque de um titã, para “abrir a pestana”. Consigo perceber que aqui o intuito é saber qual a nossa proficiência no combate, se temos ou não a experiência do jogo anterior. Contudo, dado que depois vamos para a academia passar por todos os tutoriais, fico sem saber se era essa mesma a real motivação ou se era apenas para nos aterrorizar com este combate tão exigente. Seja como for, por ser o primeiro jogo que realmente me dedico, fiquei um pouco confuso sobre o que fazer.

Felizmente, a fase seguinte ajudou-me bastante. Depois de diversas cenas intermédias, criamos a nossa personagem e somos enviados para os tais treinos iniciais. Aqui, aprendemos o básico da utilização do sistema ODM (omni-directional mobility). Estes complexos apetrechos permitem literalmente voar, usando um conjunto de arpões e cordas. Depois, aprendemos a usar o ODM para manobrar e atacar os titãs. Nesta fase, atacamos bonecos de madeira, mas o intuito é o mesmo. Podemos escolher zonas de ataque, pernas ou as costas, aprendemos a coordenar movimentos e até a comandar membros da equipa.

Notem que não é fácil dominar estes utensílios. Quando um titã surge, temos primeiro de mirar e depois escolher um ponto de ataque. Só depois disparamos o arpão para podermos voar ao nível do titã. Depois, é preciso ou comandar a equipa, ou alvejar o titã com as nossas próprias armas. Acontece que o sistema não é lá muito intuitivo, obrigando a mirar e aguardar que ganhemos balanço, para depois termos de carregar no ataque e atingir o alvo no tempo certo. Requer alguma destreza e sentido de timing que, confesso, me parece um pouco exigente demais ao início. Podia ser bem menos complicado neste aspecto, permitindo ataques mais livres. Mas, até confere algum desafio que acabamos por dominar.

Entre a gestão da equipa e os nossos próprios ataques, digo-vos, é muito divertido e entusiasmante enfrentar estes seres gigantes. Podemos persegui-los por largos minutos só a usar o arpão para flutuar pelo ar (qual homem-aranha), finalmente alcançar o titã e disferir golpes certeiros, podendo até arrancar membros no processo. Sim, eu sei que é bizarro fazer isto tudo, mas deu-me sempre uma satisfação enorme caçar um titã, contra todas as hipóteses nas leis da Física, derrotá-lo e ainda obter uma boa classificação no final. Só tenho pena que as missões sejam francamente repetitivas e que a produção não aproveitasse para dar alguma nuance nas missões lá mais para a frente.

Voltanto ao combate, o jogo recompensa muito dois factores: jogo em equipa e destreza com os timings muito concretos dos ataques. Jogadores que ignorem estes dois factores vão ter classificações muito baixas que também se traduzem em recompensas igualmente baixas. Ou, então, morrem avulsamente. Cada avaliação de combate traduz-se em pontos de experiência que contribuem para a evolução da personagem. E há também um forte incentivo na nossa relação com outras personagens, aumentando o nível de amizade com diálogos próprios mas, também pela nossa capacidade de liderança em batalha.

No entanto, tudo é melhor quando jogamos online com outros jogadores. Aqui, o trabalho de equipa é ainda mais importante. Embora a inteligência artificial nos dê companheiros de combate muito eficazes, com outros jogadores o combate contra titãs é ainda mais recompensador. Sobretudo em missões de reconhecimento com quatro membros na equipa. Penso que é aqui que o jogo realmente brilha. A estratégia de atacar os gigantes em frentes distintas, coordenando os ataques e solicitando suporte quando necessário, torna a jogabilidade bem mais interessante, porque todos acabam por ter mais controlo nos eventos.

 

Se entrarem no ritmo, o vosso espírito competitivo pode levar-vos também ao PvP. Embora nunca combatamos contra nenhum jogador humano de forma directa, o objectivo é derrubar o maior número de titãs e obter a maior pontuação para vencer a partida, novamente em equipa. Acontece que, no último minuto, os pontos são a dobrar e torna-se também numa luta contra-relógio. O mais interessante é que podemos usar balas especiais para atrapalhar os adversários. Uma bala pode atordoar os incautos, outra pinta o ecrã tapando a visibilidade. Foi aqui que passei mais tempo e que me diverti bastante.

O online, porém, nem sempre funcionou bem nos primeiros dias com o matchmaking a dar-me demasiadas sessões vazias. Aliás, no plano técnico enfrentei outros problemas na versão analisada no PC. Nos primeiros dias de teste, tive um problema que não devia ser um problema. O jogo foi efectivamente lançado por cá no dia 20, mas estava disponível no Steam desde o dia 15… na versão nipónica/chinesa. As traduções só chegaram no final do dia 20, o que, como devem calcular, atrasou muito esta análise. Uma outro bug inutilizou os meus savegames diversas vezes. Eventualmente a produção identificou o problema nos caracteres invulgares nos nomes de utilizador em ambiente Windows. Felizmente estes problemas têm vindo a ser resolvidos mas não são nada agradáveis.

Quem sabe a questão mais delicada com este jogo é a sua sensação de dejá vu. Digo que é delicada porque vai dividir opiniões. Para muitos, o primeiro jogo foi uma boa mistura de qualidade visual, de jogabilidade inteligente e um bom serviço aos fãs. Por isso, se vos disser que este jogo é praticamente o mesmo que o primeiro, não se vão chatear muito. Contudo, um outro lado da barricada vai achar que merecia que este jogo fosse mais que uma actualização do enredo do primeiro. É discutível, obviamente. Eu gosto de toda a animação, modelos, texturas e efeitos do jogo. Acho-o perfeitamente enquadrado no espírito da série Anime e Manga. E talvez só isso valha a pena destacar. Se é uma boa repetição de uma boa experiência, é algo positivo, não?

Veredicto

Com um combate viciante e um visual de elevada qualidade, Attack of Titan 2 é uma excelente aventura para dar continuidade ao primeiro título, este já um jogo de culto. Como todas as sequelas, porém, sofre por repetir um pouco o legado deixado pela primeira parte. Também não é um jogo para todas as audiências, como aliás não são quase todos os JRPG. Sobretudo a sua dificuldade e o tema um tanto ou quanto grostesco poderão afastar uma boa porção de jogadores. Mas, eu estou rendido a este título. E agora, se me permitem, vou ali ter com a malta…

  • ProdutoraOmega Force
  • EditoraKoei Tecmo
  • Lançamento20 de Março 2018
  • PlataformasPC
  • GéneroRole Playing Game
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Algo repetitivo
  • Matchmaking
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Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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