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Análise – Ancestors Legacy

Ancestors Legacy é um título de estratégia brutal e sangrento, tanto em termos visuais como também em termos de dificuldade. Foi lançado para PC em Maio de 2018 e agora foi finalmente disponibilizado para a PlayStation 4 e Xbox One.

Confesso que não esperava muito deste novo título da produtora Destructive Creations. Os primeiros títulos de estratégia deste estúdio, Hatred e IS Defense, apesar de não terem sido propriamente negativo, não eram de todo memoráveis. O que me deu um certo receio de pagar neste jogo de estratégia, ainda por cima orientado para consolas, um meio que, acho que concordam, não é bem a “casa” para os RTS. Ainda assim, rapidamente fui forçado a mudar a minha opinião do que tinha em mãos. E, sem contar com alguns problemas técnicos, arrisco já aqui a afirmar que, de facto, até é um bom jogo de estratégia. Explico-vos já porquê.

Depois do jogo arrancar é-nos dada a oportunidade de escolher se vamos jogar online ou numa das campanhas a solo. Ao todo são oito campanhas para jogar sozinho, duas por cada uma das quatro facções do jogo. E notem que todas estas civilizações estão bem caracterizadas: os Vikings, Anglo-saxões, Alemães e os Eslavos recebem todas as honras no design e no lore histórico. Cada campanha é composta por um total de cinco missões, onde cada uma pode demorar mais de uma hora. Portanto não é difícil de calcular que para completar tudo o que o jogo oferece irão precisar de mais de 40 horas, até é uma boa longevidade.

Para além das campanhas têm ainda o modo Schermaglia. É idêntico ao já conhecido modo Skirmish dos jogos de estratégia, levando o jogador a lutar pelos recursos do mapa e a destruir os seus inimigos, enquanto eles tentam fazer o mesmo. Este modo dá uma ideia de como é Ancestors Legacy online. É mesmo isto mas, obviamente, trocando a IA com jogadores humanos, que até dão outra diversão ao jogo. No entanto, fica claro que o principal objectivo deste título são as campanhas a solo, onde é possível experimentar todos os sistemas do jogo.

Todas as campanhas que mencionei anteriormente são baseadas em eventos históricos, no entanto, estes são claramente um pouco adaptadas a uma lógica de jogo. Cada uma das campanhas têm uma introdução com ilustrações e alguma narrativa que nos coloca no cenário histórico e contextualiza-nos para os objectivos que vamos abordar. O cenário é, na sua essência medieval, com as várias missões definidas em todo o ano 1000 (Vamos assumir final de 900 dC até 1200 dC), mas não esperem grandes lições de História.

Em termos de jogabilidade, Ancestors Legacy é uma mistura entre os clássicos RTS, como Command & Conquer, com títulos mais tácticos e recentes como Company of Heroes. Cada missão tem os seus objectivos, que podem variar entre conquistar um número específico de vilas ou movimentar pelo mapa cautelosamente, usando a erva alta para passar indetectável, ao mesmo tempo que salvamos tropas capturadas. Como devem calcular, existe sempre o cliché neste género de jogos de defender a nossa base e atacar a do inimigo, de preferência quando ele menos esperar.

O combate é baseado no clássico sistema “Pedra, Papel e Tesoura”, onde cada pró e contra das unidades têm sempre uma contramedida no lado inimigo. Ainda assim, consegue oferecer várias tácticas interessantes. Por exemplo, as unidades corpo-a-corpo não podem ser desactivadas após ter sido dada a ordem de ataque, enquanto que os arqueiros são mais versáteis e podem ser movidos a qualquer momento. Também temos de ter em consideração o botão de retirada que permite que as tropas, caso as coisas estejam muito “feias”, fujam para uma área segura ou mesmo para a base mais próxima.

Desta forma, podemos curar as tropas com a ajuda do quartel ou reforçar o exército com novos elementos (guerreiros, cavaleiros, arqueiros, etc). Como já é habitual neste género, também existem os heróis, normalmente personagens históricas que são capazes de dar uma grande ajuda. Têm habilidades que podem influenciar todas as nossas tropas, dando-lhes coragem, como também aumentar a sua agressividade. Contudo, temos de nos lembrar que, apesar de muito fortes, não são invencíveis. Portanto, não esperem passar uma missão inteira só com heróis nas fileiras.

No geral, toda a jogabilidade de Ancestors Legacy precisa ser particularmente activa, porque a inteligência artificial está entre as mais agressivas que experimentei no género. Em alguns mapas, os ataques inimigos são inabaláveis ​​e deixam muito pouco tempo para tomar medidas. Para tornar ainda mais difícil a situação, todos os recursos são muito limitados e, por vezes, difíceis de encontrar. Em suma, alimentos, madeira e ferro estão em quantidades bastante escassas, muitas vezes apenas as que são necessários para atingir as metas estabelecidas. Assim, todos os recursos devem ser geridos com cuidado. Em particular, a comida nunca deve faltar, caso contrário o exército entrará em colapso com deserções. Tudo torna-se num desafio bastante difícil, mesmo escolhendo o nível de dificuldade médio (de três).

No entanto, apesar da inteligência artificial de ser muito agressiva, também é previsível. Limita-se a atacar em grandes números e sem grandes avaliações tácticas. Portanto, não é difícil levar as tropas inimigas a cair nas nossas armadilhas ou fazê-la fluir para os vários funis dos quais os mapas são frequentemente espalhados (pontes, portões e assim por diante). Usei muitas vezes esta táctica, porque nestes pontos de estrangulamento acabam por perder a vantagem dada pela superioridade numérica. Mas, isto também traz problemas nos aliados, os quais dificilmente conseguirão oferecer o apoio necessário. E isto é mais evidente nas batalhas nas quais agem de acordo com movimentos coreografados.

Do ponto de vista técnico, Ancestors Legacy fica especialmente conhecido pelas animações sangrentas, que tornam as lutas divertidas de assistir, sobretudo graças à possibilidade de entrar na acção com a câmara a seguir as unidades individualmente bem de perto. O Unreal Engine 4 foi muito bem aproveitado, embora, além destas animações grotescas, não haja nada que realmente se destaque ou que traga algo de novo ao género.

Convenhamos que este jogo foi inicialmente concebido para PC, onde a produção passou bastante tempo a aprimorar o aspecto e a performance. Na versão que analisei na PlayStation 4, o jogo comportou-se muito bem, mesmo com o hardware bem menos potente que no PC. A optimização não deixa a desejar, pelo contrário, dando-nos a importante fluidez para este género. Ainda assim, se há algo a reclamar, é o facto de não podermos ligar um rato à consola.

Veredicto

Ancestors Legacy apesar de ser um bom jogo de estratégia, não traz nada de novo ao género em questão. Ainda assim, é um título capaz de agradar aos fãs mais exigentes dos RTS, principalmente aqueles que gostam de campanhas a solo. Tem alguns problemas com a inteligência artificial, é certo, mas não deixa de ser um jogo agradável e tecnicamente competente, mesmo que o género não seja particularmente popular nas consolas. E aquelas batalhas brutais, valem a pena assistir.

  • ProdutoraDestructive Creations
  • Editora1C Company
  • Lançamento13 de Agosto 2019
  • PlataformasPC, PS4, Xbox One
  • GéneroReal Time Strategy
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Inteligência Artificial sem avaliações tácticas
  • Recursos demasiados escassos

Esta análise foi realizada com uma cópia de análise cedida pelo estúdio de produção e/ou representante nacional de relações públicas.

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