Valve remove jogo polémico sobre violação

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Se o título deste jogo não desse motivos para a Valve desconfiar do seu conteúdo, talvez a descrição de Rape Day lhes desse uma pista. “Um jogo em que podíamos violar e assassinar mulheres durante uma invasão zombie“, parece bastante elucidativo.

Acontece que este título passou pelo controlo e conteúdo do Steam Direct e chegou à loja desta plataforma, estando disponível em previsão. Há algum tempo, a Valve tinha anunciado que iria deixar de monitorizar conteúdo adulto, tendo até permitido a inclusão de jogos com conteúdo pornográfico. A ideia é que os utilizadores possam usar filtros próprios para omitir conteúdo que considerem inadequado. A medida é justa, mas pareceu que a Valve queria apenas tirar o julgamento de cima das suas costas, a sua implementação não pode ser maquinal.

Rape Day motivou uma onda de protestos, uma vez que contém uma premissa em nada construtiva. Numa sociedade actualmente tão focada em movimentos como o #MeToo e tantos outros que combatem os abusos de género, era de esperar a chicotada social que este título mereceu durante os poucos dias que esteve no ar. Os que protestaram, já tinham até criado uma petição para mover a Valve a banir o jogo.

Num comunicado elucidativo, a Valve explica que, apesar de permitir a liberdade de expressão nos jogos que representa mediante o conjunto de regras e valores disponíveis, o autor “escolheu um assunto e uma forma de o representar que torna difícil ajudá-lo“. A editora adianta que terão de “ser reaccionários, simplesmente temos de esperar para ver o que nos chega via Steam Direct e, depois, tomar uma decisão acerca do risco que representa para a Valve, para os nossos parceiros e para os nossos clientes”.

Assim, o jogo foi retirado da loja, sob justificação que “o risco e custos” seriam demasiado elevados por causa do assunto delicado retratado. Apesar da liberdade criativa que a Valve sempre defendeu, tendo mesmo em carteira jogos de conteúdo duvidoso, tem de haver limites do que é ou não é aceitável trazer para um jogo.

A defesa dos autores, não podia ser mais inócua. Perante a incrível onda de protestos, defendem-se no seu website, dizendo que o jogo é de “comédia negra” e que não quebraram nenhum regra. Adiantam muitas justificações e teorias quase filosóficas sobre as suas motivações, chegando mesmo a ser magnânimos ao ponto de “remover uma cena de um assassinato de um bebé”… enfim. Os autores informam que não desistem do jogo, apesar de ter sido banido do Steam, dizendo que vão procurar outras plataformas possíveis.

A liberdade criativa é uma realidade, seja qual for o meio de entretenimento. A censura é passado e hoje temos grandes êxitos em jogos violentos e de conteúdo menos consensual.  Ainda assim, haverão limites claros do que é socialmente aceitável. Os autores dos jogos devem ter isso em conta, mas também a Valve devia prever que situações destas poderiam acontecer com as suas regras tão flexíveis. O julgamento final, obviamente, pertence aos jogadores e aos pais dos que ainda são menores.

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