Terminou a série The Last of Us, venham mais… duas

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Neste fim de semana, a HBO estreou o último episódio da série televisiva The Last of Us. Como seria de esperar, a fidelidade ao jogo foi um triunfo técnico. Mal podemos esperar pela segunda temporada… e pela terceira.

O último episódio dos 9 exibidos da primeira temporada foi fantástico. A convite da Sony Interactive Entertainment Portugal, fomos assistir ao derradeiro episódio nos cinemas do Centro Comercial Colombo em Lisboa e adorámos aquele que é o culminar de uma série fantástica.

A história original do jogo era já um marco narrativo, aliado a uma jogabilidade magnífica, uma peça de arte da Naughty Dog. Ver como Craig Mazin e Neil Druckmann transportaram isso para o pequeno ecrã foi realmente um feito. A opinião geral dos fãs do jogo é positiva e a dos críticos e audiência em geral é ainda melhor.

Tudo bem, houve algumas liberdades que não reuniram assim tanto consenso. O casting não foi perfeito, embora a qualidade dos actores seja francamente indiscutível. A história de Bill e Frank é profundamente diferente dos jogos, num tom que não faz jus à personagem de Bill em jogo e nos privou das suas hilariantes interacções com Ellie. Também diversas cenas de acção do jogo foram completamente omitidas, a bem de uma passada claramente mais rápida na série.

Por outro lado, vários pormenores curiosos foram acrescentados ou modificados positivamente para a história. Os esporos dos “cordiceps” não faziam grande sentido fora do jogo, os clickers possuem uma espécie de mentalidade “hive” com “comunicação” numa complexa rede subterrânea,  entre outras alterações narrativas que até fazem mais sentido.

Também foi interessante ver várias histórias paralelas que expandem o enredo e constróem melhor certas personagens. Por exemplo, a história da mãe de Ellie e a forma como esta ganhou imunidade à doença, que era um dos maiores mistérios nos jogos, pouco desenvolvido. De facto, deu para Druckmann falar um pouco melhor da sua visão e isso ficou patente na elevada qualidade da série, muito fiel ao jogo quando possível.

E agora, venha a segunda parte… ou melhor, as segundas partes. Numa entrevista ao site GQ, perguntaram aos dois produtores executivos se a segunda temporada seguiria o segundo jogo na sua inteireza. Mazin respondeu categoricamente “Não, não é possível” e Druckmann acrescentou “é mais que uma temporada”. Embora não esclareçam se serão duas ou até três ou mais temporadas, fica claro que “mais que uma só temporada é factualmente correcto”. 

Recordamos que The Last of Us: Part II é um jogo profundamente divisor e controverso. Não apenas por causa do seu rumo narrativo (inclusive AQUELE momento que ninguém gostou) mas porque segue os eventos de duas perspectivas bastante diferentes. Continuaremos a acompanhar a história de Ellie, claro, mas também teremos o lado de Abby e a sua senda de vingança e depois de redenção. O jogo é ainda repleto de “flashbacks” e histórias paralelas, além de contar com uma grande amplitude temporal.

Contar tudo isto numa só temporada seria possível, mas era necessário passar tudo a correr, algo que esta primeira temporada da HBO foi realmente acusada de fazer. Esse pode ser, aliás, o motivo de muitas das cenas com “clickers” e bandidos foram omitidas da série, para “arrepiar caminho” e encaixar tudo em 9 episódios.

Ainda assim, é sempre algo suspeito falar de “temporadas” para uma só história de um enredo já consolidado, fazendo algum sentido falar de oportunismo perante o sucesso da franquia. Há quem defenda que mais episódios numa só temporada fariam mais sentido. Contudo, é preciso recordar o tempo que demora a produzir tantos episódios, mais a pós-produção e a exibição propriamente dita.

Se estas temporadas forem produzidas com o mesmo rigor narrativo e técnico da primeira, estamos certos que ninguém se importará que Craig Mazin e Neil Druckmann dêem uma de “Peter Jackson com o Hobbit”, partindo a história em vários pedaços. Que venham com o mesmo carinho.

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