Insólito – NASCAR obrigada a proibir uma “manobra” de videojogos

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Não interessa qual é o jogo em particular, todos nós já experimentámos encostar à parece lateral numa curva de uma pista oval para ultrapassar. Alguém fez isso na vida real, resultou, mas será proibido doravante.

Em Outubro do ano passado, o piloto Ross Chastain usou essa mesma táctica na prova oficial XFinity 500 no circuito Martinsville Speedway para o campeonato NASCAR. Nas curvas 3 e 4, Chastain pisou no acelerador, embateu na parece e subiu cinco posições com essa manobra, terminando em quinto lugar, como o melhor Chevrolet da prova e batendo o recorde de tempo por volta do circuito. Viria mesmo a atingir o quarto lugar depois de anunciada a desqualificação de outro piloto.

Esta manobra valeu-lhe a qualificação para o campeonato, onde acabaria por terminar em terceiro lugar na última prova em Phoenix. Nada mau para um (ex) gamer. É que, quando lhe perguntaram onde buscou a inspiração, esta foi a resposta:

Os fãs de videojogos adoram a referência ao jogo Nascar 2005 para a Nintendo GameCube que o piloto afirma ter sido a sua fonte de inspiração para a manobra. Não é um jogo moderno, nem particularmente realista. Contudo, podemos atestar que vários jogos permitiam, realmente, fazer esta “batota”, como Gran Turismo (em baixo), enquanto que outros penalizam muito a velocidade e os danos nos carros para inviabilizá-la. É algo “universal” nos jogos, especialmente porque estas corridas em pistas ovais podem ser aborrecidas e os jogadores são engenhosos.

Não é que vejamos outros pilotos reais fazer isto tão cedo. O próprio Chastain afirmou que fazer a manobra, “não é agradável”, talvez pelo ruído e vibração afectarem o piloto mas também porque causa claros danos no chassis, pneus, etc. Contudo, é um precedente curioso que se abriu. Não havia memória de um piloto usar esta manobra de forma intencional e tão eficaz como foi. Aliás, a “regra” é evitar a parede… pelos motivos óbvios. Ainda assim, o piloto tornou-se um “meme” e foi aclamado por muitos.

Mas, quem não achou nenhuma piada foi a própria NASCAR. Mandar um carro de 1,5 toneladas contra uma parede a velocidades acima dos 200Km/h, mesmo que esta seja bem reforçada como são nestas provas… não é preciso fazer muitas contas para concluir que é algo perigoso. Por isso, a entidade fez uma revisão da próxima época, não propriamente criando uma nova regra na competição mas reforçando a observação de outra já existente, a regra 10.5.2.6-A que diz:

“Quaisquer violações que visem comprometer a segurança de um evento ou possa causar um risco que coloque em perigo os competidores, juízes, espectadores ou outros, serão tratados com o maior nível de seriedade. Violações da segurança serão tratadas caso-a-caso”. 

Vago, é certo. Contudo, o vice-presidente Elton Sawyer esclarece que vão passar a “penalizar este acto doravante”, podendo ser uma penalização “de uma volta ou de tempo acrescido no final da corrida”. Usando o exemplo concreto de Ross Chastain, Sawyer disse que “a manobra de Martinsville seria penalizada” com este reforço da regra. Por isso, não podem fazer mais “wall-riding” ou “hail melon”… fora da vossa consola, claro.

O que mais causa estranheza nisto tudo é que a NASCAR só agora se pronuncie, ao fim de cerca de três meses do que só podemos imaginar ser um “choque” de algo tão caricato. Também o piloto não foi penalizado retroactivamente apesar da interpretação de uma regra já existente e desta decisão de a reforçar. Isto, mesmo ao assumir que não foi um erro seu ou alguma avaria na direcção do carro, inspirando-se num mero videojogo.

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