Ex-CEO culpa equipa de produção pelo insucesso de The Walking Dead

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Ainda dá que falar, este projecto da Overkill Software. O antigo CEO da empresa-mãe da Starbreeze, na sequência das polémicas que resultaram no seu despedimento, lançou farpas, abrindo hostilidades contra a equipa técnica de The Walking Dead.

É sempre discutível se a culpa pelo sucesso (ou pela falta dele) num novo título, é exclusiva da equipa de produção ou da cúpula responsável pela sua gestão. Há inúmeros relatos de bons projectos que são prejudicados criativamente por decisões “vindas de cima”, regra geral, de carácter comercial. Mas, o contrário também é verdade, infelizmente. Muitas boas ideias são mal concebidas por equipas desajustadas ou sem motivação. Por isso, esta história que reportamos é sempre sujeita a múltiplas interpretações.

Bo Andersson, foi recentemente despedido do cargo de CEO da Starbreeze. No processo, ainda teve tempo para enviar um e-mail interno para os seus trabalhadores. E-mail, esse, que acabou nas mãos da Eurogamer. Nele, Andersson não poupa críticas aos produtores responsáveis pelo jogo. Chega mesmo a responsabilizá-los pelo seu próprio mau momento.

Andersson alega que o projecto sofreu “com cada vez menos produtores interessados em dar um cuidado extra no produto, claramente limitando a possibilidade de haver qualidade a tempo”. O ex-CEO chega mesmo a culpar os produtores por questões pessoais suas, falando de “perdido todo o seu dinheiro, do seu divórcio e da perda da custódia dos filhos“. Isto, alega, surgiu por ter trabalhado “100 horas por semana” para manter “os produtores pagos”.

Parece-nos um empenhamento normal para um CEO, salvaguardando o sacrifício na sua vida pessoal que, a ser verdade que foi deteriorada por excesso de trabalho, é só uma falha na sua capacidade de gestão pessoal. A responsabilidade pelo sucesso de um projecto ou de uma inteira empresa, deve vir de cima. Pelo que, culpar os produtores de um jogo, parece o que vulgarmente chamamos de “sacudir a água do capote”.

Até porque, numa fase de insucesso, competia ao CEO e a toda a direcção, corrigir os erros a tempo ou remediar o mal já feito. Apontar dedos não parece ser o que o jogo, a produção da Overkill ou mesmo a Starbreeze precisavam na altura. No final, só Andersson “fica mal na fotografia”, mesmo que tivesse razão na falta de empenho que alegava.

Em resposta a tudo isto, inclusive à divulgação do e-mail, porém o novo CEO da Starbreeze Mikael Nermark tem uma opinião diferente. Nermark respondeu também ao apelo da Eurogamer, dizendo que “a equipa trabalhou duro no último ano de produção”. E acrescenta que “toda a equipa tem um ética profissional elevada e trabalham juntos arduamente”. Desmente assim as alegações de Andersson.

No seu lançamento, ficámos algo desapontados com este jogo. Na nossa análise, dissemos que The Walking Dead “Tem alguns pormenores positivos tirados da série Payday, mas também transporta outros bem mais negativos, (…) demasiados problemas técnicos à mistura.” A reacção da demais crítica e dos jogadores deu-nos razão.

Entretanto, The Walking Dead ainda não recuperou das fracas vendas no PC, mesmo com um desconto de 50% do seu preço base, poucas semanas após o lançamento. E o facto de ter sido novamente adiado nas consolas, parece antever um futuro ainda mais complicado para este título tão falível e para as empresas responsáveis pelo mesmo.

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