Co-criador de Halo não se reconhece na série de TV

Halo-Paramount (2)

A série de TV de Halo exibida no serviço Paramount+ tem levantado muita discussão. Por um lado, tem sido aclamada pela sua qualidade técnica, por outro tem sido atacada pelas “liberdades” criativas.

Logo no primeiro episódio, o lendário Master Chief removeu o capacete, criando um choque previsível entre os fãs de longa data da franquia de jogos. Esperámos sinceramente que fosse apenas um momento, mas o que é certo é que o actor Pablo Schreiber teima em não recolocar o dito capacete.

Não haveria grande problema com isto se toda a história contada, assim com as personagens introduzidas não fossem tão aborrecidas. Com muito pouca acção e demasiadas histórias paralelas, algumas completamente inventadas e sem ligação às histórias dos jogos.

A “gota de água” para os fãs aconteceu no último episódio em que Schreiber se envolve numa cena de sexo… com Cortana a assistir a tudo. Não só a cena tem uma certa falta de sensibilidade, como foi considerada desnecessária, especialmente se considerarmos toda a “telenovela” no arco de história que leva a essa cena em particular. Acção, só no fim, escassa e algo incoerente, com Spartans a lutar contra Spartans, sem saberem muito bem porquê.

A mais recente voz de protesto não é para subestimar. Marcus Letho é um nome sonante nesta indústria, recentemente contratado pela Electronic Arts. Letho é um dos co-criadores da série de videojogos Halo, fazendo parte da Bungie durante anos, ao nível do processo criativo em torno do lore de Master Chief e companhia. A sua reacção foi pública na rede Twitter:

Em resposta à observação de outro utilizador, Lehto concorda, dizendo que já não sabe “onde foram buscar inspiração para a série”, acrescentando que “não é o Halo que fez”. O que parece reflectir a opinião de muitos fãs e, possivelmente, de outros membros originais da produção.

Não é que a Paramount Pictures tenha total controlo no enredo desta série televisiva. A produtora dos jogos 343 Industries faz parte da produção desta série e terá, de alguma forma, participado na concepção do guião ou da história geral. Pelo que não se compreende como algumas peças fulcrais de conceito e de enredo tenham sigo ignoradas ou deturpadas.

Também a Microsoft teria todo o interesse em defender o espírito desta série de jogos, pelo que não é compreensível a forma como deixou que esta série banalizasse anos de construção narrativa. Em todos os episódios exibidos, contam-se pelos dedos das mãos os raros momentos de verdadeiro “serviço aos fãs”, teoricamente, os principais espectadores.

De resto, custa um pouco justificar a licença, numa série que dificilmente se aguentaria no ar sem o logótipo Halo e a célebre armadura verde nas promoções. Se se usa a imagem de um jogo para criar uma série de televisão, porquê ignorar a sua história e antagonizar os fãs?

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