Barkley 2, uma história de (in)sucesso

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Costumamos achar que os jogos suportados por crowdfunding costumam ter um importante apoio comunitário que resulta em jogos bem sucedidos que, em teoria, os jogadores “querem”. Contudo, há excepções e Barkley 2 é uma delas.

Tirando casos mais flagrantes de “promessa que não vê a luz do dia”, como o eternamente “em produção” e recordista de crowdfunding (quase 190 milhões de dólares) Star Citizen, existem muitos títulos que só foram possíveis via angariação de fundos e que se tornaram casos de sucesso. Foi o que aconteceu com o fantástico Pillars of Etertiny II, We Happy Few, Project CARS, Torment: Tides of Numenera, Elite Dangerous e tantos outros que não teríamos tempo para mencionar.

Barkley 2 também parecia bem orientado, angariando um quantia considerável em 2012, 120.000 dólares via Kickstarter. A promessa era interessante, e o título completo do jogo deixava antever algo gradioso. Ora vejam: The Magical Realms of Tír na nÓg: Escape from Necron 7—Revenge of Cuchulainn: The Official Game of the Movie—Chapter 2 of the Hoopz Barkley SaGa… Sim, é isto tudo.

Este seria um Role Play Game de acção, com um estilo old-school, sequela directa de um jogo freeware de 2008 “Barkley, Shut Up and Jam: Gaiden”, um título criado por fãs, derivado de um outro jogo de basquetebol com o famoso jogador Charles Barkley (Barkley, Shut Up and Jam!) e com inspirações no filme Space Jam. Uma confusão divertida e que reuniu o interesse dos fãs num novo jogo.

Os 120 mil dólares (cerca de 107 mil euros) angariados, são uma quantia que poucos jogos de produção independente têm acesso. A produtora desconhecida Tales of Game’s Studios mostrou sempre que trabalhava lentamente no projecto, com poucas actualizações de progresso ao longo do tempo. Desde 2012, porém, nem sinal de algo que se parecesse com uma Alpha, Beta ou algo semelhante do jogo, deixando no ar a ideia de mais um embuste. E agora, um ex-funcionário finalmente quebra o silêncio.

Segundo o que o mesmo, no pseudónimo Hiratio, publicou nos fóruns do site Something Awful, em três anos, “o projecto já tinha pouco dinheiro e estava destroçado”. Pior, afirma que quem está por detrás do jogo agora, é um funcionário de relações públicas e tem “zero experiência em desenvolver jogos”. Diversas rotações de produtores, trabalho abandonado e simples “falta de vontade em simplificar” terá ditado um potencial fim anunciado deste projecto. O texto deixa no ar uma ideia de desleixo e falta de consideração perante a confiança e o dinheiro depositados na equipa de produção.

Contudo, na conta oficial do jogo no Twitter, um dos restantes produtores reafirma o seu empenho em continuar a produção, mas “não a tempo inteiro”. Também diz que a produção não está realmente a decorrer “há algum tempo”. Mas, sem baixar os braços, há uma promessa de mais informação em breve, sobretudo sobre o destino deste projecto.

Este é o problema latente dos projectos que têm como base a angariação de fundos. O risco de derrapagens financeiras é evidente. Entretanto, o dinheiro oferecido por fãs fica num limbo e ninguém sabe muito bem o que vai acontecer.

Sim, o que acontece quando um projecto recebe quantias tão elevadas de dinheiro, para depois não ser concretizado? A plataforma Kickstarter tem medidas de protecção nos montantes investidos, de modo a evitar fraudes. Mas, quão eficazes são nestes casos? É que parece que a produção do jogo evita falar de um fim concreto, talvez para não quebrar numa regra contratual do Kickstarter. Contudo, se assim é, o que é preciso para levar Barkley 2 “para trás do celeiro e puxar o gatilho”? Entretanto, os crowdfunders não sabem bem o que pensar do que investiram.

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