
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia não tem dado tréguas, dentro e fora do campo de batalha. A produtora de Atomic Heart, a Mundfish, está a ser alvo de críticas pela sua opinião sobre o conflito.
Para muitos, Atomic Heart, um jogo passado numa utópica antiga União Soviética, tendo um agente do KGB como protagonista, é um jogo de origem Russa. A Mundfish foi, de facto, originalmente fundada na Rússia, actualmente sediada no Chipre depois da guerra começar. Para todos os efeitos, tecnicamente, é uma empresa Cipriota mas… enfim.
Perante a sua origem, muita gente tem-se questionado sobre a posição da empresa em relação à guerra, com o espectro das sanções internacionais à Rússia sempre a pairar, como tem vindo a acontecer ultimamente com quase tudo o que tem origem na Rússia. A resposta da produtora às muitas solicitações, não foi a mais esclarecedora. Ou, pelo menos, a que as pessoas mais esperavam ouvir:
Guys, we have noted the questions surrounding where we, at Mundfish, stand. We want to assure you that Mundfish is a developer and studio with a global team focused on an innovative game and is undeniably a pro-peace organization against violence against people.
— @Mundfish #AtomicHeart (@mundfish) January 16, 2023
A mensagem é incrivelmente prudente, reconhecendo as várias perguntas quanto à posição da Mundfish, mas não menciona sobre o quê, temos de o sub-entender. A mensagem prossegue dizendo que são uma “organização para a paz e contra a violência contra pessoas”. O que é francamente vago e encaixa para os dois lados do conflito. Bom, encaixa em qualquer conflito actual, passado ou futuro.
Não é de admirar esta busca por uma “neutralidade” da produtora. Em várias ocasiões, tem-se descartado da sua origem, até mesmo na sua página oficial, onde menciona que a equipa é composta por criativos de 10 países… mas só menciona 9, claramente omitindo a origem Russa de alguns elementos. Também nas redes sociais, fóruns e Discord, esforça-se por se esquivar de “perguntas difíceis” e chega mesmo a bloquear algumas intervenções mais incisivas.
Violence against which people, exactly? Can’t even say it. This is the response to folks asking them if they took money from the Russian government and its entities sanctioned for their role in the Russo-Ukrainian war. Calling them “spammers.” pic.twitter.com/myfJUMNbyU
— Sergey Mohov (@krides) January 16, 2023
De facto, se quiserem fugir à ira da opinião pública, as produtoras Russas (ou de origem Russa) precisam trilhar com cuidado nesta matéria. A ira da opinião pública é muito severa quanto a posições extremistas ou, de alguma forma, “contra a corrente”. A “cultura do cancelamento” está muito activa e é implacável, com notícias de ataques pessoais a elementos de produção, manifestos, comentários públicos depreciativos e até mesmo incitações ao boicote.
A produtora tem muito a perder nesta fase, é preciso notar. Se se posicionar no lado da opinião pública ocidental, a sua “raíz” Russa pode nunca perdoar a “traição”. Também posicionar-se no lado Russo seria absolutamente fatal para o jogo (para já) e para a produtora (a médio/longo prazo), por causa dos vários investidores internacionais e acordos de distribuição com empresas ocidentais. Talvez isso explique o tom da resposta.
Atomic Heart será lançado a 21 de Fevereiro de 2023 para a PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC. É um dos jogos que estamos a antecipar para 2023.