XboxOneReview

Análise: Xbox One

O anúncio da Microsoft acerca da sua próxima consola de entretenimento não foi recebido da melhor forma. Ninguém previa que a Microsoft estava empenhada em transformar a sua linha de consolas Xbox numa peça central na nossa sala de estar, trazendo muito mais do que uma plataforma de videojogos, como foi a Xbox 360. Isto, aliado a questões como o uso obrigatório do periférico Kinect ou até mesmo o preço acima da concorrência, levou a Microsoft a recuar em algumas das suas decisões e a melhorar outras tantas. Durante algum tempo a nova Xbox chamou-se “Durango”, depois chamou-se “Xbox 720” e finalmente foi revelado na feira E3 2013 o nome Xbox One. 9 meses depois do seu lançamento mundial, chegou a Portugal e ao WASD.

Entretanto, já passaram 2 semanas desde que a consola foi lançada em terras Lusitanas e desde então temos estado empenhados a testar a nova Xbox. Podemos já dizer que é das consolas mais versáteis e completas que podemos encontrar no mercado, só lhe falta mesmo mais alguns jogos exclusivos, afinal aquilo que a torna numa verdadeira consola de videojogos, mesmo que possua outras funcionalidades. Quase um ano depois do seu lançamento, contam-se pelos dedos das mãos o que a Microsoft lançou como exclusivos. Mas, um dia falamos disso.

Antes de começarmos, convidamos-vos a ver o que está no interior da caixa da Xbox One (versão sem Kinect e sem bundle) de 500Gb:

Design

À primeira vista a nova Xbox pode parecer uma consola com uma estrutura de dimensões um pouco exageradas e com linhas muito rectas, relembrando um velhinho leitor de VHS. No entanto, quando colocada ao lado dos outros aparelhos de casa, a sua linha clássica adapta-se como nenhuma outra devido ao seu design neutro. Aliás, é tão neutro que lhe dá até uma presença discreta. Ao contrário da antecessora Xbox 360, porém, podem esquecer colocá-la na vertical. Tanto as bases de apoio de borracha na superfície de baixo, como as entradas de ar e tomada USB lateral favorecem a posição horizontal, não sendo possível sequer colocá-la na vertical.

Na frente, o símbolo da Xbox à direita é um botão de energia sensível ao toque que, quando a consola está ligada, fornece uma luz branca que dá um certo charme à Xbox One. Quando está desligada, o mesmo símbolo permanece com um aspecto metálico muito subtil. Não existe luz de stand-by ou de presença, apenas quando está ligada.

Como a Xbox One é agora um centro multimédia all-in-one, não poderia faltar um leitor de Blu-Ray. Isto depois de alguns anos em que a Microsoft esteve empenhada no sistema rival HD-DVD. Optar pelo BD é, quanto a nós um recuo lógico face à proliferação da norma. Tal como diversos sistemas modernos de leitura de discos e mesmo outras consolas actuais, desapareceu a drive com gaveta ejectável e passou a ter o sistema slot loading. Menos partes móveis, menos complexidade, solução inteligente.

Como podem ver pela fotografia em cima, toda a consola está agora bem ventilada para evitar os conhecidos problemas de aquecimento da Xbox 360. A Microsoft decidiu usar o mesmo método que na Xbox 360 Slim, com um dissipador de calor a abranger a maior parte superior da consola. Desta forma, garante a melhor ventilação possível para evitar problemas de aquecimento. É um sistema silencioso que só opera a mais velocidade em caso de maior aquecimento, por exemplo, em jogos complexos. Há que notar, porém, que dada a posição horizontal que favorece, a grelha superior é propensa a acumular pó e não permite colocar nada por cima ou ainda que se use embutida num móvel. Se não ventilar correctamente sem obstrução, rapidamente acelera a ventoinha do dissipador e caso não extraia o calor eficazmente irão diminuir a vida útil da consola. Fica a dica.

Hardware

Começando pelas ligações, a Xbox One junta-se às restantes consolas da actualidade, descartando as antigas ligações analógicas passando a ter entradas e saídas exclusivamente digitais, com duas portas HDMI (uma saída e uma entrada que falaremos mais à frente), uma saída de audio digital, três portas USB 3.0 (uma delas situada de lado), uma tomada para ligar sensores infra-vermelhos de telecomando e ainda uma tomada específica para o Kinect.

Para se ligar à internet, a Xbox One vem equipada com uma tomada Ethernet Gigabit e Wireless interno, ao contrário de algumas das primeiras versões da Xbox 360 que necessitavam de um adaptador.

No interior da consola podemos encontrar um disco rígido com 500GB. Receio que seja rapidamente preenchido com os jogos, já que cada jogo é instalado na íntegra na vossa consola para evitar tempos de carregamento prolongados. Para terem uma noção, um jogo sem actualizações e DLCs pode chegar a ocupar 50GB no vosso disco. Infelizmente, mais uma vez, a Xbox não permite trocar o disco interno. No entanto, o software permite a instalação de jogos em unidades externas com a razoável velocidade do USB 3.0. De recordar que, no caso da Xbox 360, apenas discos específicos vendidos pela Microsoft eram compatíveis como expansão. Agora podemos usar qualquer drive externa. Boas notícias, portanto.

Comando Xbox

O comando da Xbox 360 não tinha qualquer problema de ergonomia ou de funcionalidade. Mesmo assim, a Microsoft decidiu investir no redesenhar do comando e o resultado é, de facto, muito bom. Conseguiu evoluir e ao mesmo tempo manteve-se familiar com todas as melhorias que adicionaram.

O comando é mais leve e confortável de usar do que a versão anterior. Por qualquer razão, porém, a Microsoft continua a apostar no uso de pilhas em vez de baterias. Contudo, já é possível encontrar uma bateria adaptável e recarregável nas lojas por 22,99€. Deixa-me a pensar porque é que esta bateria não vem já incluída com a consola. Não consigo dizer-vos ao certo a autonomia das pilhas mas, ao longo de uma semana e meia, ainda não tive qualquer aviso das pilhas e isto sob constante funcionamento. É de assinalar que agora as pilhas são inseridas no perfil do comando e não numa “caixa” externa como no anterior comando. Além de esteticamente feio, atrapalhava um pouco a operação.

É importante informar-vos que a pequena tomada frontal Micro USB presente no comando, não permite carregar as pilhas caso usem recarregáveis. No entanto, desliga a funcionalidade wireless a favor da ligação por cabo, poupando assim a energia.

A disposição dos botões é praticamente a mesma, à excepção do símbolo da Xbox que passou para o topo e sem aquela forma de relevo arredondado, tornando o comando bastante mais discreto. Se bem se recordam na X360 este botão era bem mais que um mero botão de menu. À sua volta, um anel de quatro luzes identificava qual o jogador (Player 1, Player 2, etc) a que pertencia o comando. Agora, sem Kinect, é melhor não misturarem comandos porque não há nada para os identificar. O Start e Select foram substituídos por View (representado com quadrados) e Menu (apresentado com barras paralelas). Basicamente fazem o mesmo, mas com outro nome.

Os analógicos são mais pequenos e ao mesmo tempo mais precisos, com um acabamento de borracha no rebordo com relevo para uma melhor aderência. As setas direccionais também sofreram melhoramentos, ficando mais semelhantes à Nintendo e PlayStation, abandonando por completo o “disco” direccional que o comando da Xbox 360 possuía e deixava os fãs de jogos de luta à beira da loucura.

O maior destaque vai para o novo sistema de vibração. Antes tínhamos apenas dois motores (rumble), um de cada lado na zona dos manípulos. Agora, estão distribuídos em várias partes do comando. Até os gatilhos têm motores de vibração! Em Forza 5 (e Forza Horizon 2) é possível sentir a tracção de cada pneu na nossa mão. É um mecanismo com bastante potencial, imaginem as possibilidades. Um jogo de Sniper, por exemplo, pode ter a vibração do recuo ao disparar a arma. Até nos leva a pensar porque não fizeram isto antes.

Outra melhoria que ainda não referi é que o comando usa infra-vermelhos para comunicar com o Kinect. Desta forma a câmara da Xbox sabe quem está a usar o comando e adequa a pontuação do jogo para a pessoa em questão, isto se ela tiver um perfil configurado na consola. Este sensor dá também muito jeito para quando estamos a ver um filme, ao pousarmos o comando, o Kinect percebe que não necessita de qualquer interacção e coloca-o imediatamente num estado de poupança de energia,

Na parte inferior do comando, há um conector proprietário da Microsoft para ligar o Headset que acompanha qualquer bundle da consola. Também podem comprar um adaptador à parte que vos permite ligar qualquer tipo de headphones, por 22,99€. Aqui considera-se um retrocesso, já que tanto o comando anterior como os actuais comandos da consola rival não precisam de qualquer adaptador para ligar simples fichas “jack” de 3.5mm. Se é tão necessário ter um adaptador porque não já vir com cada comando?

Interface

Mesmo possuindo um Windows Phone e usando o Windows 8 diariamente, não me senti nada familiarizado com o menu da Xbox (chamado Dashboard). Baralho-me sempre que preciso de ir às configurações da consola porque, por alguma razão, as definições estão “arrumadas” nas aplicações, entre outras lógicas pouco intuitivas.

A dashboard principal, aquela a que temos acesso ao ligar a consola, está dividida em três páginas. Para a direita mostra-nos imediatamente o que está na loja virtual da Xbox e se formos para a esquerda encontramos os nossos atalhos, onde podemos afixar qualquer aplicação, jogo ou até uma playlist da aplicação Xbox Music. Será nesta página que irão passar mais tempo, visto que podem afixar o que mais utilizam sem ter de percorrer o menu à procura de alguma aplicação. E acreditem que vão procurar muito.

Por vezes, se não usarem este sistema de afixação, poderão “perder” aplicações que depois precisam de diversos passos para “redescobrir”. Chega a ser irónico que depois de algum tempo a usar outras aplicações, os jogos desapareçam dos destaques e tenhamos de os ir procurar na biblioteca. A lógica é que os programas ou aplicações que mais usemos estejam mais à mão, mas no final, torna-se pouco intuitivo, já que o menu até pode nem apresentar os jogos instalados depois de alguma navegação. Afinal esta é uma consola de videojogos, certo?

Mas, nem tudo é mau, a Microsoft percebeu o quão chato é colocar os códigos do Live e adicionou um sistema de leitura de QR Codes. Infelizmente só os possuidores de Kinect é que podem usufruir desta habilidade da consola.

Tal como a sua adversária directa, também a Xbox está mais social. No nosso perfil temos o que já é conhecido como “mural”, onde podemos partilhar pensamentos ou até mesmo os vídeos dos nossos jogos. Podemos ainda deixar um “like” nas actividades dos nossos amigos.

Por falar em amigos, foi adicionado o conceito de “seguidores” para aqueles que desejam ver a actividade sem estar na lista de amigos. Caso sejam muito populares, vão gostar de saber que o limite dos amigos foi agora alargado para termos até um máximo de 1000 amigos e o chat por voz, mesmo in-game, tem uma qualidade espectacular, graças aos codecs especiais do Skype.

Ainda dentro do tema social, podem também transmitir os vossos jogos em directo com o Twitch ou, então, simplesmente gravar os melhores momentos no disco rígido. A Xbox One está constantemente a gravar 5 minutos, mesmo sem a vossa acção. Assim, se algo importante acontecer, conseguem sempre ter uma prova para mostrar aos vossos amigos. Mas, se desejarem controlar a gravação manualmente, também é possível. Lembrem-se apenas que só podem
gravar clips até 5 minutos. Um limite bastante reduzido, quando comparado com a rival PS4 que grava até 15 minutos.

Embora não tenha ficado muito fã do interface, tenho de reconhecer que é muito fluído e isto deve-se ao facto da consola ter parte do hardware reservado para a dashboard. Navegar entre aplicações ou com a televisão é feito em milésimos, sem qualquer quebra.
Outro ponto positivo, é o facto de todas as aplicações da Xbox, até mesmo alguns jogos como Forza 5, usam o mesmo tipo de design em mosaico no seus menus. Com esta uniformização, a navegação torna-se idêntica deixando sempre aquele sentimento familiar, mesmo numa aplicação nova. Contudo, a loja virtual da Xbox, precisa de alguns retoques. Não é fácil encontrar o que procuramos, nem é muito visível saber em que secção da loja nos encontramos. Felizmente existe a barra de pesquisa.

O último ponto que tenho de referir é o modo de stand-by. Parece algo para ser discutido na secção de hardware mas, neste caso, falaremos no interface porque trata-se de algo mais que um mero modo de energia. Quando está activo, podem desligar a consola com algum jogo em pausa e quando a voltarem a ligar, seja passado 5 minutos ou 3 dias, o jogo estará exactamente como o deixaram. No fundo a última aplicação/jogo utilizada é que fica “congelada”, para continuarem quando voltarem. Mesmo que saiam do jogo e não pretendam retomá-lo, se desligarem a consola neste modo o tempo de arranque é francamente reduzido, também. O modo Stand-By permite ainda descarregar actualizações, descarregar jogos que coloquemos em fila de espera, pronta a ligar remotamente (através da aplicação SmartGlass para dispositivos móveis), entre outras funcionalidades. No entanto, com este modo a consola mesmo desligada irá gastar mais energia. Se isso for uma preocupação para vocês, podem desligar por completo nas opções da consola.

Ligação à TV

Para um centro multimédia, o seu grande foco deveria ser a nossa televisão e é para isso mesmo que a consola traz dois HDMI. Uma das tomadas (HDMI Out) é, logicamente, para ligarem à vossa televisão e é compatível com 3D. Na outra tomada (HDMI in), podemos ligar os nossos receptores de televisão digital, vulgarmente conhecidos como “Boxes”.

Um simples comando “Xbox On” via Kinect (Por agora, apenas em Inglês, leiam mais abaixo sobre isso) é capaz de ligar não só a nossa consola, mas também a nossa televisão e “Box”. Todas as operadoras nacionais são compatíveis com a Xbox One permitindo controlar alguns comandos básicos da dita “Box” através de comandos de voz. “Xbox Pause Television” ou “Xbox Record Television” são alguns dos exemplos possíveis para pausar a transmissão ou gravar.

Com a ajuda da aplicação OneGuide, a consola é até capaz de procurar o vosso programa favorito através de um comando de voz e, se estiver a ser transmitido, a Xbox muda imediatamente de canal. Caso detecte que vai dar mais tarde, pergunta se queremos gravar, de uma forma simples e cómoda.

Por fim, tendo em conta que a televisão está a ser transmitida pela Xbox, as notificações de amigos ou mensagens podem surgir directamente no canal que estão a assistir. Também poderão ver televisão enquanto jogam com recurso a um sistema Picture-in-Picture que até permite comutar entre jogo e a TV com um simples comando. Já não perdem a novela enquanto jogam FIFA.

Kinect

A Xbox One foi construída à volta do Kinect. Como mencionei, inicialmente seria obrigatório comprar a consola com este módulo mas, depois de muitas pessoas mostrarem o seu desagrado com esta decisão, a Microsoft decidiu recuar nessa lógica. Por causa disso, ainda hoje está a aprimorar alguns comandos em menu ou por botões que só eram possíveis através da voz.

O Kinect mantém o seu tamanho praticamente inalterado, mas foi totalmente redesenhado e construído de forma mais robusta, perdendo aquele ar frágil. Contudo, continua a ser dependente de uma fonte de energia externa que, felizmente, podemos esconder facilmente atrás da consola ou juntamente com o transformador da Xbox.

No seu interior, foram adicionadas novas câmaras, uma de infra-vermelhos, que permite ao Kinect capturar com pouca luz e outra câmara com resolução Full HD. Mas não foi só o seu interior que foi melhorado: o Kinect agora é capaz de detectar um máximo de 6 pessoas na imagem e distingui-las. E quem tem salas mais pequenas, vai gostar de saber que o ângulo de visão é maior, permitindo ser usado com pouco espaço de distância.

O reconhecimento de voz é uma peça central de todo o sistema da Xbox. A Microsoft até retirou a navegação por gestos e agora bastam rápidos comandos de voz para fazer quase tudo nos menus. Encaixar aplicações no lado esquerdo do ecrã enquanto jogamos, abrir aplicações, gravar os nossos jogos… Enfim, já devem ter percebido a ideia.

Apesar de ainda não estar disponível, a Microsoft informou-nos que o reconhecimento em Português (de Portugal) já está a ser finalizado. Se tudo correr bem, até ao final do ano teremos o Kinect a ouvir os nossos comandos sem dificuldade. Por agora, pratiquem o Inglês.

Veredicto

O anúncio da Xbox One não foi muito bem recebido e isso levou a Microsoft a repensar algumas estratégias, nunca desistindo da ideia de trazer um aparelho completo garantindo que a sucessora da Xbox 360 não fosse apenas mais uma consola de jogos. O resultado acaba por ser o desejado centro multimédia, mesmo que muita gente a veja só como uma consola de jogos. Até naqueles dias sem jogos ou sem apetite para jogar, vão acabar por interagir com a Xbox One, nem que seja para ver televisão. No fundo é um elemento de unificação. Mesmo se ignorarem todas as funcionalidades extra-jogos, irão reconhecer que tê-las à nossa disposição é uma mais-valia. Não obstante, como todas as outras novas consolas, ainda existe um longo caminho a percorrer…

  • MarcaMicrosoft
  • ModeloXbox One
  • Lançamento05/09/2014
  • Plataformas
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Instalar os jogos na íntegra
  • Fraca usabilidade da Dashboard
  • Comando a pilhas
  • Conector proprietário para ligar o headset

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